As Nações Unidas afirmam estar alarmadas com relatos de detenção em massa de uigures na China e pediram esta quinta-feira a libertação daqueles que foram detidos sob o “pretexto” de luta contra o terrorismo. O alerta surge depois de a ONU ter sido informada de que cerca de um milhão de pessoas daquela minoria muçulmana se encontra em campos de reeducação em Xinjiang.
As autoridades de Pequim reconhecem que alguns extremistas religiosos estão detidos, responsabilizando militantes islâmicos e separatistas pela instabilidade naquela região. Ao longo dos últimos anos, Xinjiang, que é oficialmente designada como uma região autónoma da China, tem conhecido episódios de violência intermitente, seguida de repressão.
No início do mês, membros do Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial, citando relatórios considerados credíveis, sugeriam que Pequim “transformou a região autónoma dos uigures em algo que se assemelha a um campo de concentração massivo”. Em resposta, a China garantiu que os uigures gozam de plenos direitos, confessando, no entanto, que “aqueles que foram iludidos pelo extremismo religioso serão sujeitos a realojamento e reeducação”.
Obrigados a jurar lealdade a Xi Jinping e a gritar slogans do Partido Comunista
Na quinta-feira, a agência da ONU divulgou as suas conclusões, criticando a “ampla definição de terrorismo e as referências vagas ao extremismo e a definição pouco clara de separatismo na legislação chinesa”.
A Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, entre outros grupos de defesa dos direitos humanos, apresentaram relatórios ao comité das Nações Unidas documentando alegações de prisões em massa em campos onde os presos são forçados a jurar lealdade ao Presidente da China, Xi Jinping.
O Congresso Mundial Uigure revelou, entretanto, que os detidos são mantidos indefinidamente sem acusação formal e obrigados a gritar slogans do Partido Comunista chinês. Num relatório, este órgão diz ainda que os presos são mal alimentados e que os relatos de tortura são generalizados.
Os uigures são uma minoria étnica muçulmana, estabelecida principalmente na região autónoma de Xinjiang, onde representam cerca de 45% da população.
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