Seis representantes da geração de 90 participaram numa conversa moderada por Pedro Boucherrie Mendes, diretor de conteúdos digitais de entretenimento na SIC, e partilharam a sua visão do Portugal de hoje e como a ambição pode transformar o país
Matilde Fieschi
Seis representantes da geração de 90 participaram numa conversa moderada por Pedro Boucherrie Mendes, diretor de conteúdos digitais de entretenimento na SIC, e partilharam a sua visão do Portugal de hoje e como a ambição pode transformar o país
Matilde Fieschi
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São cidadãos do mundo, querem combater o conceito “pouco fundamentado” de que o clima e o sol “afetam a vontade de trabalhar” e na sua ambição para Portugal cabe visão e formas diferentes de riqueza. Seis representantes da geração de 90 protagonizaram, esta quarta-feira, 28 de maio, a segunda de cinco conversas do projeto “Ambição para Portugal”, da consultora KPMG, a que o Expresso se associa como media partner.
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Entre as primeiras memórias de “ser português” surgem o Euro 2004 e o Nobel de José Saramago, mas também as palavras de Pedro Passos Coelho, que os “mandava emigrar”, e os efeitos da crise de 2008 sentidos na pele. Sara Aguiar tinha 11 anos na altura. Hoje, com 28, vive na Suíça, e foi nesse momento que o seu futuro se começou a traçar. “Nessa altura já tinha mais noção do que era uma sociedade, da importância do salário que os meus pais recebiam. Senti que estávamos a passar por um problema que afetava a todos em conjunto”, diz.
A geração de 90 viu as fronteiras portuguesas desaparecer e fez disso oportunidade para estudar e trabalhar noutras terras. Anna Jorgensen, gestora e enóloga na adega Cortes de Cima, nasceu em Portugal. Filha de pai dinamarquês, e mãe da Califórnia, nos EUA, foi a bisavó açoreana que lhe deu as raízes lusas. Saiu de Portugal aos 14 anos, na altura da crise, e regressou mais tarde ao Alentejo. “Foi preciso sair de Portugal para perceber o que era Portugal. A crise marcou muito. Eu saí para a Dinamarca que, em 2008, dava condições muito diferentes. Foi sair para poder voltar.”, conta. Para Anna a ambição pode ser muita coisa, mas de nada serve quando caminha sozinha. “Ter ambição para mim não é suficiente. É preciso também ter visão”, acrescenta.
O debate foi moderado por Pedro Boucherie Mendes, diretor de conteúdos digitais de entretenimento na SIC, e contou com a participação de Maria Castello Branco, analista política e colunista do Expresso; Diana Duarte, jornalista e nómada digital; Martim Sousa Tavares, maestro; Sara Aguiar, co-líder do projeto Coletivo Matéria; Diogo Amorim, CEO da Gleba; e Anna Jorgensen, gestora e enóloga na adega Cortes de Cima.
Conheça as principais ideias e conclusões partilhadas neste debate:
Várias formas de ver a ambição
Martim Sousa Tavares considera que há um défice de ambição em Portugal e uma “tendência perniciosa” em incutir a ambição apenas pelo dinheiro. “Não é a única forma de ser rico. Ter tempo é uma forma de riqueza extraordinária”, diz.
“A ambição é a vontade de conquistar mais e melhor. Seja o que isso for para cada um de nós. A nossa geração está muito marcada pela parte monetária por causa da crise”, diz Sara Aguiar.
“A cultura de nivelar por baixo é um problema estrutural”, diz Maria Castello Branco, analista política e colunista do Expresso, que lamenta que o pensamento crítico seja ainda pouco estimulado.
Diana Duarte admite que cresceu com o estigma de a ambição ser uma ideia que era desencorajada. “Portugal retrai a ambição. Se for numa mulher então é vista como arrogante. A ambição é vista como um defeito”, lamenta.
Os perigos da polarização
Numa reflexão sobre a polarização atual da sociedade, Anna Jorgensen classifica-a como um reflexo de um desequilíbrio. “O objetivo é encontrar algo no meio, uma conversa entre as duas coisas. Muitas vezes deixa de haver conversa, e se não há diálogo, não há progresso positivo”, diz.
Diogo fala na falta de formação cívica e do impacto negativo que essa lacuna está a ter na sociedade. “Não acho que todos os portugueses sejam ensinados a pensar politicamente e a ser ativos de forma consciente e instruída. Na escola a (disciplina) de formação cívica ou era para faltar ou para ver filmes, mas não contava para notas. Há uma grande falta de cultura política. As pessoas podem ter opiniões diferentes mas é importante que sejam fundamentadas e informadas”, acredita.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (verCódigo de Conduta), sem interferência externa.