Reality Winner, de 26 anos, funcionária da Agência de Segurança Nacional (NSA), presa já há dois anos por ter passado um relatório da agência à “The Intercept”, uma página de jornalismo de investigação, vai passar cinco anos e três meses na prisão.
O documento que Winner passou à publicação continha informação detalhada sobre tentativas, por parte dos russos, de interferir com as contas de correio electrónico de mais de 100 membros de várias comissões eleitorais locais dos Estados Unidos e de adulterar o software de máquinas de voto antes das eleições presidenciais, disseram à agência Reuters duas pessoas com conhecimento do caso.
A pena de Winner é a mais longa a ser aplicada a alguém por partilha de documentos oficiais com a comunicação social. Hoje sabe-se que as principais agências de investigação dos Estados Unidos - a CIA e o FBI - concordam que existiram mesmo tentativas de informáticos russos de interferir com as eleições norte-americanas, mas nenhum dos organismos confirmou qual a informação contida no relatório. Nos documentos publicados pela “The Intercept”, a data (5 de maio de 2016) que aparecia é coincidente com a data do relatório original.
No mesmo dia em que o relatório foi publicado, Winner foi presa. Só foi acusada de um crime federal: retenção e transmissão de material sensível para a segurança nacional, que acarreta uma pena máxima de 10 anos. “Não se enganem: este não foi um crime sem vítimas. A violação da segurança nacional colocou a nação em risco. Ela é um perfeito exemplo de uma ameaça que veio de dentro”, disse o advogado de acusação Bobby Christine, num comunicado.
Betsy Reed, uma das editoras da publicação, disse que Winner “deveria ser honrada” e que a sua prisão representava um ataque à liberdade de expressão e de imprensa. “Em vez de ser reconhecida como alguém que, em consciência, decidiu denunciar um relatório cuja publicação ajudou a proteger as eleições norte-americanas, Winner foi julgada pelo Departamento de Justiça sob a Lei da Espionagem”, disse Reed.
Os procuradores disseram que, num caderno com algumas notas escritas por Winner, estava a frase: “Quero queimar a Casa Branca”. Segundo a acusação, também foram encontrados os nomes de três extremistas islâmicos conhecidos das autoridades. Winner pediu desculpa pelos seus atos.
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