Na saúde, como em tantas outras áreas, a inteligência artificial (IA) está a deixar de ser promessa para se tornar uma realidade palpável com resultados promissores. E pode ser, aponta Pedro Simões Coelho, “um verdadeiro game changer” num sistema em que a despesa continua a crescer mais rapidamente do que a atividade. Esta tem sido a verdade dos números medidos, ao longo de uma década, pelo Índice de Saúde Sustentável, cuja última edição será apresentada publicamente numa conferência organizada pela AbbVie no próximo dia 1 de julho (mais informação no final deste artigo).
Enquanto os dados mais recentes não são divulgados, o professor catedrático da NOVA Information Management School (NOVA IMS) e coordenador do índice adianta o tema que integra, pela primeira vez, esta análise: a IA na saúde. O potencial da IA na saúde vai muito além dos diagnósticos ou da gestão eficiente de recursos, garante Pedro Simões Coelho, que reconhece que “a população já percebeu essa realidade”. O especialista acredita que a tecnologia pode ser parte importante da solução para tornar a saúde mais sustentável e melhorar a resposta dada aos doentes, mas, para isso, é preciso que o país invista.
é o montante que, em 2025, serve de orçamento para o Serviço Nacional de Saúde
Quem também vê nesta tecnologia uma oportunidade transformadora é Miguel Mascarenhas, médico gastroenterologista e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Investigador premiado internacionalmente, lidera um dos maiores grupos mundiais dedicados à aplicação de IA na saúde digestiva e acredita que o futuro já começou. “O que se pretende não é a formação de médicos, mas de uma nova classe de profissionais híbridos entre os dois mundos”, afirma, lembrando a importância de cruzar conhecimento clínico e competências tecnológicas.
Portugal está, na sua perspetiva, bem posicionado para alcançar resultados transformadores com a aplicação de IA na saúde, mas há desafios. “Temos profissionais altamente qualificados, um ambiente regulatório exigente e universidades preparadas para este tipo de investigação”, assegura. Ainda assim, lamenta que o país não tenha, até à data, um organismo notificado que permita aprovar dispositivos médicos com base em software. Esta é, acredita, uma lacuna que limita a competitividade e atrasa a entrada de inovações no sistema.
“Os médicos têm de deixar de ser apenas validadores das tecnologias. Têm de ser também criadores destas tecnologias”, afirma Miguel Mascarenhas
Na área clínica, a endoscopia por cápsula é uma das inovações estudadas pelo grupo de investigadores portugueses e uma aplicação em que o uso de algoritmos permitiu aumentar a sensibilidade dos exames para mais de 95%, reduzindo o tempo de análise de horas para minutos. “Estamos a falar de exames com 120 mil imagens, que hoje não podem ser usados como rastreio por falta de capacidade de leitura. A IA pode mudar isso completamente”, explica Miguel Mascarenhas.
Mas a revolução não se faz só com tecnologia, e há que adaptar também os currículos académicos. “Na formação pré-graduada em medicina ainda não há uma cadeira com peso suficiente para o papel que a IA já tem hoje”, alerta o investigador, que considera “urgente integrar a IA como disciplina nuclear, ao lado da anatomia ou farmacologia”.
Este será, aliás, um tema central na Conferência Sustentabilidade em Saúde, organizada pela AbbVie com o Expresso como media partner, agendada para o próximo dia 1 de julho. Consulte os detalhes do evento abaixo.
Numa altura em que os custos da saúde continuam a aumentar e a engrossar as faturas do Serviço Nacional de Saúde, discutir a sustentabilidade do sector é crucial para melhorar a gestão e aumentar a capacidade de resposta à procura dos doentes. Na edição deste ano, serão apresentadas as conclusões de mais um Índice de Saúde Sustentável. Desta feita, o estudo conta com um capítulo dedicado à inteligência artificial na saúde.
Quando, onde e a que horas?
Terça-feira, dia 1 de julho, a partir das 09h30 no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O evento será transmitido no Facebook do Expresso
Quem são os oradores em destaque?
- Ricardo Costa, COO Impresa;
- Lucie Perrin, diretora-geral da AbbVie;
- Ana Paula Martins, ministra da Saúde;
- Manuel Pizarro, médico e ex-ministro da Saúde;
- Miguel Guimarães, deputado e ex-Bastonário da Ordem dos Médicos;
- Pedro Simões Coelho, professor catedrático da NOVA IMS;
- Miguel Mascarenhas, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto;
- Ricardo Baptista Leite, CEO da Health AI;
- Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed;
- Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República.
Porque é que este tema é importante?
O orçamento do SNS tem vindo a ser reforçado ao longo dos últimos anos, embora os desafios ao nível do acesso e dos tempos de espera se mantenham e, em alguns casos, tenham sido agravados. Mais do que dinheiro, a saúde precisa de eficiência para conseguir ser mais eficaz. Este será o tema em destaque na conferência do próximo dia 1 de julho.
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