O governo tailandês quer supervisionar os filmes, documentários e vídeos que possam vir a ser realizados sobre o resgate dos 12 rapazes tailandeses e do seu treinador de futebol, que ficaram presos durante vários dias na gruta Tham Luang, no norte da Tailândia. Vira Rojpochanarat, ministro da Cultura tailandês, anunciou que vai propor na próxima semana a criação de um comité especial para esse efeito. Pelo menos cinco produtoras já mostraram interesse em fazer um filme ou um documentário sobre o desaparecimento das crianças e posterior resgate, e algumas delas até já estiveram no local a recolher informações, segundo confirmou o próprio ministro, citado pela agência AP.
Na sexta-feira, o vice-primeiro-ministro tailandês, Wissanu Krea-ngam, disse ter dado instruções ao Ministério do Desenvolvimento Social e da Segurança Humana para se certificar de que os rapazes e seus familiares não são incomodados durante o período de reabilitação. Isto porque se sabe que houve da parte de várias agências de notícias, na sua maioria estrangeiras, tentativas de aproximação às crianças, desrespeitando assim as ordens oficiais que foram dadas no sentido de não contactar os rapazes ou familiares seus durante pelo menos um mês para evitar stress psicológico. Wissanu Krea-ngam sublinhou que os rapazes estão protegidos pelas leis de proteção de crianças e de proteção de informação e ameaçou processar os meios de comunicação que as desrespeitem.
O Governo tailandês já tem um departamento que regula a produção de filmes realizados na Tailândia por produtoras internacionais, revendo argumentos e emitindo licenças para filmagens. O ministro da Cultura explicou, contudo, que o comité a ser criado terá como funções supervisionar o conteúdo, licenciamento e a proteção da privacidade das crianças resgatadas e respetivas famílias. Além das cinco produtoras internacionais, vários produtores tailandeses também já mostraram interesse em realizar filmes ou documentários sobre o resgate.
As 12 crianças tailandesas e o seu treinador de futebol tiveram alta hospitalar na passada quarta-feira e, numa conferência de imprensa no mesmo dia, explicaram que foi “decisão do grupo” entrar na gruta e escavaram um túnel na rocha para tentar sair da gruta, usando pedras e revezando-se por turnos “para não desperdiçar energia”. O ministro tailandês disse ainda que os rapazes têm o direito de assinar os contratos que pretenderem com produtoras e que o comité limitar-se-á a supervisionar, “não a procurar benefícios para si próprio”.
Foram já encomendados vários murais e esculturas sobre o resgate das 12 crianças. Muitas delas pretendem homenagear Saman Gunan, o antigo militar da Marinha tailandesa que morreu na gruta por falta de oxigénio durante as operações de salvamento.
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