Gonçalo quer democratizar a tecnologia para acelerar a transição energética
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Responsável de inovação na EDP Comercial, Gonçalo Saraiva tem procurado contribuir para criar soluções ao alcance de todos. Esta é uma das 20 personalidades portuguesas selecionadas pelo Expresso para integrar a lista daqueles que lideram a transição para um mundo mais verde. Acompanhe esta descoberta até dezembro com o projeto Líderes da Transição, do Expresso com apoio da EDP
A liberdade para a experimentação é condição essencial para gerar inovação, seja em que área ou em que parte do mundo for. Mas nem sempre as descobertas científicas e tecnológicas têm utilidade imediata e, ainda com menos frequência, são colocadas ao dispor da generalidade da população. Foi o que aconteceu com os painéis solares, cuja origem remonta ao século XIX, que só na última década se tornaram acessíveis a um maior número de pessoas e empresas. Gonçalo Saraiva é uma das figuras que procura contribuir para a democratização da transição energética por via da aposta na disrupção e, sobretudo, pela sua transferência para o mundo real.
“Temos de ter o nosso radar bem aberto para perceber o que está a acontecer e também, entre o que está a acontecer, o que é aplicável à nossa realidade”, explica o responsável por inovação na EDP Comercial, que identifica duas dimensões fundamentais deste processo. A primeira é manter os olhos bem abertos ao que se vai testando por esse mundo fora e procurar “antever o que esperamos que venha a acontecer cá” em Portugal.
“Tudo o que vão ser os produtos do amanhã estão a ser, hoje em dia, desenvolvidos e pensados por alguma startup”
A segunda é mais livre. “Há sempre uma inovação mais exploratória. O que tentamos fazer é articular de forma próxima com startups de todo o mundo, porque conseguimos ter tendências do que está a ser feito”, acrescenta. Esta proximidade à raiz da disrupção é crucial para manter a competitividade num mercado exigente, mas sobretudo para conseguir apoiar e promover a criação de ideias com potencial para transformar o planeta.
O objetivo da transição energética, acredita Gonçalo Saraiva, só será alcançado se todos tiverem capacidade para contribuir para o esforço global, mas para isso é imperioso que o cidadão comum tenha acesso às ferramentas que apoiem essa jornada. “Ainda este ano trouxemos para o mercado dois produtos que acho bastante interessantes”, destaca, referindo-se a um termoacumulador solar que “aproveita o restante de energia solar para aquecer água” e “uma solução de painéis solares para apartamentos”.
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DR
Apesar de estar no mercado energético há mais de três anos, Gonçalo Saraiva considera que tem ainda muito a aprender sobre este complexo tema da transição energética. “Não venho de um background de energia, trabalho neste sector há relativamente pouco tempo e noto que há coisas que, para mim, hoje já são óbvias, mas quando comecei não eram nada óbvias”, reconhece.
Esta consciência sobre a dificuldade em generalizar a literacia sobre a sustentabilidade e a energia leva-o a sugerir que todos procurem saber mais sobre esta realidade. “Às vezes, a forma como tentamos explicar as coisas podem não ser as mais fáceis de entender”, reforça. Por isso mesmo, é importante que os cidadãos se informem sobre as consequências e as mais-valias das decisões que tomam enquanto consumidores, quer seja quando pensam em tornar as suas casas mais verdes, quer seja quando compram um novo eletrodoméstico.
“É importante pensar no futuro [quando adquirimos um produto]. Será que há um plano para, daqui a uns anos, conseguir descartar este equipamento?”, exemplifica.
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D.R.
O primeiro passo é, como vimos, conhecer a realidade e os impactos das escolhas individuais. O segundo está diretamente ligado e prende-se com a tomada de uma atitude perante o imperativo da neutralidade carbónica, que se pode concretizar com a realização de obras em casa para a tornar mais eficiente ou até para comprar um automóvel de zero emissões. Mas há, porém, um entrave: a burocracia.
Se a maior dificuldade no investimento em eficiência costuma ser o custo, instrumentos como o Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, “matam essa dificuldade”. “Se estamos a falar de aumentar a acessibilidade deste tipo de soluções, a resposta tem, naturalmente, de passar por eliminar ou reduzir a barreira à entrada dos incentivos”, explica.
Em causa está o facto de um cidadão, quando decide avançar com o investimento, ser obrigado a avançar o dinheiro para mais tarde poder vir a ser parcialmente reembolsado pelo Estado. No entanto, quem não tenha capacidade financeira para adiantar o montante não conseguirá ser parte deste caminho. “Acho que isto [eliminar as barreiras no acesso aos apoios] poderia ajudar a massificar muitas das soluções”, assegura.
São académicos, empresários e ativistas com vontade de mudar o mundo para melhor, um passo de cada vez. O projeto Líderes da Transição, do Expresso com apoio da EDP, selecionou 20 personalidades portuguesas com percurso assinalável na jornada da sustentabilidade e vai partilhá-lo com os leitores até dezembro. Ao longo de 10 semanas, o Expresso publica as suas histórias, percursos e ambições para incentivar a transição para um futuro mais verde.