Angelina Jolie afirmou esta quarta-feira que a violência sexual está a ser usada como um arma de guerra em países como o Camboja e o Bangladesh, apelando à aplicação de mais sanções contra os agressores.
“É uma violação e um assalto que tem como objetivo torturar, aterrorizar, forçar as pessoas a deslocarem-se e humilhá-las. Não tem nada a ver com sexo. Tem tudo a ver com abuso de poder e é um comportamento criminoso”, declarou a atriz norte-americana num discurso em Vancouver, na conferência de ministros da Defesa sobre as missões de paz das Nações Unidas (ONU).
A atriz e ativista norte-americana sublinhou que a agressão sexual é uma arma “mais barata do que uma bala, e tem consequências duradouras que se desdobram com uma previsibilidade doentia que a torna tão cruel”, constituindo ainda um obstáculo para as mulheres alcançarem a igualdade e o respeito pelos Direitos Humanos.
Segundo Angelina Jolie, é fundamental que os negociadores de paz dos conflitos internacionais assumam um papel central na prevenção e punição da violência sexual. “Ainda que aceitemos que a violência sexual não tem nada a ver com sexo, que é um crime, e que é usado como um arma, muitas pessoas continuam a acreditar que é simplesmente impossível fazer alguma coisa em relação a isso.”
A atriz admitiu que é uma tarefa difícil, mas não é impossível. “Nós temos as leis, as instituições e a experiência na obtenção de provas. Estamos aptos a identificar os agressores. O que está a faltar é vontade política”, insistiu.
As vítimas, segundo Jolie mais do que sobreviventes, são “heroínas” que lutam todos os dias pela sua vida e dignidade e lembrou os abusos causados a mulheres refugiadas rohingyas em Myanmar (antiga Birmânia) e na República Democrática do Congo, considerada a “capital mundial das violações”.
Escândalos de assédio sexual em Hollywood
Durante o seu discurso, a atriz que assumiu o papel de enviada especial da Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lembrou que a violência sexual é um problema transversal, que atinge a “indústria do cinema, as empresas, as universidades ou o sector militar em todo o mundo.”
“Muitas vezes, esses tipos de crimes contra as mulheres são rejeitados, representados como uma ofensa menor por alguém que não se consegue controlar, como uma doença ou como algum tipo de necessidade sexual exagerada. Mas um homem que maltrata as mulheres não é exagerado. Ele é abusivo”, concluiu.
Numa altura em que Hollywood enfrenta várias acusações de assédio sexual, Angelina Jolie admitiu também ter sido vítima deste tipo de crime. Em entrevista ao “New YorK Times”, a atriz confessou que recusou trabalhar com Harvey Weinstein, após ter tido uma má experiência com o produtor.
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