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Cancro do pulmão: “É necessário garantir o acesso e não excluir ninguém”

Os Twin Docs, João e Pedro Barreira, são os mais recentes convidados a comentar - em vídeo - o estudo sobre “A Saúde do Homem”, realizado pela GfK Metris para o Expresso. João e Pedro são gémeos e são ambos médicos. João Barreira, médico oncologista, recebe - muitas vezes - os doentes já com suspeita de doença ou diagnóstico confirmado. Pedro Barreira, médico de Medicina Geral e Familiar, é frequentemente a porta de entrada no sistema de saúde. São representantes de duas especialidades que se complementam e que devem comunicar entre si para garantir melhores resultados, no que diz respeito não só ao tratamento do cancro do pulmão, como também de tantas outras doenças

Cancro do pulmão: “É necessário garantir o acesso e não excluir ninguém”

Sara Fevereiro

Jornalista

O cancro do pulmão é o tumor com maior taxa de mortalidade em Portugal e grande parte dessa realidade está ligada ao diagnóstico tardio. Segundo João Barreira, médico oncologista, o mais preocupante é que “a maioria dos sintomas - tosse, cansaço, falta de ar - aparecem já numa fase mais avançada da doença”. O alerta torna-se ainda mais relevante perante os dados refletidos no estudo: 70% dos inquiridos afirmam que só souberam do diagnóstico após a realização de exames ou análises de rotina.

A importância da deteção precoce e da vigilância médica regular é, por isso, incontornável.

No que diz respeito aos testes genéticos, 68% dos doentes com cancro do pulmão revelam que não realizaram este tipo de análise, útil não só para identificar mutações hereditárias, como também para orientar terapias personalizadas.

Para o especialista João Barreira este indicador deveria ser, nos dias de hoje, mais positivo, sobretudo tendo em conta os avanços e os benefícios da medicina de precisão. “Hoje, temos terapias dirigidas que aumentam significativamente a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes, mas para as aplicar é preciso conhecer o perfil genético do tumor. Não o fazer é perder tempo e oportunidades valiosas no tratamento.”

Outro dado relevante apresentado no estudo é que 30% dos casos de cancro do pulmão foram referenciados, inicialmente, por médicos de Medicina Geral e Familiar, 30% por pneumologistas e 20% por oncologistas.

Esta distribuição reforça o papel dos cuidados primários, sobretudo nas fases iniciais da doença. “Os 30% de encaminhamentos do médico de família ganham ainda mais peso quando falamos de populações periféricas, com menor acesso a cuidados especializados", lembra Pedro Barreira, médico de Medicina Geral e Familiar

O especialista sublinha, ainda, que esta é uma especialidade “de proximidade" e que “é aqui que se detetam os primeiros sinais e sintomas, e é aqui que se faz a gestão do doente, seja no SNS ou no privado”.

Não obstante, o acesso aos cuidados está longe de estar isento de dificuldades. Longas filas de espera, processos burocráticos, escassez de recursos humanos e distância física continuam a ser barreiras apontadas pelos doentes. “Há muita burocracia, há muita incapacidade de chegar ao médico”, reconhece Pedro Barreira.

Para que os cuidados primários funcionem como verdadeiro pilar do sistema, são necessárias reformas estruturais: “É preciso acabar com a papelada, flexibilizar horários, reduzir a rigidez do sistema. Informatizar mais, confiar mais nos profissionais, dar-lhes melhores condições.”

As soluções não passam apenas pela tecnologia, mas por coragem política: “Temos de cuidar de quem cuida, sim, mas - sobretudo - temos de garantir que ninguém fica de fora, que o acesso existe”, conclui o especialista.


A Saúde do Homem

Este é um projeto a que o Expresso chamou “A Saúde do homem” e que conta com o apoio da Johnson & Johnson Innovative Medicine e ainda com o Alto Patrocínio da Presidência da República e a Ordem dos Médicos, na qualidade de parceiro institucional. O estudo foi conduzido pela empresa de estudos de mercado, GfK Metris.

No total, serão publicadas dez entrevistas em vídeo e dez entrevistas em texto. Acompanhe tudo em expresso.pt .

Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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