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“A diversidade acrescenta valor”

“A diversidade acrescenta valor”
Matilde Fieschi

Não trata apenas de questões de género, mas é um tema que tem de ser trabalhado nas empresas. Diferentes áreas de competência, multiculturalidade ou distintas faixas etárias tornam organizações mais competitivas, quebram preconceitos e eliminam mitos que prevalecem por gerações. Ultrapassar os estigmas nas áreas financeira e tecnológica serviu de mote ao evento ‘Breaking the bias Fin&Tech’, que decorreu esta manhã na sede da Impresa, em Paço de Arcos

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Dois painéis de debate e a gravação de um podcast. Dez mulheres, líderes de grandes organizações nas áreas financeira e tecnológica, e dois homens, com cargos equivalentes. Diversidade? Sem dúvida. Igualdade de género? Um enviesamento da realidade de muitas organizações, mas, acreditam os oradores, um espelho do que poderá (e deverá) ser o futuro. Assim foi a manhã de debate no evento ‘Breaking the bias Fin&Tech’, uma iniciativa da iCapital, a que o Expresso se associou como media partner, e que começou com uma conversa com Maria Cândida Rocha e Silva, presidente do Conselho de Administração do Banco Carregosa.

Aos 80 anos, aquela a quem chamam “a última banqueira” partilhou com a plateia um pouco da sua viagem profissional, desde que chegou à Bolsa do Porto, onde foi, em 1974, a primeira mulher corretora. Durante cinco décadas inspirou mulheres, mas também homens, a quem demonstrou que uma carreira na área financeira pode ser desafiadora, mas impactante. A conversa completa pode ser ouvida no Podcast ‘O CEO é o limite’, no site do Expresso.

O painel "Breaking the Bias in Finance", moderado por Mafalda Rebordão (à esquerda) contou com a participação de Inês Drumond (CMVM), Jorge Sousa Teixeira (BPI Gestão de Ativos), Madalena Talone (Caixa Geral de Depósitos) e Anastasia Amoroso (iCapital)
Matilde Fieschi

Educar, educar, educar

A área financeira é uma das bases da economia de qualquer sociedade, uma vez que capta as poupanças dos particulares, e financia empresas públicas e privadas que, sem este apoio, não seriam capazes de crescer, de inovar ou de partir para voos internacionais. Mas é igualmente um sector repleto de desafios, entre os quais a digitalização que tem de acompanhar as tendências e as necessidades do mercado. Por outro lado, o seu desenvolvimento depende também do conhecimento dos investidores – particulares e empresas -, o que faz da literacia financeira “essencial para a educação e que deve começar muito cedo”, diz Jorge Sousa Teixeira. O CEO e diretor executivo da área de gestão de ativos do BPI e defende que cabe às instituições facilitar o acesso das pessoas a instrumentos fáceis e seguros. “Uma boa formação financeira tem impacto no valor investido e, consequentemente, na economia”.

Esta educação financeira a começar nos bancos da escola é, na perspetiva dos convidados do painel, não só uma ferramenta de conhecimento, como também um fator que abre novas possibilidades de futuro e que permitirá trazer maior diversidade às organizações. Inês Drumond, vice-presidente da CMVM (Comissão de Mercados de Valor Mobiliário), não tem dúvidas de que “a diversidade acrescenta valor”. Uma opinião totalmente partilhada por Madalena Talone, administradora da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que acrescenta que “deve ser um tema estratégico nas empresas e uma prioridade essencial nos negócios”.

No entanto, alerta Jorge Sousa Teixeira, “quando falamos de diversidade nos negócios, não estamos apenas a falar de género”. O CEO recorda que a multiculturalidade, as diferentes gerações, ou as distintas competências que compõem os talentos nas organizações representam as várias ‘faces’ da diversidade.

A segunda mesa-redonda, "Breaking the Bias in Tech", moderada pela jornalista Cátia Mateus (à esquerda) contou com a participação de Vanda de Jesus (iCapital), Ivete Ferreira (Microsoft), Célia Reis Oliveira (Capgemini Engineering), Silvia Bechman (Mercedes.Benz.IO) e Paulo Carvalho (Salesforce)
Matilde Fieschi

Conheça outras conclusões:

  • Portugal não pode desperdiçar nenhum talento, mesmo que de áreas que nada têm a ver com a tecnologia. “A requalificação ajuda a combater a falta de talentos na tecnologia”, afirma Vanda Jesus, da iCapital.
  • “As mulheres têm que gostar de ter autonomia financeira e poder para entrarem na área tecnológica”, defende Célia Reis Oliveira. A liderar equipas de engenheiros em países como Marrocos e Índia, a vice-presidente executiva da Capgemini Engineering, revela que as equipas locais têm mais mulheres do que homens.
  • “As oportunidades vão ser iguais quando encontrar uma mulher incompetente a liderar uma organização”, diz, em tom de brincadeira, Paulo Carvalho, vice-presidente para a EMEA na Salesforce. Na realidade, sublinha, “qualquer organização quer contar com o melhor talento, independentemente do género ou da área de formação”.
  • Sílvia Bechmann, CEO da Mercedes-Benz.io, acredita que a capacidade de criar valor e de impactar a sociedade que existe na área tecnológica, pode ser um fator de atração para mais mulheres.
  • Na opinião, de Ivete Ferreira, responsável de vendas regional (WE, UK & NL) na Microsoft, os líderes têm de ser capazes de gerir o talento e a diversidade. No entanto, alerta que a liderança tem que ser adaptada aos diferentes perfis das equipas e “trabalhar sempre os pontos fortes de cada um”.

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