Todas as mesquitas na China deverão içar uma bandeira do país e “estudar a Constituição, os valores socialistas e a cultura tradicional” chinesa, segundo uma diretriz das autoridades islâmicas chinesas, ligadas ao Partido Comunista, que está no poder.
A norma foi divulgada este fim de semana pela Associação Islâmica da China, noticiou o jornal oficial “Global Times”.
A China é um país que se diz oficialmente ateu, mas onde existem confissões religiosas, apesar de nem sempre ser fácil os crentes exercerem o direito ao culto e outras manifestações religiosas; de acordo com os dados do “The World FactBook” da CIA, 18,2% dos chineses são budistas, 5,1% cristãos e 1,8% muçulmanos. Estima-se que existam 23 milhões de muçulmanos na China, numa população de 1.400 milhões de pessoas.
Pequim tem procurado banir ou controlar várias manifestações muçulmanas, como jejuar durante o mês do Ramadão ou usar a barba longa, com o argumento de serem símbolos do “extremismo islâmico”.
Jejuar no Ramadão é sinal de fundamentalismo
Várias mesquitas na região de Ningxia (no noroeste da China e a única onde a maioria da população é islâmica) começaram já a aplicar a diretiva de hastear a bandeira da China. Segundo especialistas citados pelo “Global Times”, a iniciativa visa "assimilar a religião na sociedade socialista".
A diretriz surge depois de a agência noticiosa Associated Press ter reportado a criação de centros de doutrinação política para muçulmanos, que obriga os detidos a comer carne de porco ou beber álcool.
Estes centros estão concentrados na região do Xinjiang, também no noroeste da China, palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, que causaram 156 mortos e mais de mil feridos.
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, as autoridades chinesas estão também a impor a famílias no noroeste do país que recebam funcionários públicos em suas casas. Os funcionários estão encarregues de recolher e atualizar informação sobre as famílias, incluindo religião ou opiniões políticas, e reportar e "corrigir problemas" ou "situações inusuais".
Os funcionários fazem ainda doutrinação política, incluindo promover o "Pensamento de Xi Jinping [o Presidente chinês]" e advertir contra os perigos do "pan-islamismo", e outras ideologias que o Governo considera uma ameaça.
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