Nervosismo: Tsipras assume a responsabilidade de dar “o grande não”, Bruxelas aguarda
Permanece a indefinição. O pingue-pongue continua, a solução não aparece - e Bruxelas diz que compreende o nervosismo dos Estados-membros
Permanece a indefinição. O pingue-pongue continua, a solução não aparece - e Bruxelas diz que compreende o nervosismo dos Estados-membros
Correspondente em Bruxelas
Jornalista
"O recém-eleito Governo grego irá suportar o custo de negociar este acordo", avançou esta quarta-feira Alexis Tsipras, primeiro-ministro helénico, aos jornalistas, em Atenas.
Com as conversações paradas e sem acordo técnico para ser apresentado no Eurogrupo, a perspetiva de um acordo está cada vez mais longe. Tsipras garante que o seu Governo estará à altura, no caso das negociações falharem: "Assumiremos a responsabilidade de dar 'o grande não' à continuação de políticas catastróficas para a Grécia".
Na manhã desta quarta-feira, na conferência de imprensa conjunta com o chanceler austríaco Werner Faymann, que está de visita a Atenas, Tsipras aproveitou também para falar da situação grega e disse não compreender a "obsessão" dos credores com mais cortes.
"Só temos uma opção e essa é a de encontrar uma solução que será aceite e ratificada pelo Governo e o Parlamento", declarou, reforçando a necessidade de um "compromisso que possa ser honrado".
Bruxelas à espera
Bruxelas, por seu lado, recusa que esteja a impor mais austeridade à Grécia e espera que Atenas proponha às instituições credoras - Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu - novas medidas que garantam as metas do excedente orçamental primário para para 2015 (1% do Produto Interno Bruto) e 2016 (2% do PIB).
“Estamos prontos para discutir outras medidas que as autoridades gregas indiquem”, disse esta quarta-feira o vice-presidente da Comissão Valdis Dombrovskis, referindo-se a medidas alternativas ao aumento do IVA na eletricidade ou aos cortes nos complementos de solidariedade das reformas mais baixas, tal como tem rejeitado o governo grego.
Dombrovkis vai ainda mais longe e lembra que a despesa da Grécia com defesa é a segunda maior da UE em percentagem do PIB, dando a entender que as medidas ou cortes alternativos podem passar por esta área.
Segundo os credores, é o governo grego que tem de mostrar “vontade política” para dar o empurrão final às negociações. Atenas diz o mesmo das instituições.
No dia em que o Banco Central da Grécia alerta que a falta de um acordo com os credores oficiais pode conduzir o país ao incumprimento (dos compromissos financeiros) e à saída da zona euro, a Comissão volta a dizer que o objetivo é manter a Grécia na moeda única.
"A nossa análise mostra que o melhor cenário é a assegurar a conclusão com sucesso do programa, quer para a Grécia, quer para as economias do euro", disse Valdis Dombrovskis recusando entrar em especulações sobre uma Grexit (saída da Grécia do euro).
O vice-presidente disse que compreende, no entanto, que os Estados-membros "estejam nervosos" com o impasse e a falta de acordo quando faltam 13 dias para o fim da extensão do resgate. "Há claro discussões sobre cenários menos favoráveis, mas, definitivamente esse não é o nosso objetivo nem estamos focados nisso."
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