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O futuro chegou ao bloco operatório do Santo António

Ivone Silva e Rita Veloso são os rostos da equipa que pensou e executou o projeto iBird, o grande vencedor dos Portugal Digital Awards
Ivone Silva e Rita Veloso são os rostos da equipa que pensou e executou o projeto iBird, o grande vencedor dos Portugal Digital Awards
Fernando Veludo/nFactos
Robótica: o projeto iBird — criado pelo Centro Hospitalar Universitário de Santo António (CHUdSA) — trouxe à área cirúrgica o estado da arte da tecnologia. O digital aplicado à saúde está a revolucionar a sala de operações deste hospital público. Os Portugal Digital Awards 2023 são uma iniciativa conjunta da IDC e da Axians, à qual o Expresso se associa como media partner
O futuro chegou ao bloco operatório do Santo António

Sara Fevereiro

Jornalista

Tudo começou em junho de 2021, quando os profissio­nais e o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de Santo António (CHUdSA), no Porto, se reuniram para pensar o bloco operatório do futuro. Da troca de ideias nasceu o iBird, que surgiu não só para modernizar o hospital como também para dar resposta à lacuna mais premente que persiste no SNS: a falta de recursos humanos. Como explica Ivone Silva, diretora do bloco operatório do CHUdSA, esta aposta forte na inovação, na transformação e na diferenciação tecnológica — através do iBird — é uma maneira alternativa e estratégica de “motivar os profissionais e de reter talento”.

Robôs, 5G e novos sistemas

“Hugo” e “Rosa” são os nomes dos robôs que ajudam a dar corpo a toda esta modernidade. O primeiro serve a urologia, a ginecologia e a cirurgia geral e o segundo dedica-se às cirur­gias do joelho. “Somos o único hospital público que tem dois robôs”, diz Ivone Silva. A cirurgia robótica apresenta várias vantagens: é mais segura, mais precisa, menos invasiva, permite uma recuperação mais rápida do doente e acarreta menos complicações pós-operatórias.

O bloco está apetrechado com tecnologia 5G, utilizando-se óculos de realidade mista para realizar as cirurgias, e em breve o hospital avançará para o metaverso. Estas inovações permitem formar mais rapidamente os aprendizes — visto que é um hospital universitário —, sendo que “80% dos alunos dizem estar satisfeitos com este método”, conta a especialista. Favorece, igualmente, a redução do número de pessoas no bloco operatório, o que diminui a quantidade de infeções cirúrgicas.

“O CHUdSA é o único hospital público que tem o CollaboratOR1”, esclarece a diretora do bloco. É um sistema que promove a interoperabilidade entre dispositivos médicos, aglutinando a informação e facilitando a cirurgia, ao mesmo tempo que permite que outros especialistas — fora do bloco — possam assistir ou até intervir à distância.

Outra das soluções incorporadas no iBird é a app “Get Ready”, que acompanha o doente digitalmente desde que é inscrito para cirurgia robótica até ao pós-operatório. “Isto cria um canal de comunicação entre os doentes e a equipa cirúrgica”, afirma Ivone Silva. Há outras vantagens associadas a esta tecnologia como a redução do papel em 40%, diminuindo a pegada ecológica. Além disso, a instituição lançou um planeamento cirúrgico inteligente, que fez com que as cirurgias aumentassem em cerca de 8%, o que equivale a 242 intervenções.

Dada a sua pertinência e complexidade, o iBird foi a solução tecnológica que conquistou o prémio de Melhor Projeto de Transformação Digital nos Portugal Digital Awards, competição que pretende reconhecer aqueles que mais se destacam neste domínio. A verdade é que o júri não ficou indiferente à inovação aplicada a uma das áreas mais cruciais da medicina — a cirurgia —, sendo a saúde, no geral, um dos sectores que mais mudanças tem sofrido no caminho que a socie­dade traçou rumo à digitalização. Além do galardão principal, o projeto somou mais duas distinções: Melhor Projeto de Saúde e Melhor Projeto de Futuro das Operações. “O iBird é pago pelos contribuintes, para uso dos contribuintes”, lembra Rita Veloso, vogal executiva do Santo António.

Personalidade digital do ano

Teresa Rosas, head of IT na Fidelidade, foi eleita a Melhor Líder Digital, outra das categorias mais importantes dos Portugal Digital Awards. Com uma carreira longa nesta área, a vencedora foi das primeiras a frequentar o curso de Engenharia Informática no país e sempre achou que a tecnologia “iria ser algo com um impacto único no mundo”. Teresa Rosas mostrou, desde muito cedo, vontade de “ver a tecnologia ao serviço de uma organização, transformando-a”, e é isso que tem tentado fazer na Fidelidade. “Este prémio é um incentivo para continuarmos a nossa transformação”, conclui.

A E-Redes esteve igualmente em destaque ao levar dois galardões para casa com o projeto GridWise, solução que venceu nas categorias de Melhor Projeto de Futuro da Inteligência e Melhor Projeto de Energia & Utilities. Esta é uma plataforma de monitorização e controlo que “irá ter um impacto nas redes de baixa tensão”, garante Ricardo Santos, diretor do departamento de inovação da empresa. Por fim, o Open Data, também da E-Redes, foi considerado o Melhor Projeto de Ecossistema Digital.

Os outros vencedores

Melhor Projeto de Futuro de Clientes e Consumidores

Locky Cacifos automáticos, criados pelos CTT, com horário alargado, sem filas e em locais de fácil acesso e com muitas pessoas para receção e/ou envio de encomendas.

Melhor Projeto de Futuro do Trabalho

Mobi CTT Aplicação para a Península Ibérica, também dos CTT, desenvolvida para suportar a atividade de entrega de correios e encomendas expresso em Portugal e na vizinha Espanha.

Melhor Startup

iFishCan Software, da Foodintech, de gestão de produção industrial e de qualidade que permite sustentar ou acelerar a tomada de decisões das empresas.

Melhor Projeto Governamental

ALYA Plataforma do Banco de Portugal, dotada de sumarização, identificação de palavras-chaves, entidades e extração e classificação de informação.

Melhor Projeto Bancário

Cognitive Operations Projeto da CGD com o objetivo de automatizar operações que consistem no tratamento de documentos heterogéneos, que implicam muito tempo de realização.

Melhor Projeto de Seguros

Ecossistema MyPets Plataforma, criada pela Fidelidade que se centra numa solução integrada para a saúde, o bem-estar, a fidelização e a gamificação dos animais.

Melhor Projeto de Retail & Distribuição

GenAI — New Service AI Assistante Projeto que disponibiliza aos agentes da Ascendum um motor de IA que otimiza a identificação de problemas nas máquinas e seleciona a melhor resolução.

Melhor Projeto de Educação

Apps for Good Portugal Programa educativo da CDI Portugal que desafia alunos e professores a desenvolverem apps, mostrando-lhes o poder da tecnologia na transformação do mundo.

Melhor Projeto de Transportes

Ambiente Digital da Tração Solução criada pela CP, para os maquinistas, que visa a transformação digital da atividade da tração, onde cada colaborador está afeto a um tablet.

Distinção digital

Já são conhecidos os vencedores dos Portugal Digital Awards 2023 — uma iniciativa conjunta da IDC e da Axians, à qual o Expresso se associa como media partner —, competição que já vai na 8ª edição e cuja missão é divulgar e distinguir as empresas nacionais que mais se destacam na área da transformação digital.

Textos originalmente publicados no Expresso de 8 de dezembro de 2023

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