A greve geral convocada para esta terça-feira, depois da consulta popular de domingo, ameaça paralisar várias partes da Catalunha. O protesto acontece numa altura em que o Governo central espanhol continua a rejeitar as acusações de “graves violações de direitos e liberdades” tecidas por sindicatos e associações civis no rescaldo do referendo, que Madrid tentou travar ao destacar milhares de agentes da polícia para as ruas de Barcelona e de outras cidades. À bastonada e com disparos de balas de borracha, os agentes tentaram impedir os catalães de votar.
Dos mais de 2,2 milhões de eleitores da região que conseguiram depositar os seus votos nas urnas (cerca de 42% do total de catalães), 90% votaram pela independência. Esta terça-feira, a população reage às cargas policiais que provocaram pelo menos 800 de feridos através de uma greve que deverá afetar o sector dos transportes, as escolas e os hospitais da região.
O Barça, a mais famosa equipa de futebol da Catalunha e uma das mais populares do mundo, anunciou que também vai aderir à paralisação, embora não tenha qualquer jogo agendado para hoje. O Museu de Arte Contemporânea e as universidades públicas da capital catalã também vão participar na greve.
Carles Puigdemont, chefe da Generalitat, voltou a pedir ontem a Mariano Rajoy que abra espaço de diálogo para se alcançar um acordo sobre o futuro da Catalunha e de toda a Espanha. O presidente do Governo central espanhol mantém o finca-pé e continua a ameaçar suspender a autonomia da região mais rica do país — isto depois de ter declarado que a votação de domingo fez “escárnio” da democracia e que os catalães foram levados ao engano ao serem convencidos a participar na votação ilegal.
Na segunda-feira ao final do dia, o líder espanhol encontrou-se com Pedro Sánchez, chefe do Partido Socialista, o maior da oposição, e com Albert Rivera, secretário-geral do centrista Cidadãos, para debater os próximos passos. Sánchez pediu a Rajoy que se sente à mesa de negociações com o presidente do governo catalão “de imediato”; Rivera, pelo contrário, defendeu que Madrid deve invocar o artigo 155.º da Constituição, para efetivar a suspensão dos poderes autonómicos da Catalunha.
Entretanto, Puigdemont pediu à comunidade internacional que ajude a mediar o conflito. Contudo, a Comissão Europeia já sublinhou que esta crise é “um assunto interno” de Espanha que deve ser gerido exclusivamente pelo país em linha com a ordem constitucional.
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