Mais do que um produto agrícola em crescimento, os frutos secos estão a afirmar-se como na produção alimentar em Portugal e crescem a alta velocidade. A dinâmica do sector será tema de fundo no Congresso Portugal Nuts 2025, agendado para 21 de maio e ao qual o Expresso se associa como media partner, mas os sinais de mudança já se fazem sentir no terreno — da produção à transformação, passando pela resposta a novas tendências de consumo.
“O sector dos frutos secos está claramente em expansão, tanto em termos de vendas como de desenvolvimento de novos produtos no retalho europeu”, afirma Deolinda Silva, presidente da PortugalFoods. A responsável destaca que, dentro do universo dos snacks, este é hoje o segmento mais dinâmico, com os lançamentos a ultrapassarem os de batata ou fruta.
foi o crescimento do sector dos frutos secos em Portugal em 2023, com a produção de amêndoa a liderar
O perfil de consumo acompanha a transição alimentar que se vive na Europa, garante. “O vegan e o biológico têm-se destacado, refletindo a crescente procura por alimentos de base vegetal e sustentáveis”, nota Deolinda Silva, apontando também a valorização de atributos como “sem glúten”, alto teor de fibra ou elevado teor proteico. Na categoria de sabores, os salgados ainda dominam, mas opções como mel ou caramelo começam a conquistar espaço.
Mas o futuro dos frutos secos não se esgota na embalagem de snack. A transformação industrial é, segundo a presidente da PortugalFoods, essencial. “O consumo tradicional tem diminuído, e o desenvolvimento de novos produtos não é apenas uma necessidade, mas uma oportunidade real de inovação e valorização”, sublinha. Hoje, a amêndoa surge moída, em farinha, laminada, em barras energéticas, cremes para barrar ou até bebidas vegetais.
A sustentabilidade é outra preocupação central do sector, que tem procurado adaptar-se à mudança do clima. “O aproveitamento de subprodutos e as sinergias industriais, como o uso das cascas de frutos secos para a produção de energia, devem ser incentivados”, sublinha Deolinda Silva, que realça ainda a importância de valorizar a produção nacional, com origem protegida, como a amêndoa do Douro DOP (Denominação de Origem Protegida).
“Portugal tem todas as condições para liderar, não apenas na produção de frutos secos, mas na criação de produtos inovadores com valor acrescentado”, afirma Deolinda Silva, presidente da PortugalFoods
Do lado da produção, os números não enganam: o sector tem crescido de forma significativa na última década. “Os dados do INE apontam para uma maior área de amendoal quando comparada com a realidade de há 10 anos”, afirma Tiago Costa, presidente da Portugal Nuts. O crescimento é particularmente evidente no perímetro do Alqueva, onde o amendoal tem sido cultivado com maior eficiência e respeito pelos recursos, nomeadamente a água.
Contudo, este aumento coloca novos desafios à fileira, nomeadamente no que diz respeito à capacidade de transformação. “Já existem algumas unidades de transformação em Portugal, mas é necessário aumentar esse número”, alerta Tiago Costa. Um exemplo é o da Almibéria, cuja unidade inaugurada em 2024 já sentiu necessidade de duplicar a capacidade para dar resposta à procura.
“A fileira, nomeadamente da amêndoa, tem procurado criar oportunidades de negócio com subprodutos como a casca e a capota”, refere o especialista, acrescentando que há projetos-piloto em curso que prometem gerar novo valor para o sector.
Num contexto global marcado por incertezas, como a atual guerra comercial que afeta cadeias de fornecimento internacionais, Tiago Costa vê espaço para a afirmação da produção nacional. “Acreditamos que será uma oportunidade para a promoção da amêndoa portuguesa”, aponta.
É neste cenário de crescimento e transformação que se realiza o Congresso Portugal Nuts 2025, agendado para quarta-feira, dia 21. Consulte abaixo os detalhes do evento.
O que é?
O Congresso Portugal Nuts 2025 é o principal encontro nacional dedicado ao sector dos frutos secos, reunindo produtores, investigadores, decisores políticos e empresas para debater os desafios e oportunidades da fileira. A edição de 2025 aborda questões como inovação agrícola, gestão sustentável da água, tendências de mercado e consumo, e o papel estratégico dos frutos secos na economia e na alimentação.
Quando, onde e a que horas?
O Congresso realiza-se a 21 de maio, no Teatro Municipal Pax Julia, em Beja, com início às 9h.
Como posso assistir?
Pode inscrever-se aqui. O evento será transmitido no dia seguinte, 22 de maio, na página de Facebook do Expresso
Quem são os oradores em destaque?
- João Cardoso – CropLife Portugal;
- Mafalda Sarmento – Pacto para a Gestão da Água em Portugal;
- Joan Fortuny – International Nut & Dried Fruit Council (INC);
- Brandon Sidhu – Almond Board of Australia;
- Deolinda Silva – PortugalFoods;
- Paulo Nascimento Cabral – Eurodeputado;
- Tiago Costa – Presidente da Portugal Nuts.
Porque é que este tema é central?
Num contexto de incerteza climática, pressão sobre os recursos hídricos e exigência crescente dos consumidores, é essencial repensar os modelos de produção agrícola e a valorização dos frutos secos portugueses. O Congresso Portugal Nuts 2025 promove uma reflexão estratégica sobre inovação, sustentabilidade e competitividade do sector, reforçando o seu papel na economia e no panorama agroalimentar.
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