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“A Europa está numa fase muito complexa, de muita indecisão”

O primeiro painel de debate reuniu empresas e entidades com foco na exportação
O primeiro painel de debate reuniu empresas e entidades com foco na exportação
Pedro Granadeiro

Decorreu esta tarde, no Porto, a conferência que marca a conclusão da segunda edição da Portugal Export +60’30, uma iniciativa da Associação Empresarial de Portugal (AEP) e do Novo Banco e a que o Expresso se associou como media partner

Ana Baptista

Jornalista

Pedro Granadeiro

Fotojornalista

O ponto situação da economia e das exportações portuguesas; o contexto geopolítico atual - dominado por três guerras e pelo reforço do investimento na defesa - e ainda a incerteza face ao aumento das tarifas dos EUA aos produtos europeus, foram os temas da conferência que, esta segunda-feira à tarde, marcou o final da segunda edição do Portugal Export +60’30.

No encontro estiveram João Neves, presidente da Administração do Porto de Douro e Leixões e Viana do Castelo (APDL); Luis Miguel Ribeiro, presidente do conselho de administração da Associação Empresarial de Portugal (AEP); Luís Ribeiro, administrador do Novo Banco; Lurdes Fonseca, economista chefe da AEP; Carlos Andrade, economista chefe do Novo Banco; Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis; Daniel Redondo, CEO da Licor Beirão; Modesto Araújo, CEO da Vizelpas; Cláudia Vasconcelos, country manager da COFACE; Miguel Pinto, presidente da Mobinov – Associação do Cluster Automóvel e da Mobilidade; Paulo Rios, administrador da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP); Ricardo Pinheiro Alves, presidente do conselho de administração da idD Portugal Defence; Albertina Reis, responsável de Investigação e Desenvolvimento da Riopele; Fernando Cunha, CEO da BeyondComposite; Pedro Petiz, diretor de desenvolvimento e estratégia da Tekever e José Manuel Fernandes, presidente do Conselho Geral da AEP. Estas foram as principais conclusões.

Os problemas da Europa

  • Os problemas da Europa não são de agora, mas foi agora que se evidenciaram mais, desde logo, com a guerra na Ucrânia, depois por causa do conflito entre Israel e o Hamas e, mais recentemente, pela guerra entre Israel e o Irão. E também com a ameaça de aumento exponencial das tarifas comerciais dos EUA aos produtos importados dos países europeus.
  • Um desses problemas - a necessidade de um reforço na Defesa dos Estados-membro - parece ter sido desbloqueado a semana passada com o anúncio de mais investimento nesta área. Mas só funcionará bem para Portugal se o sector se agregar e se o Estado recorrer às indústrias nacionais, ajudando-as, dessa forma, a estarem mais bem preparadas para vender para o exterior, repara Albertina Reis.
  • Outro problema muito mencionado e que ainda está longe de estar resolvido é a inércia da União Europeia. “A Europa está numa fase muito complexa, de muita indecisão”, diz Modesto Araújo, nomeadamente no que toca ao caso tarifas e da ameaça dos produtos chineses.
  • É verdade que há uma situação de incerteza com as tarifas, como refere Carlos Andrade, lembrando que elas subiram, depois foram suspensas durante 90 dias pendente de negociações, um período que está prestes a terminar, aumentando a incógnita sobre o desfecho desta ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump.
  • Soma-se a isto o excesso de regulação europeu, mencionado por Carlos Tavares, que diz colocar a UE atrás de todos os blocos económicos em termos de competitividade.
Lurdes Fonseca, economista chefe da Associação Empresarial de Portugal (AEP)
Pedro Granadeiro

Os problemas de Portugal

  • Também são vários e não são de agora e a burocracia é um deles. Aliás, é considerado por Carlos Tavares, Miguel Pinto e Modesto Araújo como um dos principais fatores para a baixa produtividade do país.
  • Outro é a falta de reconhecimento de Portugal no mundo por termos um tecido empresarial composto de pequenas e médias empresas.
  • “Não temos de ter medo de ter empresas grandes. Dinamarca tem a Maersk e a Lego. A Suécia tem a Ikea. Nós temos o CR7. Não temos nenhuma empresa verdadeiramente reconhecida”, repara Luís Ribeiro.
  • Outro problema ainda é o fraco crescimento económico - de cerca de 1% - e, maioritariamente, abaixo da média europeia durante 20 anos, ou seja, entre 2000 e 2020, repara Lurdes Fonseca, lembrando que desde 2020 que crescemos a acima da média europeia.
  • E outro são os mercados de exportação, ainda muito concentrados na Europa e em país com projeções de crescimento para 2025 de 0% ou quase 0%, diz ainda Lurdes Fonseca.

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