“Somos a primeira geração que vê a ambição como um superpoder”
Cinco jovens da geração 00 falaram sobre a sua ambição para Portugal, numa conversa moderada por Pedro Boucherrie Mendes, diretor de conteúdos digitais de entretenimento na SIC
Matilde Fieschi
Cinco jovens da geração 00 falaram sobre a sua ambição para Portugal, numa conversa moderada por Pedro Boucherrie Mendes, diretor de conteúdos digitais de entretenimento na SIC
Matilde Fieschi
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Na primeira de cinco conversas do projeto “Ambição para Portugal”, em que o Expresso é media partner da consultora KPMG, representantes da geração 00 partilharam quais as suas ambições para o país. Falaram do que está mal e que tem de mudar, do que os faz sentir portugueses mas também do que os empurra lá para fora
Também conhecida como geração Z, a geração 00 orgulha-se de ter ambição e argumenta que faz falta ter mais confiança para acreditar que é possível chegar onde se quer. “Acredito muito que a nossa é a primeira geração que olha para a ambição como um superpoder e que isso nos vai levar mais longe”, diz Julieta Rueff. “A minha sensação é que as gerações mais velhas veem a ambição como arrogância e isso até é fomentado em casa”, acrescenta.
Neste que foi o primeiro de cinco debates do projeto "Ambição para Portugal", partilharam-se experiências, ideias e as primeiras memórias do que é ser português. As comemorações familiares do 25 de abril; ao discurso que anunciava a vinda da troika; ou à primeira vez que se ouviu um fado ou o hino nacional, junta-se algum desânimo em relação às oportunidades que o Portugal de hoje falha em oferecer para o futuro. A geração 00 quer juntar a visão do trabalho “honesto e sofredor” à ousadia do sonho que vai “além do normal” e, para isso, é preciso "não ser fundamentalista" e achar que só algumas ambições estão certas. "Devemos dar espaço para a realização de uma pluralidade de ambições e cativar as pessoas”, acredita Joaquim Borges Rodrigues.
O debate foi moderado por Pedro Boucherie Mendes, diretor de conteúdos digitais de entretenimento na SIC, e contou com a participação de João Maria Botelho, fundador da Generation Resonance; Marta Cansado, aluna da Universidade Católica Portuguesa; Joaquim Borges Rodrigues, aluno da Nova SBE; Carlota Franco, junior tech & strategy consultant da KPMG; Julieta Rueff, fundadora da FlamAid.
Conheça as principais ideias partilhadas neste debate:
Como caracterizam a sua geração
Mais desobediente e reivindicativa que as gerações anteriores.
A primeira geração que olha para a ambição como um “superpoder”.
Querem sentir a utilidade do seu trabalho, sentir um propósito.
Individualistas mas acreditam numa identidade comum.
O que tem de mudar já
Joaquim Borges Rodrigues avisa que os portugueses valorizam demais a estabilidade. “O despojo e a privação têm um lado bonito e poético, mas o problema é que não pagam as contas”, diz.
Para João Maria Botelho os portugueses são esforçados e "até têm uma chama” de ambição, mas falta-lhe força. “As pessoas têm ideias para fazer diferente mas também vários entraves”, acrescenta.
A falta de liberdade económica e financeira é, para Julieta Rueff, um dos maiores entraves à ambição. “Em média demora-se mais seis meses para abrir uma empresa em Portugal que em Espanha. Uma ronda de investimento aqui demora mais ano e meio. Lá são seis meses”, diz.
Carlota Franco lamenta a falta de investimento na experimentação e inovação para estimular a criatividade. “Estamos muito presos nas mesma ideias. Não questionamos, não perguntamos porquê, e isso faz-nos falta”, lamenta.
A consciência coletiva é algo que a geração 00 gostava de ver estimulada. Marta Cansado diz ser preciso pensar menos no imediato e no que é bom individualmente. “As pessoas só querem um objetivo comum se confiarem. A primeira coisa é criar uma visão mais coletiva”, acrescenta.
Ideias para o futuro
O investimento em inovação é apontado como uma medida urgente, não só para pôr Portugal a par de outros países mas, sobretudo, para criar empregos para o futuro.
Combater algum individualismo e cultivar um maior sentido de comunidade e de trabalho para uma causa comum foi uma estratégia apontada para estimular o desejo de um maior investimento e vontade de contribuir para o país.
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