É um escândalo ainda sem fim à vista, cujas proporções fazem tremer financeiramente o Grupo Volkswagen, prometendo fazer vítimas pelo caminho e ensombrar de forma grave a imagem da empresa gigante do setor automóvel.
Num par de dias, desde que a Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA) dos Estados Unidos acusou a marca de falsear os dados relativos ao desempenho dos motores diesel de vários dos seus veículos vendidos no mercado norte-americano - foi na sexta-feira - as ondas de choque não se fizeram esperar.
Algumas a Bolsa avalia. À custa da denúncia, o grupo alemão já perdeu mais de 27 mil milhões de euros, cerca de um-terço do seu valor, segundo dados da Reuters. É o equivalente a mais de metade do índice português PSI-20.
Mas se o impacto económico é grande, com a empresa a arriscar ainda uma multa que pode alcançar 18 mil milhões de dólares (cerca de 15,9 mil milhões de euros), fora as consequências que o caso possa trazer no volume de vendas futuro; a dimensão ética e até política do caso ficou à vista, pelas reações que motivou.
Além do “mea culpa” a que a empresa se viu forçada, vários Governos pronunciaram-se para exigir a abertura de investigações nos seus países e até a chanceler Angela Merkel não teve escapatória e pediu publicamente “transparência total” no apuramento de responsabilidades.
A manipulação dos dados de emissões poluentes efetuada nos EUA é um assunto muito sério. Não pode ser explicada com palavras bonitas. A verdade, conforme admitiu a Volkswagen, é que o fabricante instalou deliberadamente em 11 milhões de veículos um software com o intuito de disfarçar níveis de poluentes até 40 vezes acima do permitido.
No domingo, o presidente do grupo, Martin Winterkorn, disse o que já se sabia: sim, a empresa falseou os dados. Disse estar "profundamente arrependido" por ter quebrado a confiança do público e garantiu que as vendas dos modelos de carros envolvidos foram suspensas. Mas a marca não especificou quantos modelos estarão afetados pela decisão. (sabe-se que alguns dos veículos que incluem este motor são, por exemplo, o Golf, Jetta, Beetle da Volkswagen e o Audi A3), nem avançou mais esclarecimentos.
Numa nova mensagem de desculpas e intenso remorso, Winterkorn prometeu esta terça-feira “uma investigação transparente e rápida”, ao mesmo tempo que se fazem apostas sobre quantos dias mais resistirá ele no cargo de presidente.
Matthias Mueller, que lidera a Porsche, é o nome apontado para a sucessão, com os media alemães a dizer que esta pode acontecer já na próxima sexta-feira.
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