O crédito à habitação está a mudar e não, não é por causa da digitalização dos processos. Ela tem impacto, sim, mas não é a principal razão para já não ser preciso ir ao banco saber quais são as condições de um empréstimo.
O que se passa é que tem havido um crescimento dos intermediários de crédito (IC), empresas que se dedicam exclusivamente a procurar, simular e comparar as condições de um empréstimo em todos os bancos e que depois apresentam às famílias para estas escolherem o mais adequado. O serviço não tem custos para quem quer fazer o crédito, mas é pago pelos bancos que fazem contratos com os IC e lhes dão acesso às condições dos seus produtos.
A comodidade é uma das justificações para o aumento do recurso aos IC. “O cliente quer mais informação e é mais exigente, mas tem menos tempo”, repara Francisco Ferreira Lima, CEO da Maxfinance, a IC do grupo Remax. Além disso, acrescenta, precisa de tomar uma decisão mais depressa porque, no atual mercado, as casas a bom preço vendem-se depressa.
é a percentagem do valor dos créditos à habitação feitos em Portugal que se estima que tenham uma intervenção dos intermediários de crédito
Outra justificação tem a ver com “a alteração do modelo de relação entre os bancos e as pessoas”, continua Francisco Ferreira Lima. Ou seja, “houve um movimento dos bancos em fechar agências e reduzir o ‘front office’”, repara Rui Lopes, CEO da Simplefy, uma IC criada há dois anos. Em consequência, os bancos deixaram de ter representação local e, para assuntos de crédito à habitação, foram substituídos pelos intermediários de crédito, que têm uma rede de lojas espalhadas por todo o país.
Aliás, de acordo com Nuno Espírito Santo Silva, CEO da Finsolutia, “os bancos preferem pagar uma comissão aos IC a ter um balcão aberto, porque é mais caro”. É aqui que entram as vantagens do digital. Uma loja de um intermediário de crédito não tem tantos custos como uma agência de um banco porque trabalha com plataformas digitais para fazer as simulações de crédito. Há mesmo alguns que são exclusivamente digitais.
O que ainda não dá para digitalizar é o crédito à habitação propriamente dito, nota Nuno Silva, apesar de os bancos já terem conseguido informatizar algumas partes do processo, diz Francisco Ferreira Lima. Trata-se de um "processo muito complexo e exigente” que envolve “um período de reflexão de sete dias”, uma quantia mais elevada que um crédito ao consumo, por exemplo, a contratualização de seguros e a presença de um notário, acrescenta Nuno Silva.
A tecnologia serve o humano e não ano contrário. A máquina não vai resolver zonas cinzentas, não vai ter sensibilidade. Vai sim trazer mais eficiência”, afirma Rui Lopes
Para os bancos, esta é também uma nova realidade porque podem focar-se noutros processos e produtos e deixar a angariação de crédito para os intermediários de crédito. Para Francisco Ferreira Lima, Nuno Silva e Rui Lopes o sector dos IC é, tal como o dos bancos, bastante regulado e exigente. “Mas ainda bem que há regras”, remata Francisco Ferreira Lima.
O que é?
É uma conferência organizada pela Finsolutia a que o Expresso se associa como media partner e que pretende discutir as novas formas de angariação de crédito à habitação e as implicações que isso tem para a banca e para a sociedade.
Quando, onde e a que horas?
22 de maio 2025, das 9h às 13h15, na Impresa.
Quem vai estar presente? (confirmados até à data)
- Nuno Espírito Santo Silva, CEO da Finsolutia
- Afonso Eça, administrador BPI
- José João Guilherme, administrador executivo Caixa Geral de Depósitos (CGD)
- Rui Lopes, CEO da Simplefy
- Francisco Ferreira Lima, CEO da Maxfinance
- Pedro Guedes Pinto, vogal do Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção (IMPIC)
Porque é que este encontro é central?
O recurso a intermediários de crédito tem crescido nos últimos anos, principalmente no crédito à habitação, levando os reguladores, a banca e os clientes a adaptarem-se a uma nova realidade.
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