Internacional

Mulher que acusa Kavanaugh de abuso sexual alvo de “ameaças de morte e assédio”

Brett Kavanaugh, 53 anos, tem agora de ser confirmado pelo Senado
Brett Kavanaugh, 53 anos, tem agora de ser confirmado pelo Senado
FOTO EPA

Christine Blasey Ford não irá testemunhar no Senado na segunda-feira, revelou a sua advogada, pretendendo antes disso uma investigação do FBI ao juiz Brett Kavanaugh. Desde que tornou o caso público, Ford viu-se forçada a tirar a família de casa, o seu email terá sido invadido e a sua identidade online roubada. Kavanaugh, o nome indicado pelo Presidente Trump para o Supremo Tribunal dos EUA, nega as acusações

Mulher que acusa Kavanaugh de abuso sexual alvo de “ameaças de morte e assédio”

Hélder Gomes

Jornalista

A mulher que acusa Brett Kavanaugh, o nome indicado pelo Presidente Trump para o Supremo Tribunal dos EUA, de a ter tentado violar, não vai testemunhar no Senado na próxima semana. A informação foi avançada pela advogada de Christine Blasey Ford à CNN na noite desta terça-feira.

Lisa Banks disse que a sua cliente está a receber “ameaças de morte e assédio” e que, antes de Ford ir ao Congresso, pretende uma investigação do FBI a Kavanaugh. O juiz, que classificou as alegações como “completamente falsas”, reuniu-se com funcionários da Casa Branca pelo segundo dia.

No domingo, a investigadora na área da psicologia, hoje com 51 anos, falou pela primeira vez sobre a alegada agressão sexual. Em entrevista ao jornal “The Washington Post”, Ford afirmou que Kavanaugh e um amigo, ambos alcoolizados, a encurralaram num quarto durante uma festa no início dos anos 1980. Segundo o relato, o agora juiz, de 53 anos, apalpou-a, tentou tirar-lhe a roupa e tapou-lhe a boca para que não gritasse. “Pensei que inadvertidamente me matasse”, disse ao jornal.

A sua advogada considerou ao canal de televisão ser “prematuro falar sobre uma audiência na segunda-feira porque ela [Ford] tem lidado com as ameaças, o assédio e a segurança da sua família e é nisso que tem estado concentrada nos últimos dias.” Desde que tornou o caso público no “Post”, Ford viu-se forçada a tirar a família de casa, o seu email foi invadido e a sua identidade online foi roubada, acrescentou Banks.

Adiar ou não o depoimento: democratas e republicanos dividem-se

O presidente da comissão de Justiça do Senado, Chuck Grassley, disse entretanto que não havia razão para adiar o depoimento de Ford, uma vez que o objetivo deste é estabelecer “o seu conhecimento pessoal e a memórias dos acontecimentos”. “Nada que o FBI ou qualquer outro investigador faça terá qualquer influência sobre o que Ford diz à comissão”, acrescentou.

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, revelou que apoia o pedido de uma investigação do FBI antes da audiência. Em comunicado, Schumer exortou os republicanos do Senado e a Casa Branca a deixarem de lado “a sua inexplicável oposição” e a permitirem que “todos os factos venham a público”.

“Sinto-me tão mal que ele esteja a passar por isto”, diz Trump sobre Kavanaugh

O Presidente dos EUA, Donald Trump, que não se terá reunido com Kavanaugh na terça-feira, expressou solidariedade com o seu candidato. “Sinto-me tão mal que ele esteja a passar por isto. Ele não é um homem que mereça isto”, disse numa conferência de imprensa.

Horas mais tarde, Trump escreveu no Twitter: “O Supremo Tribunal é uma das razões principais por que fui eleito Presidente. Espero que os eleitores republicanos e os outros estejam a ver e a estudar a cartilha dos democratas.”

Para o dia 6 de novembro estão agendadas as eleições intercalares, que vão determinar se se mantém a maioria republicana nas duas câmaras do Congresso dos EUA, a Câmara dos Representantes e o Senado, ou se os democratas ganham uma ou ambas a meio do primeiro mandato de Trump.

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