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“Desde que levamos a vacina os efeitos são mais suaves”

Jorge e Delfina são vacinados contra a gripe há vários anos
Jorge e Delfina são vacinados contra a gripe há vários anos
Tiago Miranda

Gripe. Cristina Vaz Tomé, secretária de Estado da Gestão da Saúde, anunciou no Flu Summit 2024 o alargamento das vacinas grátis de alta dose para pessoas com 85 ou mais anos. Antes dessa idade é preciso prevenir, como faz o casal Condessa

E, de repente, lá se aproxima o inoportuno espirro, seguido do chamado ataque de tosse. O corpo dá os primeiros sinais de fraqueza, os músculos estão doridos, a cabeça pesa e a temperatura do corpo ameaça subir. Adivinham-se dias difíceis. Resta procurar um médico, primeiro, e o conforto possível numa cama, depois. Estes são alguns dos principais sintomas de gripe, com os quais Delfina Condessa, 63 anos, reformada, estava familiarizada. “Tinha muitas gripes por ano”, confessa. E explica: “Tinha para aí 57 anos, e com patologias associadas, quando a minha médica de família aconselhou-me a vacina contra a gripe. E foi uma grande diferença. Praticamente deixei de ter gripes. Na altura chegava a estar três dias de cama.”

O marido, Jorge Condessa, 61 anos, ouve a conversa e acena a cabeça em sinal de concordância. Ele também é vacinado contra a gripe, mas por outras razões. “Trabalho na área do ar líquido medicinal e a minha empresa sugere, todos os anos, de forma gratuita, a vacina contra a gripe aos seus funcionários. E eu sou vacinado desde 2007”, diz. E sente resultados: “Não fico engripado. Aliás, sempre fui resistente, mas sabemos que não há campeões e que a gripe pode chegar a qualquer momento. Há sempre essa hipótese. Mas, tendo a possibilidade, opto por ser vacinado.”

O casal Condessa está bem informado em relação aos benefícios da vacina. “Mesmo que a pessoa fique com gripe, desde que levamos a vacina os efeitos são muito mais suaves”, reforça Delfina.

Este foi, de resto, um dos assuntos no Flu Summit 2024, organizado pela Sanofi e ao qual o Expresso se associou como media partner, evento que reuniu no Palco Impresa vários especialistas e responsáveis na área da saúde.

Joana Louro defende que as pessoas com patologias graves devem levar a vacina independentemente da sua idade

Uma jornada que ficou sobretudo marcada pelo anúncio da secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé. “Vamos alargar a dose elevada da vacina contra a gripe para pessoas com 85 ou mais anos. Até aqui eram dadas apenas às pessoas que estavam nos lares”. Refira-se que a vacina standard é já ministrada gratuitamente a pessoas com 65 ou mais anos, ou a doentes crónicos, mas na próxima época gripal as pessoas com 85 ou mais anos já podem tomar a vacina de dose elevada sem pagarem nada.

Evitar internamentos

Para Cristina Vaz Tomé, “Portugal está a fazer o seu caminho” em matéria de vacinação. “Estamos muito empenhados no Governo em gerir não só tudo o que tem a ver com o sistema nacional de saúde, mas também atuar na prevenção. É esse o nosso trabalho”, acrescenta. Até porque, para a secretária de Estado da Gestão da Saúde, “a vacinação é essencial não só para combater a agudização, mas também a prevenção”. E reforça a importância de “evitar internamentos ou o recurso a consultas, que têm um custo muito grande não só para o cidadão, que fica mais debilitado, mas também para o Serviço Nacional de Saúde. Pretendemos ter cidadãos saudáveis.”

Quanto à possibilidade de, em breve, a vacina de alta dose poder ser ministrada de forma gratuita a pessoas com idade abaixo dos 85 anos, André Peralta-Santos, subdiretor-geral da Saúde, foi claro: “Todos os anos fazemos uma avaliação muito rigorosa, baseada em pareceres, sobre a evolução científica. Este ano foi decidido alargar para a população de 85 ou mais anos, mantendo os residentes em lares, e para o ano voltaremos a avaliar a situação. Estamos atentos e todos os anos avaliamos as novidades científicas e tentamos adequar a evolução científica ao que achamos ser a melhor estratégia vacinal.”

Os alertas

Joana Louro, internista no Hospital das Caldas da Rainha, ULS Oeste, aplaudiu a medida anunciada por Cristina Vaz Tomé, mas deixou alguns alertas. “Avançar para todas as pessoas com 85 ou mais anos é um grande passo, mas estamos a excluir pessoas que têm condições crónicas e patologias que lhes conferem muito mau prognóstico. Por isso, mais do que a idade, é importante que a acessibilidade seja para pessoas que têm determinadas condições que lhes confere maior morbilidade e mortalidade”, afirmou.

E foi mais concreta: “Pessoas com diabetes, com doenças respiratórias crónicas, com insuficiência cardíaca e patologia cardiovascular, doenças oncológicas, imunocomprometidos, enfim... Tem de haver barreiras, tem de se identificar quem vai beneficiar mais com a vacina de alta dose, mas não deveria ser apenas a idade, mas também as condições de cada doente.”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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