Apesar do anúncio oficial por parte da Malásia de que o destroço encontrado na ilha Reunião, no oceano Índico, pertence ao avião desaparecido da Malaysia Airlines, nem França nem Austrália - que participam nas operações de busca - confirmam isso.
Esta quinta-feira, o ministro dos Transportes malaio Liow Tiong voltou a aumentar a ansiedade entre os familiares dos passageiros, ao declarar que foram localizados mais fragmentos, incluindo vidros de janelas e almofadas de assentos, mas as autoridades gaulesas não corroboram essa informação.
Uma equipa francesa decidiu esta sexta-feira alargar as buscas por via aérea, marítima e terrestre ao largo da ilha da Reunião, com vista a encontrar novos possíveis fragmentos e ajudar a dissipar as dúvidas.
“A França está a cumprir plenamente o seu papel nesta operação internacional, disponibilizando todos os meios necessários para ajudar a trazer à luz esta tragédia", refere o governo gaulês, em comunicado. O ministro da Defesa francês Jean-Yves Le Drian assegura que o seu país está a disponibilizar todos os meios de forma a acelerar a investigação.
Entretanto, os peritos continuam a analisar em Toulouse a peça do avião encontrada na ilha Reunião. Tal como defendeu esta quarta-feira o procurador francês Serge Mackowiak, existe uma “elevada probabilidade” desse destroço pertencer ao avião malaio, mas é vital a realização de mais testes antes da confirmação oficial.
A posição das autoridades malaias mudou desde que o avião do voo MH370 desapareceu a 8 de março de 2014, pouco depois de partir de Kuala Lumpur com destino a Pequim. Se antes eram acusados de omitirem informações e de prestarem declarações imprecisas, o cansaço parece dar sinais e o governo malaio pretende agora querer pôr um ponto final neste enigma.
O primeiro-ministro Najib Razak anunciou na quarta-feira que o destroço encontrado pertence ao avião desaparecido, mas o seu homólogo australiano Tony Abbott proferiu declarações mais cautelosas, limitando-se a afirmar que o “mistério desconcertante parece estar a chegar ao fim.”
Por seu turno, os familiares dos passageiros continuam reticentes e exigem uma conclusão definitiva por parte das autoridades. Cerca de 30 pessoas realizaram esta sexta-feira uma marcha até à Embaixada da Malásia, exigindo que os familiares das vítimas sejam levados ao local onde foi encontrado o destroço.
“Queremos ver pessoalmente a situação real e o que está a acontecer na ilha Reunião”, declarou Zhanzhong Lu, pai de um dos passageiros, citado pela AFP.
O governo malaio tem sido acusado de recusar reunir-se com as famílias das vítimas. “Eu não sei o que eles temem e o que tentam esconder”, disse Jiang Hui, mãe de outro passageiro.
Entretanto, o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros apelou ao governo da Malásia para acelerar a investigação, sem deixar de “salvaguardar os legitimos intereses e direitos dos familiares dos passageiros”.
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