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Habitação: o que esperar do mercado e da mediação imobiliária

No primeiro trimestre de 2025, os preços das casas usadas subiram mais que as novas
No primeiro trimestre de 2025, os preços das casas usadas subiram mais que as novas
José Fonseca Fernandes

A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) organiza, a 1 de julho, a 3ª edição da sua convenção anual, um encontro a que o Expresso se associa como media partner

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou ontem a evolução dos preços da habitação no primeiro trimestre deste ano e os números confirmaram as perspectivas dos especialistas em imobiliário: os preços continuam a aumentar e de forma ainda mais expressiva.

Aliás, os dados mostram que foi a maior subida homóloga - mais 16,3% - e trimestral - mais 4,8% - desde que este índice foi publicado, no início de 2009. E mostram também que os preços não descem há 12 anos, desde o terceiro trimestre de 2013 quando tiveram um alivio de 1%.

Além disso, foram as casas usadas - que, segundo o presidente da APEMIP, Paulo Caiado, são as que mais se transaccionam - que mais encareceram face ao último trimestre de 2024: 7% de aumento nas usadas versus 4,9% nas novas.

90%

é quanto representam as casas usadas na compra e venda de imóveis em Portugal. As novas representam 10%

O economista Pedro Brinca e o diretor da base de dados Confidencial Imobiliário, Ricardo Guimarães, disseram ontem ao Expresso - a propósito da divulgação dos dados do INE - que este aumento não surpreende e que se justifica pela descida das taxas de juro e também pelas medidas tomadas pelo primeiro governo de Luís Montenegro, em 2024, nomeadamente a introdução da garantia pública na compra de casa para jovens até aos 35 anos.

Estas medidas fizeram aumentar a procura, mas sem que fosse criada mais oferta e, por isso, os preços continuaram a subir e assim continuarão, dizem. Por isso é que os especialistas mantém que o problema da habitação em Portugal é de oferta. “Não se constroem casas baratas”, repara Paulo Caiado, ressalvando que “a oferta é especialmente escassa para o fluxo de procura” que é maior nas casas de preços acessíveis. “Existe oferta nos segmentos mais altos, mas a procura é nos segmentos mais baixos”, acrescenta.

25 mil

foi o número de casas concluídas em 2024, segundo dados divulgados pela APEMIP no início deste ano

Além disso, continua, são os jovens que têm mais dificuldades porque querem uma primeira casa e não têm uma usada para vender. Aliás, há cerca de um mês, numa outra conferência sobre crédito à habitação, o presidente da Associação Nacional Intermediários Crédito Autorizados (ANICA), Tiago Vilaça contava que havia muitos jovens com créditos aprovados com a garantia pública mas que não encontravam uma casa para o dinheiro que podiam gastar. “Um T1 a partir de 200 mil euros é muito difícil”, repara ainda Paulo Caiado.

O estado em que está o mercado da habitação tem impacto na atividade dos mediadores imobiliários que também estão a lidar com uma maior digitalização dos processos de compra e venda de casa, mas também com o crescimento do Intermediários de Crédito, alguns deles nascidos dentro das próprias mediadoras, como é o caso da Max Finance, da Remax. Por isso, na na convenção anual da APEMIP - que vai já na sua 3ª edição - além do futuro da habitação em Portugal, do que esperar para os próximos meses deste ano e do que continuar a exigir ao Governo para aumentar a oferta - será também debatida a inovação na mediação e a intermediação de crédito.

Convenção APEMIP

O que é?

É o encontro anual da APEMIP onde se debaterá o futuro da habitação em Portugal e da profissão de mediador imobiliário, tendo em conta a inovação que existe neste setor e a entrada de outros agentes, como os Intermediários de Crédito.

Quando, onde e a que horas?

1 de julho de 2025, das 9h às 17h00, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

Quem vai estar presente? (confirmados até à data)

  • Paulo Caiado, presidente da APEMIP
  • Pedro Megre CEO da Unión de Créditos Inmobiliários (UCI)
  • Alfredo Valente, CEO da IAD
  • Diogo Dantas da Cunha, CEO da Flexty
  • Filipe Marques, diretor executivo da X-IMO
  • José Soares, fisiologista e especialista em performance humana
  • Miguel Morgado, comentador da SIC Notícias
  • Cláudio Santos, CCO da Doutor Finanças
  • Alberto Torres, diretor no BPI
  • Guto Requena, arquiteto
  • Marina Gonçalves, ex-ministra da Habitação
  • António Ramalho, sócio da Taurus
  • Manuel Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI)
  • Helena Roseta, arquiteta e política
  • Paulo Portas, ex-vice-primeiro-ministro

Porque é que este encontro é central?

Os preços das casas continuam a subir apesar das medidas tomadas pelo primeiro Governo de Luís Montenegro em 2024, e a maioria dos especialistas em imobiliário e economistas mantém que essa tendência continuará e que só aliviará quando houver mais oferta.

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