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Odebrecht colabora com a justiça e provas contra Lula ficam com o Supremo

Executivos da Odebrecht são escoltados à saída da Polícia Federal em S. Paulo ao serem transferidos para Curitiba
Executivos da Odebrecht são escoltados à saída da Polícia Federal em S. Paulo ao serem transferidos para Curitiba
ADRIANO MACHADO / REUTERS

A confusão no Brasil ainda vai durar. Ao mesmo tempo que Marcelo Odebrecht decide ter uma "colaboração definitiva" com a justiça, as provas da alegada implicação de Dilma Rousseff e de Lula da Silva na Operação Lava Jato ficam na posse do Supremo Tribunal Federal

Odebrecht colabora com a justiça e provas contra Lula ficam com o Supremo

Cristina Peres

Jornalista de Internacional

Marcelo Odebrecht está no centro da Operação Lava Jato desde que, nesta terça-feira, fez um acordo de delação premiada com a justiça. Quer dizer, colaboração em troca de atenuantes. Não foi só ele aliás, uma vez que todos os executivos ligados à Odebrechet e investigados naquela operação vão colaborar com a justiça.

Com uma pena de perto de 20 anos ditada pelo juiz federal Sergio Moro, Marcelo Odebrecht, o "maior empreiteiro do Brasil e herdeiro do Grupo Odebrecht", como o descreve a revista Veja, está já a colaborar a fundo nas investigações que analisam o esquema de corrupção na empresa petrolífera brasileira, a Petrobras.

Além de Marcelo, o conglomerado Odebrecht aceitou igualmente celebrar um "acordo de leniência ", ou seja, o equivalente para as empresas à delação premiada. O que o grupo empresarial pretende é conseguir não ser banido de contratos futuros com a administração pública, pagando para isso ainda uma multa multimilionária.

Segundo o jornal "O Globo", algumas das provas de subornos da Odebrecht em troca de contratos com o poder público datam dos anos 80, quando ainda eram escritas à mão. Apesar de se referirem a crimes já prescritos, testemunham a longevidade da prática de suborno.

Moro é posto à margem

Entretanto, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) mandou o juiz Sergio Moro enviar as investigações contra Lula da Silva àquele tribunal. A decisão não anula a suspensão da nomeação do ex-Presidente para a Casa Civil concedida pelo ministro Gilmar Mendes. Teori Zavascki determinou que o magistrado deverá enviar ao tribunal os registos audio do ex-Presidente que foram intercetados e que vão ficar sob sigilo no gabinete do ministro. Dali seguirão para a Procuradoria-Geral da República. Como explica o "Estadão", o procurador-geral, Rodrigo Janot, é quem deverá solicitar a abertura da investigação, caso haja "indícios de prática de crime pela Presidente Dilma Rousseff ou outras autoridades presentes nas conversas gravadas".

A decisão provocou reações como esta: "Teori faz sempre os serviços sujos ao PT [Partido dos Trabalhadores]", lia-se num comentário a esta notícia daquele diário de S. Paulo. A determinação do ministro impede Sérgio Moro de prosseguir as investigações relacionadas com Lula da Silva, as quais deverão ser determinadas pelo STF.

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