As florestas em Portugal assumem-se como um dos principais recursos naturais do país, com uma presença constante ao longo do território. Entre atividades económicas e impacto ambiental, a sua influência é enorme e por isso alimenta tanta discussão quanto à forma como deve ser aproveitada e gerida, para impedir que seja mais do que material para notícias sobre incêndios mas também um ativo que beneficie as populações, as atividades produtivas, e a biodiversidade que alberga.
"O debate sobre a floresta, e em particular sobre a de eucalipto, é frequentemente marcado por perceções que nem sempre correspondem à realidade", assume a professora do Departamento de Geografia e Planeamento Regional da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL), Maria José Roxo. "Um estudo recente sobre este tema, realizado pelo FutureCastLab do ISCTE, mostrou que a opinião pública tende a acompanhar notícias sobre a floresta apenas quando ocorrem incêndios, o que cria uma visão parcial e pouco informada sobre o sector, que, por sua vez, influencia a forma como o tema é debatido", sustenta. Trata-se de uma "visão fragmentada que gera equívocos, como a ideia de que o eucalipto é a principal causa dos fogos, quando, na realidade, o verdadeiro problema identificado pelos especialistas é o abandono e a falta de gestão ativa das áreas florestais, independentemente da espécie". Para a investigadora, "existe uma necessidade urgente de adotar um modelo económico sustentávelque equilibre o valor económico com a preservação ambiental, garantindo um futuro mais harmonioso para a floresta portuguesa".
Será uma das questões em debate no evento "Vamos discutir a Floresta?", organizado pela The Navigator Company e que tem o Expresso como media partner, e onde especialistas do sector vão-se reunir para traçar um retrato do panorama atual e destapar um pouco o pano sobre o que podemos esperar para o futuro.
da área de Portugal é ocupada por florestas
É o caso das florestas plantadas, "um exemplo da possível conjugação dos três pilares da sustentabilidade: ambiental, económico e social", defende Teresa Soares David, investigadora em engenharia florestal noInstituto Superior de Agronomia - Universidade Técnica de Lisboa (ISA-UL). "Com adequado ordenamento, com diversificação da paisagem e com práticas de gestão adequadas, além de garantirem a produção renovável de biomassa para inúmeras indústrias, podem prestar serviços ambientais essenciais". Quando se discute que "o mundo precisa urgentemente de reduzir a dependência dos recursos fósseis e de avançar para paradigmas mais circulares, as florestas plantadas oferecem soluções concretas", explica. "Não só garantem matérias-primas renováveis para substituir produtos de base fóssil, como também ajudam a aliviar a pressão sobre as florestas naturais, permitindo que estas sejam geridas exclusivamente para conservação".
Para Francisco Gomes da Silva, professor no ISA-UL, parece claro que "a evolução da floresta portuguesa dependerá das escolhas que fizermos nos próximos anos". Sobretudo porque "há desafios estruturais que precisam de ser enfrentados com coragem, desde o abandono das áreas florestais até à necessidade de políticas públicas mais equilibradas, que valorizem, em simultâneo, a produção sustentável e a preservação ambiental, valores esses que estão inevitavelmente ligados à necessidade de intensificarmos os níveis de gestão de parte significativa das áreas da floresta do nosso país". Sem esquecer que "a floresta será também um elemento chave na transição climática e na bioeconomia", porque o "sector tem capacidade para contribuir para a substituição de materiais de origem fóssil, desenvolver produtos inovadores e reforçar a economia circular".
"Mas de que novos bioprodutos estamos a falar?", questiona a professora na ISA-UL. Helena Pereira. "Destaco os materiais de embalagem biodegradáveis, que em breve serão uma realidade nos supermercados, substituindo plásticos de uso único", ao passo que "as folhas e cascas dão-nos bioquímicos ativos para a cosmética e a saúde, e também para a indústria têxtil" e "os biocombustíveis avançados integram as biorrefinarias com base no eucalipto e são hoje já parte da sua bioeconomia". Um campo onde "Portugal pode estar na linha da frente desta bioeconomia, combinando conhecimento eknow-how industrial com o potencial da floresta de produção".
A aposta em bioprodutos abre novos caminhos para a floresta nacional, promovendo uma economia mais circular e sustentável, ao mesmo tempo que gera valor e competitividade para o país, afirma Helena Pereira
Saiba tudo sobre o evento em baixo.
É um debate organizado pela The Navigator Company, com o Expresso como media partner, que tem como objetivo promover a discussão sobre a importância das florestas plantadas, apresentar estudos recentes sobre a floresta e o eucalipto, bem como debater o futuro dos bioprodutos florestais.
Quando, onde e a que horas?
20 de março de 2025, no Edifício Impresa, em Paço de Arcos, das 9h30 às 13h.
- António Redondo, CEO da The Navigator Company
- Pedro Dionísio, professor do ISCTE
- Helena Pereira, professor no ISA-UL
- Francisco Gomes da Silva, professor no ISA-UL
- Teresa Soares David, investigadora em Engenharia Florestal no ISA-UL
- Maria José Roxo, professor na FCSH – UNL
- Raquel Almeida, diretora industrial da Caima (ALTRI)
- Elvira Fortunato, investigadora e professora da NOVA FCT
- Carlos Pascoal Neto, diretor geral do Instituto RAIZ
- Nuno Rodrigues, diretor de Energia e Transição Energética da The Navigator Company
- José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas
Porque é que este encontro é central?
Porque vivemos uma altura crucial para definir o rumo a dar aos recursos florestais e tomar decisões que serão essenciais para o seu futuro como ativo económico e ambiental.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (verCódigo de Conduta), sem interferência externa.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt