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Que futuro para o crédito à habitação?

Segundo o Banco de Portugal, em julho de 2025, o stock de crédito à habitação superou os 106 mil milhões de euros
Segundo o Banco de Portugal, em julho de 2025, o stock de crédito à habitação superou os 106 mil milhões de euros
Krisanapong detraphiphat/Getty Images

A Century 21 organiza, na próxima quarta-feira, um debate sobre crédito à habitação e intermediação de crédito, num encontro a que o Expresso se associa como media partner

Ana Baptista

Jornalista

A forma como se faz um crédito à habitação está a mudar. As primeiras alterações surgiram logo depois da crise financeira, que incentivou a uma maior defesa das famílias e dos bancos com a implementação de regras mais apertadas para os empréstimos concedidos. Mais tarde, a subida das taxas de juro e dos preços das casas levou a um refrear dos pedidos mas, entretanto, as taxas de juro começaram a descer e, apesar dos preços das casas se manterem elevados, os pedidos de crédito recuperaram e, em julho deste ano registou-se um aumento do montante emprestado pelos bancos para crédito à habitação.

De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal, o stock de empréstimos para habitação atingiu, em julho de 2025, os €106,3 mil milhões, um aumento de 8,1% face ao período homólogo e a maior subida desde agosto de 2008.

Este aumento explica-se, pela já referida descida das taxas de juro, mas também pela normal “guerra de spreads” praticada pelos bancos para atrair clientes, nota o diretor do Confidencial Imobiliário, Ricardo Guimarães, e ainda pelas novas formas de fazer empréstimos, nomeadamente através de Intermediários de Crédito (IdC) que, segundo a administradora do Banco de Portugal, Francisca Guedes Oliveira, “representam atualmente mais de 50% do canal de comercialização do crédito à habitação”.

8,1%

foi o aumento do montante de crédito concedido pelos bancos em julho de 2025 face ao mesmo mês do ano passado

“Os Intermediários de Crédito têm o papel importante de fazer uma pré-análise de risco que permite saber primeiro o montante que se tem para gastar e só depois se procurar a casa que melhor se enquadra a esse montante”, diz Ricardo Guimarães, salientando que isso é “saudável” para mercado, porque reduz o endividamento das famílias e o risco dos bancos.

Para isto contribui o uso de tecnologia que caracteriza os IdC, repara Ricardo Sousa, CEO da Century 21. “A tecnologia permite diminuir os custos operacionais e tornar o processo mais rápido, seguro e transparente”, considera. Aliás, são as plataformas digitais que lhes permitem aceder às propostas de crédito que existem nos vários bancos, evitando que quem quer fazer o empréstimo seja obrigado a ir a todos os bancos procurar a proposta que mais se adequa às suas possibilidades financeiras.

Além disso, “os IdC dominam a linguagem financeira”, nota ainda Ricardo Guimarães e, por isso, ajudam na preparação da documentação. Ou seja, protegem de "reprovações por questões formais”, acrescenta Ricardo Sousa, lembrando ainda que ajudam a “analisar cenários, como o impacto da evolução das taxas de juro ou das comissões bancárias”. Em suma, continua Ricardo Guimarães, ajudam no combate à iliteracia financeira que tem sido também uma missão do Banco de Portugal.

“Os Intermediários de Crédito representam atualmente mais de 50% do canal de comercialização do crédito à habitação”, diz Francisca Guedes Oliveira

“Do ponto de vista dos clientes bancários, temos reavaliado, na esfera do PNFF (Plano Nacional de Formação Financeira), a estratégia nacional de literacia financeira e, no plano sectorial, reforçado as iniciativas de comunicação dirigidas ao público em geral, de forma a aumentar o conhecimento sobre produtos e serviços bancários”, refere Francisca Guedes Oliveira.

O futuro do crédito à habitação não é, por tudo isto, uma completa incógnita, mas com tanto ainda a acontecer, é o tema a debater numa conferência que a Century 21 organiza na próxima quarta-feira e que contará, entre outros, com representantes do Banco e Portugal e dos principais bancos a operar no país: Millennium BCP; Santander; Caixa Geral de Depósitos; BPI e Novo Banco.

O futuro do crédito à habitação

O que é?

É uma conferência organizada pela Century 21 e a Finance 21 - a que o Expresso se associa como media partner - e que pretende discutir o futuro do crédito à habitação em Portugal tendo em conta o papel dos Intermediários de Crédito.

Quando, onde e a que horas?

10 de setembro 2025, na Impresa e em direto no Facebook da SIC Notícias, das 9h15 às 13h.

Quem vai estar presente?

  • António Ramalho, membro do conselho consultivo da Century 21
  • Patrícia Costa, secretária de Estado da Habitação
  • Francisca Guedes Oliveira, administradora do Banco de Portugal
  • Ricardo Guimarães, diretor do Confidencial Imobiliário
  • Ricardo Sousa, CEO da Century 21 e da Finance 21
  • Rui Teixeira, administrador do Millennium BCP
  • Miguel Carvalho, administrador do Santander
  • Luís Pereira Coutinho, administrador da Caixa Geral de Depósitos
  • João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI
  • Rui Fontes, administrador do Novo Banco
  • Tiago Leite, Finance 21
  • Pedro Cassiano Santos, sócio, da Vieira de Almeida Sociedade de Advogados
  • Nuno Silva, fundador da Finsolutia
  • João Matos, diretor da consultora EY em Portugal

Porque é que este encontro é central?

O número de Intermediários de Crédito continua a crescer alterando a forma como se contrata um empréstimo num momento em que, por causa da contínua descida das taxas de juro, estão também a subir o número de créditos concedidos.

Onde posso ver?

Aqui.

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