“Paira no ar a ameaça” para 2025

“A primeira semana de Donald Trump foi estonteante”, resume o ex-ministro da Economia Pedro Siza Vieira, para quem parece claro que “a Europa deve levar isto a sério” e que as “escolhas que faz não devem ser para apaziguar os EUA”, antes de deixar uma questão: “Como vamos financiar este esforço acrescido na defesa que é absolutamente inevitável?” Sobretudo quando o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou recentemente a antecipação da meta dos 2% do PIB em despesa no sector, o que implica €1,7 mil milhões de aumento do investimento em quatro anos.

Claro que a resiliência só vai até onde o contexto internacional permite: “Vemos atualmente França e Alemanha como incógnitas”, exemplifica o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, para quem “um dos principais problemas da Europa é a falta de fontes de financiamento”, frase que admite ser “um bocadinho contra os bancos”. O gestor lembra que “nos EUA não é assim”, por oposição a Portugal, “que tem dois problemas de investimento, privado e público”. A somar-se a este cenário, acrescenta que vemos “classes médias cada vez mais comprimidas” e que, “por reação, votam cada vez mais da maneira que votam”. Mesmo com estas questões “no horizonte, os empresá­rios continuam a acreditar nos seus negócios”.

Num mundo cada vez mais competitivo, atrair recursos também é apontado como um dos problemas endémicos que Portugal deve começar a resolver em 2025, com Rui Costa, administrador da Turilima, a não esconder “as dificuldades em ter equipas para desenvolver projetos”. Pelo seu lado, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Feerica, Rui Pereira, assume que consegue “contratar os recursos humanos de que precisa”, mas que “na realidade podia haver mais oferta”.