Uma greve geral de 24 horas está a paralisar uma boa parte da Nicarágua, com registo de protestos violentos esta quinta-feira, que fizeram pelo menos três mortos. Os manifestantes exigem a demissão do Presidente Daniel Ortega desde que em abril o Governo impôs cortes nos programas de reforma e Segurança Social.
O Presidente acabaria rapidamente por recuar nos cortes, mas os protestos exigem desde então a queda do Governo. Os mais recentes confrontos elevam para cerca de 160 o número de mortos em dois meses no país.
Na capital, Manágua, elementos da polícia de choque patrulham as principais ruas, onde lojas, postos de gasolina e supermercados se encontravam fechados devido à greve geral. Noutras cidades, há registo de confrontos entre manifestantes e forças da autoridade.
Para esta sexta-feira estão previstas novas negociações entre o Governo e as forças da oposição para tentar encontrar uma solução para a crise.
Execuções extrajudiciais
No final de maio, a Amnistia Internacional acusou o Governo da Nicarágua de conluio com grupos paramilitares para reprimir as manifestações contra o Presidente Daniel Ortega. Num relatório, a Amnistia referia que os grupos usaram armas semiautomáticas e coordenaram os ataques com as forças de segurança.
A possibilidade de execuções extrajudiciais já tinha sido levantada num relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão independente da Organização dos Estados Americanos. Mas o relatório da Amnistia foi mais longe ao sugerir que a estratégia de repressão mortal foi levada a cabo com o conhecimento do Presidente Ortega.
No início de maio, a CIDH visitou a Nicarágua e concluiu que houve graves violações dos direitos humanos durante os protestos, caracterizadas pelo uso excessivo da força pelos agentes de segurança do Estado e por terceiros armados.
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