Andreia Fernandes é a líder da InnoEnergy em Portugal, uma entidade europeia que se dedica ao estímulo da disrupção na área da energia. Esta é uma das 20 personalidades portuguesas selecionadas pelo Expresso para integrar a lista daqueles que lideram a transição para um mundo mais verde. Acompanhe esta descoberta até dezembro com o projeto Líderes da Transição, do Expresso com apoio da EDP
Francisco de Almeida Fernandes
Jornalista
Não há transição para um mundo sustentável sem informação, mas também não será possível cumprir as metas internacionais sem o apoio da tecnologia e da ciência. Andreia Fernandes, líder da InnoEnergy em Portugal, acredita piamente na importância de capacitar as pessoas e as empresas para que possam ser, também elas, agentes da mudança. “Acredito que temos um modo de vida que impacta negativamente o planeta e as sociedades, e é preciso mudar. Eu estou disposta a agir”, garante em entrevista ao Expresso.
A empresa que representa é o braço armado do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, que tem como principal missão apoiar e alavancar a disrupção na União Europeia. “Trabalho diariamente com startups. Somos o maior investidor em inovação tecnológica em energia limpa do mundo”, explica esta engenheira mecânica de formação.
“No meu ponto de vista, a sustentabilidade e a maneira como as pessoas ficam empoderadas é elas próprias contribuírem e perceberem porque é que vão ter um painel solar em casa e o que podem ganhar com isso”
Mas mais do que criar novas formas de fazer velhas tarefas, seja em que sector for, é importante que a inovação seja posta ao serviço da economia e da sociedade – e Andreia Fernandes tem conseguido fazê-lo, ora através do trabalho próximo com municípios, ora com a indústria. Talvez por isso, por conhecer o que de melhor se faz em Portugal e na Europa, a diretora-geral da InnoEnergy se assuma “otimista” em relação ao estado do planeta no final desta década.
“Vejo 2030 com um mundo mais sustentável. O caminho é a sustentabilidade e acredito que vamos ter uma massificação da utilização de energias renováveis”, perspetiva, enquanto assinala o potencial do país na produção solar, eólica e hídrica. No entanto, reconhece que há desafios a superar para atingir os objetivos em matéria ambiental – nomeadamente no que respeita às pessoas e às empresas.
IDEIA MICRO | MAIS COMUNICAÇÃO SOBRE SUSTENTABILIDADE
Para Andreia Fernandes, empoderar os cidadãos passa por dar-lhes informação e ferramentas que permitam que tomem decisões social e ambientalmente mais conscientes. “As pessoas têm de perceber que pequenas ações podem, de facto, ter um impacto futuro muito grande”, assinala. É, por isso, essencial que as conversas sobre sustentabilidade sejam promovidas em todos os espaços da sociedade, mas também que organizações e o Estado sejam capazes de “mostrar, com exemplos práticos, o quanto podemos ganhar com uma pequena ação”.
Por outro lado, é apologista de que as escolhas com impacto positivo sejam recompensadas e não que as decisões menos informadas sejam penalizadas fiscalmente. “É não vermos a sustentabilidade como algo punitivo, em que vamos pagar impostos”, acrescenta.
IDEIA MACRO | SIMPLIFICAR APOIOS À SUSTENTABILIDADE
Um dos obstáculos que a líder da InnoEnergy identifica nesta jornada rumo a um futuro mais verde passa pela dificuldade que as pequenas e médias empresas (PME) têm na implementação de estratégias de sustentabilidade. “Acho que é necessário criarmos as condições para poderem criar e desenvolver a sua estratégia. Precisamos de um grande foco nas PME que são, de facto, grande parte do tecido empresarial”, afirma.
As políticas públicas e os incentivos financeiros devem privilegiar estas organizações, a que deve ser mostrada a mais-valia de adotar comportamentos ambientalmente mais responsáveis. “Vai ser muito difícil [alcançar o sucesso] se não incluirmos toda a gente”, conclui.
São académicos, empresários e ativistas com vontade de mudar o mundo para melhor, um passo de cada vez. O projeto Líderes da Transição, do Expresso com apoio da EDP, selecionou 20 personalidades portuguesas com percurso assinalável na jornada da sustentabilidade e vai partilhá-lo com os leitores até dezembro. Ao longo de 10 semanas, o Expresso publica as suas histórias, percursos e ambições para incentivar a transição para um futuro mais verde.
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