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Lula foi “um dos principais beneficiários” dos desvios da Petrobras, diz Procuradoria

Agentes da Polícia Federal junto ao Instituto Lula, esta manhã
Agentes da Polícia Federal junto ao Instituto Lula, esta manhã
STRINGER/REUTERS

Em causa estão vários indícios como obras num apartamento de luxo, em Guarujá, a compra de propriedades rurais em nome de terceiros, em Atibaia, bem como doações e palestras

Lula foi “um dos principais beneficiários” dos desvios da Petrobras, diz Procuradoria

Mafalda Ganhão

Jornalista

Lula da Silva foi “um dos principais beneficiários” de crimes cometidos no âmbito do caso Petrobras, diz sem qualquer reserva o comunicado emitido esta sexta-feira pela Procuradoria brasileira, acrescentando a nota que há “evidências” de que o ex-Presidente recebeu valores do esquema estatal sob investigação através de reformas de luxo num apartamento tríplex, em Guarujá, da compra de propriedades, em nome de terceiros, em Atibaia, e também através de doações e palestras.

No dia em que a Operação Lava Jato chega à sua 24.ª fase - batizada Aletheia, numa alusão à expressão grega que significa “busca da verdade” - e em que Lula da Silva foi levado de sua casa, na grande São Paulo, para ser ouvido pelas autoridades, o comunicado do Ministério Público Federal brasileiro sublinha que ao longo das etapas anteriores do processo, “avolumaram-se” as evidências de enriquecimento de funcionários da Petrobras, operadores e partidos políticos.

Em relação ao ex-Presidente, escreve o jornal “Folha de São Paulo”, está ainda sob suspeita um valor de 1,3 milhões de reais (perto de 238 mil euros), verba que a empreiteira OAS pagou a uma empresa contratada para armazenar artigos de Lula, obtidos durante o seu período na presidência, apesar de na fatura serem mencionados como bens da própria OAS.

Manifestações contra e a favor de Lula

Alvo de um mandado de condução coerciva (quando o investigado é obrigado a depor, saindo depois em liberdade), a detenção de Lula da Silva foi violentamente contestada pelo Instituto Lula, alvo também da ação da Polícia Federal.

“A violência praticada hoje (4/3) contra o ex-Presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-Presidente, é uma agressão ao Estado de direito que atinge toda a sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal”, acusa a instituição, em comunicado, divulgado pelos media.

Em frente à casa de Lula, desde o início da manhã, tem havido registo de discussões e mesmo confrontos, envolvendos apoiantes e manifestantes contra o antigo Presidente. Também no aeroporto de Congonhas, para onde Lula da Silva foi levado levado para para prestar depoimento, na base da Polícia Federal no local, centenas de cidadãos juntaram-se para protestar contra o antigo Presidente. Entre as palavras de ordem gritadas podia ouvir-se “Nossa bandeira jamais será vermelha”, slogan que ficou sem resposta durante mais de uma hora, até à chegada ao aeroporto de militantes do PT, entoando palavras de apoio como “Lula, guerreiro do povo brasileiro”. A ameaça de confusão levou a que a Polícia Militar separasse os dois grupos.

A operação Lava Jato começou em março de 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Esta sexta-feira, a Polícia Federal cumpriu também mandados de busca e apreensão na casa do ex-Presidente, na casa e empresa dos seus filhos e na quinta que era frequentada regularmente por Lula da Silva, em Atibaia.

Ao todo, foram emitidos 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coerciva.

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