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“No tinc por!” Catalães gritam que não têm medo em manifestação contra o terrorismo

“No tinc por!” Catalães gritam que não têm medo em manifestação contra o terrorismo
SERGIO PEREZ / Reuters

Sob um sol abrasador e após um minuto em silêncio absoluto, apenas interrompido pelo som das asas dos pombos que sobrevoavam a Praça da Catalunha, milhares de pessoas manifestaram a sua solidariedade para com as vítimas do ataque terrorista da véspera, ali ao lado, nas Ramblas, e a sua determinação em não deixar que o atentado mude a sua forma de viver

Milhares de pessoas estiveram esta manhã mais de 10 minutos concentradas na Praça da Catalunha, no centro de Barcelona, a gritar "não tenho medo" em catalão e a bater palmas, após o minuto de silêncio em homenagem as vitimas do atentado de quinta-feira.

Sob um sol abrasador e após um minuto em silêncio absoluto, apenas interrompido pelo som das asas dos pombos que sobrevoavam a zona, milhares de pessoas manifestaram assim a sua solidariedade e a sua determinação em não deixar que o atentado mude a sua forma de viver.

"Não teremos medo, façam o que fizerem. Assim se mostra que não poderão connosco. Eles são poucos comparados connosco", disse à Lusa António Gomez, um catalão de 51 anos que empunhava um cartaz a garantir que o medo não vencerá.

Para o ativista, que diz lutar contra as injustiças como 'hobbie', Barcelona não se deixará abater pelo medo. "Barcelona é forte. Hoje está triste, mas amanhã estará alegre".

Durante os minutos em que durou a homenagem de hoje na Praça da Catalunha, que começou às 12h locais (11hy em Lisboa) com um minuto de silêncio presidido pelo rei e pelo presidente do Governo espanhol, os milhares de pessoas que enchiam aquela monumental praça iam alternando entre silêncio total, aplausos, palmas ritmadas e gritos de 'No tinc por!'" (Não tenho medo! em catalão).

A harmonia foi apenas interrompida momentaneamente quando uma mulher agitou uma bandeira de Espanha, motivando assobios numa altura em que a Catalunha discute a realização de mais um referendo pela independência. "Não é momento para isto. Tão tonta é ela como os que a assobiaram. Hoje é dia de homenagear as vítimas", disse António Gomez.

Quando a multidão começou a desmobilizar, um grupo de seis homens permaneceu firme no meio da praça, a empunhar folhas A4 com as mensagens "Amor para todos, ódio para ninguém" e "Unidos contra o terrorismo".

À Lusa, um deles, Tarik Ata, explicou tratar-se de uma iniciativa da Comunidade Muçulmana Ahmadia, que está em todo o mundo, e desde 1946 em Espanha e que trabalha para dar a conhecer os ensinamentos do islão.

"Condenamos todo o tipo de terrorismo, especialmente se cometido em nome do Islão", disse o representante, recordando que a sua religião é pacífica e que "o conceito de guerra santa nem sequer existe no islão".

"Somos todos humanos, somos todos iguais", afirmou.

Treze pessoas morreram e cerca de uma centena ficou ferida num atentado terrorista em Barcelona, na tarde de quinta-feira, quando uma furgoneta galgou um passeio e atropelou dezenas de pessoas, nas Ramblas, no centro da cidade. Entre as vítimas mortais está uma portuguesa, disse fonte do Governo português.

Existe ainda uma outra portuguesa desaparecida.

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