Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela, vai proibir alguns dos principais partidos da oposição de participarem nas eleições presidenciais de 2018 e que apenas aqueles que participaram nas eleições municipais do passado domingo terão lugar em boletins futuros.
Assim o determinou a Assembleia Constituinte, um órgão soberano instaurado por Maduro contra a vontade da oposição em agosto passado e que de facto substituiu o Parlamento, onde a aposição era maioritária. "Partido que não tenha participado hoje e que tenha instado ao boicote das eleições não pode participar mais nelas. É essa a decisão dos membros da Assembleia Nacional Constituinte e eu apoio-os", disse Maduro ao lado de Delcy Rodríguez, presidente da Constituinte. Já Diosdado Cabello, um dos mais poderosos homens de Maduro, acrescentou que "os partidos não podem pedir a abstenção porque isso vai contra a sua razão de ser".
Três dos maiores partidos da oposição - Justiça Primeiro, Vontade Popular e Ação Democrática - decidiram não participar na eleição de domingo por considerarem o sistema eleitoral em vigor na Venezuela um sistema corrupto e enviesado, que favorece os socialistas de Maduro. A oposição acusa o governo de roubar votos não só literalmente como também através, por exemplo, da não-colocação de urnas nos bairros conhecidos pela sua concentração de oposicionistas. Dado o colapso económico do país, Maduro é também acusado de utilizar a escassez de alimentos para "comprar" votos, oferecendo senhas de comida aos seus apoiantes. Maduro, por outro lado, diz que o sistema é perfeitamente fidedigno e que a solução, se não for o voto, só pode ser a guerra, coisa que ele acusa a oposição de querer encetar.
O partido socialista de Maduro anunciou uma "vitória esmagadora" no domingo, tendo conquistado 41 das 42 câmaras municipais, de acordo com os primeiros resultados divulgados pela agência Associated Press. A mesma notícia nota, contudo, que a abstenção ultrapassou os 50% e que poucas pessoas foram vistas a votar mesmo nas principais cidades.
As eleições acontecem num dos piores momentos da história recente da Venezuela, em que a inflação impossibilita que a maioria dos venezuelanos adquiram até os elementos mais básicos para a sua alimentação e em que a escassez de medicamentos tem causado um ressurgimento de doenças há muito erradicadas. As principais figuras da oposição continuam afastadas à força da arena política e os protestos que ocuparam a capital, Caracas, durante o último verão fizeram pelos menos 120 mortos.
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