Num ambiente bastante dividido, os Tucanos, nome pelo são conhecidos os militantes do PSDB, discutem esta tarde se vão manter o apoio a Michel Temer no Congresso Nacional. Desde que foram conhecidas as gravações do empresário Joesley Batista, são várias as vozes entre a base aliada do governo que insistem em abandonar o barco. “Na Câmara dos Deputados, há os que querem sair imediatamente e os que querem aguardar. O mais importante é a responsabilidade com a questão económica” , explicou ao site G1, o líder de bancada do PSDB, Ricardo Tripoli. O líder de bancada admitiu que se não houver convergência pela saída ou permanência no Governo, a questão poderá ser decidida por votação. A denúncia da JBS levou já à demissão de ministros do governo e há pouco mais de duas semanas quatro partidos aliados anunciaram que passavam para a oposição. Desde daí que Temer deixou de contar com pelo menos 66 deputados do Partido Socialista, do Partido Popular Socialista, do Partido Trabalhista Nacional e do Partido Humanista da Solidariedade.
Um dos principais apoios de Michel Temer no PSDB é Aécio Neves acusado de corrupção e investigado pela Procuradoria-Geral da República no caso da JBS. Com o mandato de senador suspenso pelo STF, com a irmã e o primo presos e obrigado a demitir-se da liderança do PSDB, Aécio é dos mais fiéis defensores de Temer. Ao candidato derrotado por Dilma nas presidenciais de 2014, juntam-se à defesa de Temer também o prefeito e o governador de São Paulo, João Doria e Geraldo Alckmin. Temer pediu mesmo expressamente o apoio dos governantes paulistas, segundo noticia o “O Estado de São Paulo” que puxa para manchete: “Governo apela a Doria e a Alckmin para manter PSDB”. Um pedido de socorro que é espelhado também na primeira página do “Globo”: “Aécio e Alckmin pressionam PSDB a ficar no governo”.
Para muito analistas, o facto de apesar de dois anos de desgaste da Lava Jato, o ex-presidente Lula da Silva reunir 30% nas intenções de votos nas presidenciais de 2018, não é alheio a este toque a reunir dos “barões” tucanos. Mais, a eventual substituição de Temer pelo presidente da câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), poderia dificultar a vida aos únicos presidenciáveis do PSDB – Doria e Alckmin – dado que Aécio Neves corre o risco de ver confirmada a sua prisão a a qualquer momento e que o ex-MNE, José Serra abandonou o Governo por motivos de saúde.
Temer desafia PGR
Depois de ter escapado por 4 votos a favor contra 3 de ser destituído pela justiça Eleitoral, Michel Temer insiste em desafiar a Procuradoria Geral da República e o próprio Supremo Tribunal Federal. O presidente brasileiro não respondeu às 82 perguntas colocadas pela Polícia Federal e o prazo de 24 horas decidido pelo juiz do Supremo Tribunal, Edson Fachin terminou na passada sexta-feira. Temer diz que o PGR, Rodrigo Janot, está a investigá-lo por questões políticas e elegeu agora Fachin, o relator da Lava Jato no Supremo, como principal inimigo. Uma reportagem publicada pela revista "Veja" diz que Temer mobilizou os serviços secretos para investigarem Edson Fachin. O Palácio do Planalto apressou-se a desmentir que Temer tenha pedido à ABIN para investigar o juiz que autorizou que o presidente esteja a ser investigado por corrupção, obstrução à justiça e associação criminosa.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hmartins@expresso.impresa.pt