A crise demográfica e o envelhecimento da população são fortes obstáculos ao crescimento económico e à poupança. Precisamos trabalhar melhor, poupar mais e abrir as portas à imigração. Estas foram algumas das ideias debatidas na webtalk – inserida num projeto do Expresso em parceria com o BPI, sobre a poupança e a reforma em Portugal – desta manhã, dia 2 de março, num debate que contou com o ex-ministro, Augusto Mateus, o cronista e escritor, Henrique Raposo, e Luís Alvarenga, gestor do BPI Gestão de Ativos. Estas foram as principais conclusões:
Demografia
Estamos a perder população: nos próximos 50 anos, o número vai cair dos atuais 10,3 milhões para 8,2 milhões de pessoas. “As economias, perante o inverno demográfico, crescem pouco. Precisamos de articular Portugal com a Europa e o mundo. Temos de conquistar dinamismo demográfico”, disse Augusto Mateus. Para tal, “eventualmente com a ajuda da imigração”, será necessário resolver o problema das pessoas que querem trabalhar e não conseguem, e das empresas que procuram contratar mão de obra sem sucesso, concluiu o ex-ministro.
“Para termos dinamismo demográfico, eventualmente teremos de ter mais imigração. Mas, para além da imigração, precisamos de mais eficiência e melhor produtividade”
Augusto Mateus, economista e ex-ministro
Imigração
É uma ideia consensual: a imigração pode ser um fator decisivo no crescimento económico do país. “Trata-se de uma questão fundamental como valor político e moral, e de interesse económico”, disse Henrique Raposo. “Sermos uma sociedade que recebe os outros é fundamental, quer em termos económicos como demográficos. Mas para isso precisamos de lhes dar um modo de vida.”
Empresas
Se a imigração pode funcionar como uma alavanca para o crescimento económico e melhoria do problema demográfico, será necessária uma forte articulação entre o mercado de trabalho e as pessoas que querem entrar. Ou seja: abrir as portas e encaminhar os novos trabalhadores para zonas onde o seu perfil seja mais necessário. “Um soldador é mais preciso em regiões como Aveiro ou Braga do que no sul do País”, disse Henrique Raposo. “Cerca de 60% do trabalho em Portugal faz parte das atividades com salários mais baixos na Europa”, acrescentou Augusto Mateus.
Produtividade
Portugal está na cauda da Europa no que respeita à produtividade, sendo um dos seis Estados-membros que gera menos riqueza por cada hora trabalhada. Será que precisamos de trabalhar mais? Augusto Mateus coloca a questão de outra forma: não se trata de trabalhar mais, mas melhor, não é abrir portas [à imigração], é convidar. “Abrir as portas sem convidar é totalmente diferente”, disse o ex-ministro.
771
- mil é o número de cidadãos estrangeiros em Portugal, quase o dobro de 2015. Mais de 109 mil obtiveram autorização de residência em 2021
Poupança
Durante a pandemia houve um crescimento exponencial da poupança em Portugal, em virtude do fecho da economia e da impossibilidade de consumo. Acumulámos €20 mil milhões, enquanto na Alemanha o número atingiu os €750 mil milhões. Tais valores serão provavelmente destinados ao consumo, embora os economistas aconselhem a sua aplicação em produtos financeiros associados à poupança. Exemplo: os fundos imobiliários de reabilitação urbana.
Veja (ou reveja) o debate AQUI
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt