“Temos de preparar a nossa economia para um mundo novo”
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O país sofre com a erosão da sua costa, com o aumento da seca e da temperatura média. É preciso agir de forma rápida, eficaz e, sublinham os peritos, planeada. Este foi o tema do nono de dez debates que a Impresa e a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) promovem desde maio. Até março, continuaremos a fazer um retrato das últimas cinco décadas de democracia em Portugal. Conheça as principais conclusões desta reflexão
Não há outro caminho: a Humanidade tem de se adaptar às alterações do clima e procurar reduzir os danos que essa mudança signifique. “Os polinizadores representam 80% da nossa capacidade de produzir alimento. Estamos a interferir diretamente com a capacidade de produzir e de termos um futuro”, avisa Helena Freitas. A professora da Universidade de Coimbra defende ser precisa uma estratégia integrada para o país, que leve em conta as especificidades do território e que proteja os recursos naturais.
“Temos de preparar a nossa economia para um mundo novo”, insiste. Helena Freitas foi uma das personalidades da ciência que participaram no nono debate do projeto “5 Décadas de Democracia”, emitido terça-feira na SIC Notícias com apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos. A discussão incluiu as visões de Celso Pinto, coordenador Núcleo de Monitorização Costeira e Risco da Agência Portuguesa do Ambiente, Maria José Roxo, professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, e Pedro Matos Soares, investigador do Instituto Dom Luiz.
Neste debate participaram (da esquerda para a direita) Pedro Matos Soares (Instituto Dom Luiz), Celso Pinto (Agência Portuguesa do Ambiente), Maria José Roxo (Universidade Nova de Lisboa) e Helena Freitas (Universidade de Coimbra)
José Fernandes
Conheça as principais conclusões:
Portugal precisa de uma “regeneração coletiva”
Pedro Matos Soares, responsável pelo Roteiro Nacional de Adaptação 2100, evita os rodeios quando o tema são as projeções climáticas dos cientistas para este século. “Já estamos a sentir grandes recessões”, assinala. Para evitar o pior – que, nos recursos hídricos, significaria perder 40% da água disponível – é urgente mudar “a estrutura da floresta”, apostar “na valorização dos ecossistemas” e na “gestão dos biocombustíveis”;
A par deste trabalho, há que tornar o consumo de água mais eficiente e criar uma estratégia para o sector agrícola. Assim será possível ter uma agricultura que cumpra três requisitos: a conservação dos solos, da água e da biodiversidade. “Há muitíssimos bons exemplos do que é uma agricultura com todos estes princípios e que salvaguarda os recursos naturais”, reconhece Maria José Roxo;
A especialista em recursos naturais elege a proteção do solo para a lista das maiores prioridades no combate às alterações climáticas. A terra de que dependemos para produzir alimento está, de forma genérica, de má saúde e a precisar de um trabalho de reabilitação. “É necessário que as pessoas percebam que o solo é um recurso finito, que demora muito tempo a formar-se e destrói-se em pouco tempo”, acrescenta;
Helena Freitas concorda e diz mesmo que a sociedade portuguesa deve “assumir uma regeneração coletiva com propósito transformador” para o ambiente. “Temos de tornar os nossos rios mais saudáveis porque estão a degradar-se todos os dias”, afirma;
A costa portuguesa merece igualmente cuidados especiais. Celso Pinto confirma “que o litoral português está em erosão” e que grande parte desse fenómeno acontece por “falta de sedimentos que não chegam à nossa linha de costa”. Para evitar o recuo da fronteira entre a terra e o mar, será importante implementar medidas de contenção e de adaptação. “A nível mundial, temos 24% da linha de costa arenosa em erosão. Em Portugal, esse valor sobe para qualquer coisa como 45%”, lamenta o especialista.