O HPV (vírus do papiloma humano) é considerado o segundo carcinogéneo mais importante (logo a seguir ao tabaco), estando associado a 5% dos cancros (e 10% dos cancros na mulheres). É responsável não só por 100% dos cancros do colo do útero e de 99% dos condilomas ou verrugas nos genitais, como de uma parte dos cancros do ânus, da vagina, do pénis e da vulva. A maneira mais eficaz de prevenir o HPV é a vacinação, que pode ser também a forma de eliminar os cancros e doenças causadas pelo vírus.
Este é o tema central que se discutirá na conferência “Eliminar os cancros e doenças associados ao HPV: meta europeia, oportunidade portuguesa” — esta sexta-feira, dia 19 de setembro —, em que o Expresso é media partner da MSD e que contará com a presença de um grupo de profissionais de saúde, autoridades de saúde e ainda de Ricardo Falcato, vogal da direção do GAT, que dará um testemunho de como é viver com HPV.
Eliminar o HPV é tanto um objetivo nacional, como europeu, tendo já sido apresentado pela Comissão Europeia o Plano Europeu de Luta Contra o Cancro — compromisso político para que os países da União Europeia passem a ter uma abordagem conjunta para eliminar o cancro. E Portugal pode mesmo vir a ser um dos primeiros países a erradicar o cancro do colo do útero, devido ao rastreio eficaz e à vacinação contra o HPV.
é a média portuguesa de cobertura vacinal contra o HPV até aos 15 anos
A vacina foi introduzida em Portugal, em 2008, mas na altura era direcionada apenas para raparigas com 10 anos. Hoje, os rapazes nascidos a partir de 2009 estão também contemplados no Programa Nacional de Vacinação, visto que, apesar de ter sido durante muito tempo associado unicamente ao cancro do colo do útero, o HPV pode causar doenças e cancros nos homens. Além disso, é uma infeção sexualmente transmissível muito comum — estima-se que 85% a 90% das pessoas sexualmente ativas já tiveram contacto com o vírus sem saber.
“O primeiro episódio que tive de HPV foi, realmente, complicado, porque foi inclusive numa idade em que estava a descobrir a minha orientação sexual. Aos 43, 44 anos, já sabia o que era, já sabia qual era o diagnóstico antes de ir ao médico, e já não teve um impacto negativo. Deu-me forças para lutar quer por mim, quer por outras pessoas, e tentei saber mais acerca da doença”, recorda Ricardo Falcato, que foi diagnosticado, pela primeira vez, aos 24 anos, numa altura em que nem alguns médicos pelos quais foi visto sabiam o que era o HPV.
“Os portugueses aderem muito à vacinação e isso é muito importante. Conseguimos, através da vacinação, evitar determinadas doenças — doenças infeciosas, como o sarampo, etc. — e, aqui, podemos estar a evitar a doença por HPV, o que significa eliminar todos os cancros ou reduzir substancialmente todos os cancros que o HPV pode provocar”, afirma Miguel Guimarães, membro da Comissão Parlamentar de Saúde.
A vacina para o HPV previne muitas doenças, mas pode vir a eliminar algumas delas, acredita Miguel Guimarães
E se, para isso acontecer, tivermos de considerar a vacinação da população, nomeadamente dos homens, até aos 26 anos, antecipa o deputado da Assembleia da República, o impacto orçamental da possível proposta pode vir a ser “uma poupança”. “Aquilo que nós podemos ter a mais no orçamento, por exemplo, para a vacinação do HPV, vamos ter em ganho, porque vamos ter menos pessoas com cancro do colo do útero ou outros cancros provocados pelo HPV”, defende. “Isso significa, a médio prazo, uma poupança. Às vezes um custo parece um custo, porque vou gastar mais dinheiro nisso, mas passado algum tempo resulta numa poupança”, diz, sublinhando que foi o que aconteceu com a vacina para a hepatite C.
O que é?
Vão reunir-se vários especialistas para debater de que forma se podem eliminar os cancros e doenças associadas ao HPV em Portugal.
Quando, onde e a que horas?
Sexta-feira, 19 de setembro, no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), a partir das 9h30.
Quem são os oradores principais?
- Rui Medeiros, investigador e professor universitário
- Miguel Guimarães, membro da Comissão Parlamentar de Saúde
- Isabel Fernandes, coadjuvante da direção do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, DGS
- Ana Correia de Oliveira, vogal da direção executiva do SNS
- Hugo Sousa, virologista
- Nuno Luís, diretor do serviço de doenças infecciosas do Hospital de Setúbal
- Bruno Jorge Pereira, urologista
- Pedro Montalvão, diretor do serviço de otorrinolaringologia do IPO
- Ricardo Falcato, pessoa com HPV e vogal da direção do GAT
Porque é que este tema é importante?
A conferência vai reunir profissionais de saúde, autoridades de saúde e uma pessoa com HPV para discutir como eliminar os cancros e outras doenças causadas pelo vírus em Portugal.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.