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Do interior para o mundo e mais além. Até para o espaço

Do interior para o mundo e mais além. Até para o espaço

Vencedores. A lista das empresas distinguidas este ano mostra que há grandes grupos nacionais a nascer fora de Lisboa e Porto e também a importância que Portugal tem para empresas estrangeiras, mesmo as que chegaram há pouco tempo

Ana Baptista

Jornalista

Do interior para o mundo e mais além. Até para o espaço

Matilde Fieschi

Fotojornalista

De Moçambique para Viseu e de Viseu para mais de 18 países no mundo. É assim o percurso de Fernando Campos Nunes, o fundador do grupo Visabeira, que foi distinguido como Empresário do Ano na sétima edição dos Prémios Expresso Economia | Caixa Geral de Depósitos (CGD). Uma escolha que surge não só pela expansão geo­gráfica da empresa, mas também pelo crescimento sustentado que demonstrou em 44 anos de existência e principalmente nos últimos cinco, em que duplicou o seu volume de negócios de mil milhões de euros para dois mil milhões. Uma evolução que se deve à presença em várias atividades de negócio — como a energia, as telecomunicações, o turismo e a indústria —, mas também à aquisição de empresas, mesmo quando já ninguém dava nada por elas. “Em 2009, a Bordallo Pinheiro e a Vista Alegre estavam num estado iminente de falência. Foi nesse momento que o meu pai decidiu apostar nessas empresas, numa altura em que se vivia um ambiente económico muito desfavorável em investimentos arriscados”, conta o filho Fernando Daniel Nunes, que é também administrador do grupo e recebeu o prémio em nome do pai. Uma aposta que se revelou certa, porque as duas organizações cresceram em receitas e parcerias, sendo a mais recente com Cristiano Ronaldo, para expandir as marcas para o Médio Oriente e Ásia.

“Este prémio demonstra que Portugal não é só Lisboa e Porto. Que é possível, a partir de Viseu e do interior do país, construir uma empresa global”, diz Fernando Daniel Nunes.
O grupo DST (Domingos Silva Teixeira) é outro exemplo disso. Foi de Braga para vários destinos na Europa e até chegou ao espaço, através da participação num nanossatélite português. Um feito que, juntamente com as duas Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que ganhou, lhe valeu o prémio de Conquista Empresarial do Ano. Não muito longe, em Lousado, ao pé de Vila Nova de Famalicão, opera a fábrica de pneus Continental Mabor, que nos últimos três anos ultrapassou “os €1,3 mil milhões de vendas, com uma percentagem de exportação a rondar os 99,5%”, conta o CEO, Pedro Carreira. Daí o prémio Crescimento das Exportações, mas também o de empresa com mais de 50 anos. É que tudo começou apenas como Mabor, em 1938. O nome Continental Mabor só existe há 34 anos, quando o grupo alemão comprou a “envelhecida” Mabor. Um momento que, diz Pedro Carreira, foi dos mais importantes para a empresa.

Sector do retalho em destaque com três empresas a serem premiadas: Pingo Doce, Mercadona e Intermarché

O grupo Pestana é outro que “tem feito um crescimento notável”, neste caso “a partir da ilha [da Madeira]”, repara o CEO, José Theotónio, sobre a distinção pelo crescimento do volume de negócios, a mesma ganha pelo Pingo Doce. Aliás, as companhias de retalho tiveram uma presença marcante nesta edição. Além do Pingo Doce, também o Intermarché foi agraciado com o prémio Mulheres na Gestão e a Mercadona distinguiu-se no crescimento do emprego. Só este ano abriu 11 novos supermercados em Portugal, para cada um dos quais contrata um máximo de 100 pessoas, conta Inês Santos, diretora de Relações Institucionais.

Do mundo para Portugal

A distinção da espanhola Mercadona e da francesa Intermarché é exemplo de como são várias as organizações estrangeiras a crescer em Portugal. Na lista das premiados surgem outras, como a FlixBus, que começou a operar em 2017 com linhas internacionais e em 2020 com ligações domésticas e atualmente opera em 90 cidades portuguesas e serve os três aeroportos nacionais, fazendo “mais de 250 ligações diariamente na rede doméstica” e chegando “a 104 destinos interna­cionais” a partir de Portugal, assinala Tiago Cavaco Alves, responsável pelo desenvolvimento do negócio em Portugal.

FRASES

“Temos mais de 50% de mulheres, mas não as escolhemos por serem mulheres, mas pelas suas competências”

Anne Saintemarie
Presidente do grupo Intermarché


“Neste período do Natal e Ano Novo, a ligação Lisboa-Porto passou a ter até 166 viagens, o que representa um aumento de cerca de 60% face ao ano anterior”

Tiago Cavaco Alves
Responsável pelo desenvolvimento do negócio da FlixBus em Portugal


“Em 1990 a fábrica passou para a Continental e foi feito um grande investimento na renovação dos equipamentos, na formação e qualificação das nossas pessoas. Esta foi a base”

Pedro Carreira
CEO da Continental Mabor

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