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Pacto de regime pode ser resposta para as florestas

No debate "Vamos discutir a Floresta?", organizado pela The Navigator Company e com o Expresso como media partner, questões como as perceções sobre os recursos naturais, a falta de uma visão consistente ou os novos produtos bioflorestais estiveram em discussão

Pacto de regime pode ser resposta para as florestas

Tiago Oliveira

Jornalista

Pacto de regime pode ser resposta para as florestas

Nuno Fox

Fotojornalista

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As florestas aparecem muitas vezes nas notícias pelas piores razões, seja pelos incêndios que ciclicamente destroem recursos naturais e colocam povoações em risco, pelo abandono a que estão sujeitos ou pelos perigos que se associam a certas fileiras. É um círculo vicioso que prejudica a gestão das florestas e que responsáveis e académicos querem quebrar para que se aproveite em pleno as potencialidades desta mancha verde que pode tanto servir de âncora para a fixação de população e para a dinamização económica, como também para o desenvolvimento de bioprodutos inovadores.

Caminho que se afigura difícil sem um plano estruturado de longo prazo ou potencialmente um pacto de regime que sobreviva à instabilidade política e vincule as opções políticas a um recurso que não obedece a prazos curtos. Ou pelo menos foi a opinião expressa pelos intervenientes nodebate "Vamos discutir a Floresta?", organizado pela The Navigator Company e com o Expresso como media partner.

A conferência contou com a participação de António Redondo, CEO da The Navigator Company; Pedro Dionísio, professor do ISCTE; Helena Pereira, professor no ISA-UL; Francisco Gomes da Silva, professor no ISA-UL; Teresa Soares David, investigadora em Engenharia Florestal no ISA-UL; Maria José Roxo, professor na FCSH – UNL; Raquel Almeida, diretora industrial da Caima (ALTRI); Jorge Matias, diretor na Carmo Wood (em representação da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal);Elvira Fortunato, investigadora e professora da NOVA FCT; Carlos Pascoal Neto, diretor-geral do Instituto RAIZ; Nuno Rodrigues, diretor de Energia e Transição Energética da The Navigator Company; e José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas.

Conheça as principais conclusões.

Perceções e gestão

  • A maioria das pessoas inquiridas no estudo "Para além das perceções sobre a Floresta e o Eucalipto" acredita que uma floresta bem gerida é sempre benéfica para a economia. Mas há ideias pouco fundamentadas que difundidas sem freio acabam por influenciar o debate.
  • "Há muito desconhecimento sobre o papel da floresta", alerta Helena Pereira.
  • Há "personalidades da opinião pública com opiniões muito vincadas sobre a floresta e quando escrevem, escrevem mal. Isso tem grande impacto", defende Francisco Gomes da Silva.

Pacto de regime

  • É essencial "adaptar a floresta a desafios económicos e ambientais", acredita Teresa Soares David.
  • Na opinião de António Redondo, precisamos de "um modelo de desenvolvimento que não sacrifique o amanhã por causa de opções ideológicas", sobretudo quando "continuamos a importar matérias-primas que poderíamos produzir cá".
  • Os intervenientes falaram na importância de desenvolver um pacto de regime para salvaguardar os interesses de floresta e defina uma visão estratégia de futuro que vá além das opções partidárias de curto prazo.

Território

  • "Há uma floresta diferente que pode ser rentável para a vida das pessoas", acredita Pedro Dionísio.
  • "Há que ter em conta as características do território, o que não tem sido uma prática. Essa diversidade tem que ser considerada", aponta Maria José Roxo.
  • Entre "PRR e agendas mobilizadoras", Elvira Fortunato considera que "temos agora uma excelente oportunidade para nos reindustrializarmos".

Bioprodutos

  • Somos um "país muito rico em energia", lembra Nuno Rodrigues, só que pode não ser sempre a mais óbvia. Bioprodutos com base em recursos florestais têm aplicações que vão desde a indústria energética à têxtil, por exemplo.
  • "Temos que passar de uma economia linear fóssil para uma bioeconomia circular com base em produtos renováveis", explica Carlos Pascoal Neto.
  • Já o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, referiu a apresentação amanhã por parte do primeiro-ministro Luís Montenegro de um pacto nacional para as florestas que reflete a "visão de uma floresta que tem que criar riqueza e coesão territorial", sem esquecer o "papel importantíssimo" que a indústria do papel tem "na investigação, na promoção da biodiversidade e combate às alterações climáticas".

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