“Temos as poupanças das famílias guardadas nas paredes das suas casas”
O debate contou com os CEO da Fidelidade, Generali Tranquilidade e Ageas Portugal
Matilde Fieschi
A consultora PwC organizou esta quinta-feira uma conferência - à qual o Expresso se associou com media partner - para debater os temas que mais preocupam o sector dos seguros
Ana Baptista
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Alterações climáticas, fraca adesão a seguros e a produtos de poupança, falta de incentivos fiscais, baixos rendimentos e baixa literacia. São muitas as preocupações do sector dos seguros neste momento, mas também há soluções e vontade de as encontrar. Foi essa uma das conclusões do Fórum Seguros que a consultora PwC organizou esta manhã na Gulbenkian, em Lisboa, e que contou com António Correia, presidente da PwC; Margarida Corrêa de Aguiar, presidente Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF); José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguros (APS); André Rodrigues, sócio da PwC; Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade; Pedro Carvalho, CEO da Generali Tranquilidade e Luís Menezes, CEO do grupo Ageas Portugal. Estas são as principais conclusões.
1. “Gap tremendo de protecção”
A primeira pergunta de Ricardo Costa, que moderou o debate com os CEO de três das principais seguradoras do país, teve a ver com os tumultos que assolaram Lisboa nas últimas duas noites e que levaram à destruição de quatro autocarros e vários carros.
Bens que ou não têm seguros ou que os têm mas que não cobrem situações deste género. Ou porque são difíceis de acreditar que podem acontecer ou porque os portugueses tendem a não contratar seguros ou a escolher apólices com um prémio baixo.
O mesmo é válido quando se fala em catástrofres climáticas, como uma tempestade forte que arranca um telhado ou provoca uma inundação. Ou quando se fala de um incêndio que destrói hectares de terreno e casas.
“Tudo acaba nos seguros, mas gostávamos que acabasse mais nos seguros, que as pessoas estivessem devidamente protegidas. Há um gap tremendo de protecção”, diz Rogério Campos Henriques, acrescentando que, em Portugal, a cobertura de eventos climáticos - que são cada vez mais frequentes e extremos - “é baixissíma”: 5%.
Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões
Matilde Fieschi
2. Pouca poupança
Este “gap” de protecção existe nos seguros multiriscos, aqueles que mais podem proteger destes eventos climáticos, mas também nos produtos de poupança.
“Há uma persistência de lacunas no planeamento para a reforma”, diz Margarida Corrêa de Aguiar, que acrescenta que isso se deve a uma literacia financeira “muito baixa”, mas também ao facto se seremos um país de baixo rendimentos e, por isso, pouco propensos a contratar seguros.
José Galamba de Oliveira sugere que se deviam “criar produtos inovadores como a desacumulação de poupança em património imobiliário”. Porque, diz, “temos as poupanças das famílias guardadas nas paredes das suas casas”. Casas essas cuja maioria não têm seguro nenhum a não ser o de incêndio que é obrigatório.
José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguros
Matilde Fieschi
3. A importância dos dados
André Rodrigues acredita que o facto de vivermos um momento em que há cada vez mais dados disponíveis facilita a gestão dos seguros, ajudando a definir os riscos e os prémios a pagar.
Contudo, é preciso perceber que dados se tem porque ainda há muitos dados trabalhados em excel, “que podem levar a erros humanos” e “quanto mais imprecisos forem os dados mais difícil é a gestão”.
Além disso, é também preciso haver ainda mais dados do que os que já existem e daí a oportunidade da Inteligência Artificial. “A gestão de dados não é só uma questão técnica e de tecnologia de informação, mas uma questão estratégica numa seguradora”.
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