O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou ontem a evolução dos preços da habitação no primeiro trimestre deste ano e os números confirmaram as perspectivas dos especialistas em imobiliário: os preços continuam a aumentar e de forma ainda mais expressiva.
Aliás, os dados mostram que foi a maior subida homóloga - mais 16,3% - e trimestral - mais 4,8% - desde que este índice foi publicado, no início de 2009. E mostram também que os preços não descem há 12 anos, desde o terceiro trimestre de 2013 quando tiveram um alivio de 1%.
Além disso, foram as casas usadas - que, segundo o presidente da APEMIP, Paulo Caiado, são as que mais se transaccionam - que mais encareceram face ao último trimestre de 2024: 7% de aumento nas usadas versus 4,9% nas novas.
é quanto representam as casas usadas na compra e venda de imóveis em Portugal. As novas representam 10%
O economista Pedro Brinca e o diretor da base de dados Confidencial Imobiliário, Ricardo Guimarães, disseram ontem ao Expresso - a propósito da divulgação dos dados do INE - que este aumento não surpreende e que se justifica pela descida das taxas de juro e também pelas medidas tomadas pelo primeiro governo de Luís Montenegro, em 2024, nomeadamente a introdução da garantia pública na compra de casa para jovens até aos 35 anos.
Estas medidas fizeram aumentar a procura, mas sem que fosse criada mais oferta e, por isso, os preços continuaram a subir e assim continuarão, dizem. Por isso é que os especialistas mantém que o problema da habitação em Portugal é de oferta. “Não se constroem casas baratas”, repara Paulo Caiado, ressalvando que “a oferta é especialmente escassa para o fluxo de procura” que é maior nas casas de preços acessíveis. “Existe oferta nos segmentos mais altos, mas a procura é nos segmentos mais baixos”, acrescenta.
foi o número de casas concluídas em 2024, segundo dados divulgados pela APEMIP no início deste ano
Além disso, continua, são os jovens que têm mais dificuldades porque querem uma primeira casa e não têm uma usada para vender. Aliás, há cerca de um mês, numa outra conferência sobre crédito à habitação, o presidente da Associação Nacional Intermediários Crédito Autorizados (ANICA), Tiago Vilaça contava que havia muitos jovens com créditos aprovados com a garantia pública mas que não encontravam uma casa para o dinheiro que podiam gastar. “Um T1 a partir de 200 mil euros é muito difícil”, repara ainda Paulo Caiado.
O estado em que está o mercado da habitação tem impacto na atividade dos mediadores imobiliários que também estão a lidar com uma maior digitalização dos processos de compra e venda de casa, mas também com o crescimento do Intermediários de Crédito, alguns deles nascidos dentro das próprias mediadoras, como é o caso da Max Finance, da Remax. Por isso, na na convenção anual da APEMIP - que vai já na sua 3ª edição - além do futuro da habitação em Portugal, do que esperar para os próximos meses deste ano e do que continuar a exigir ao Governo para aumentar a oferta - será também debatida a inovação na mediação e a intermediação de crédito.
É o encontro anual da APEMIP onde se debaterá o futuro da habitação em Portugal e da profissão de mediador imobiliário, tendo em conta a inovação que existe neste setor e a entrada de outros agentes, como os Intermediários de Crédito.
Quando, onde e a que horas?
1 de julho de 2025, das 9h às 17h00, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
Quem vai estar presente? (confirmados até à data)
- Paulo Caiado, presidente da APEMIP
- Pedro Megre CEO da Unión de Créditos Inmobiliários (UCI)
- Alfredo Valente, CEO da IAD
- Diogo Dantas da Cunha, CEO da Flexty
- Filipe Marques, diretor executivo da X-IMO
- José Soares, fisiologista e especialista em performance humana
- Miguel Morgado, comentador da SIC Notícias
- Cláudio Santos, CCO da Doutor Finanças
- Alberto Torres, diretor no BPI
- Guto Requena, arquiteto
- Marina Gonçalves, ex-ministra da Habitação
- António Ramalho, sócio da Taurus
- Manuel Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI)
- Helena Roseta, arquiteta e política
- Paulo Portas, ex-vice-primeiro-ministro
Porque é que este encontro é central?
Os preços das casas continuam a subir apesar das medidas tomadas pelo primeiro Governo de Luís Montenegro em 2024, e a maioria dos especialistas em imobiliário e economistas mantém que essa tendência continuará e que só aliviará quando houver mais oferta.
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