Inovação. Não é ficção científica. Desde a proposta de um banco de sementes até madeira alterada por laser, conheça alguns dos projetos que estão a ser desenvolvidos para que os recursos florestais portugueses cumpram o seu potencial
Jornalista
A floresta ocupa mais de 3 milhões de hectares em Portugal, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o que corresponde a 36% do território nacional e, para se ter uma ideia, é o equivalente a cerca de 278 milhões de campos de futebol. É o principal uso de solo no território português, mas enfrenta riscos: em 2024, de acordo com um relatório da Comissão Europeia, arderam mais de 147.000 hectares como resultado de 735 incêndios, o valor mais elevado dos últimos seis anos. Uma realidade que nos levou a propor a 30 personalidades que partilhassem 30 ideias novas para transformar a floresta. Eis os primeiros dez projetos.
A ideia "consiste em criar núcleos (ilhas) de floresta nativa, densa e diversa, que poderão funcionar como bancos de sementes para auxiliar a regeneração natural das áreas circundantes". A “combinação do método Miyawaki com a abordagem de nucleação poderá ser uma estratégia muito eficaz para restaurar as serras portuguesas afetadas pelos incêndios recorrentes”, explica o membro da direção da associação ambientalista.
É uma “uma medida fundamental e urgente para mudar, num curto espaço de tempo, a floresta em Portugal”, sustenta a bastonária Maria de Jesus Fernandes. Por isso é que a 5 de junho a Ordem dos Biólogos lançou “uma petição que visa levar esta temática à Assembleia da República, procurando que se legisle de forma clara e eficaz, salvaguardando estes ecossistemas singulares da crescente pressão a que estão sujeitos”.
A ex-ministra e investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa revela o desenvolvimento de “uma tecnologia baseada em laser que permite transformar a superfície da madeira, do papel ou da cortiça em grafeno, um material com propriedades elétricas e mecânicas excecionais”. Trata-se de um processo que “representa uma revolução na funcionalização de substratos naturais”.
O Projeto Integrado RN21 — Resina Natural do século XXI, tem como missão “recuperar e reinventar a tradição de explorar” a resina, o que implica “revitalizar a fileira ao longo de toda a cadeia de valor, potenciando processos sustentáveis e promovendo produtos inovadores, de base biológica e com elevado valor acrescentado”.
A proposta do projeto de combate a incêndios Eye in the Sky junta um balão e uma “pequena aeronave que é transportada até à estratosfera”. Munida de “sensores e sistemas de comunicação, pode navegar com precisão sobre áreas críticas e regressar autonomamente a um ponto definido no solo, onde o sistema pode ser recolhido e relançado”.
Se à “quantidade de biomassa florestal” somarmos a “quantidade de terrenos disponíveis, bem como a grande quantidade de resíduos agroindustriais”, a produção de bioetanol a partir de biomassa “tem de ser considerada em Portugal”, aponta o professor do Departamento de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, até porque “resulta na menor produção de gases de efeito de estufa, tendo um impacto ambiental positivo”.
Explica o mentor do Greenfest que “os resíduos das podas são frequentemente queimados, desperdiçando o seu enorme potencial”. Por isso, a ideia é equipar as “infraestruturas comunitárias com uma máquina biotrituradora que tritura e reduz o volume de restos vegetais, transformando-os em pequenos pedaços (estilha)” para “transporte”, compostagem ou “cobertura do solo”.
Trata-se de uma máquina totalmente elétrica para desempenhar “tarefas de controlo da vegetação ou da acumulação de biomassa combustível” que está a ser desenvolvida na Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial ligada ao Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e que se movimenta de modo autónomo, “como um daqueles aspiradores inteligentes domésticos”, exemplifica Carlos Viegas.
O diretor-geral da Aro.Ges propõe uma “lei de fomento florestal” que se foque "nas áreas de floresta abandonada (não gerida) de pinheiro-bravo e de eucalipto" e baseado num “apoio público com valores entre os €1000 e €2000 por cada hectare de floresta de pinho ou de eucalipto devolvida à gestão ativa”.
O ES_Sponsor é um projeto para estabelecer a ponte entre os proprietários com áreas certificadas e a sociedade e empresas com vontade de contribuir financeiramente para práticas sustentáveis. “O caminho é procurar novas alternativas, parcerias e mecanismos que tragam rentabilidade”, elabora a diretora-geral da empresa.
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