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Manuel Pizarro: “As farmácias são lugares da promoção da literacia em saúde”

Ministro da Saúde marcou presença na abertura oficial do evento que decorreu no Mosteiro de Alcobaça
Ministro da Saúde marcou presença na abertura oficial do evento que decorreu no Mosteiro de Alcobaça
João Girão

Ministro da Saúde lembrou o papel destes espaços como “braço longo do SNS”, nomeadamente durante a campanha de vacinação contra a gripe e covid-19. Reformas em curso para dividir responsabilidades com os farmacêuticos foi tema central no encontro anual da Tecnigen, a que o Expresso se associou como media partner, e que se realizou este sábado em Alcobaça

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Existem em Portugal mais farmácias do que pontos de atendimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), assinalou este sábado Manuel Pizarro. O ministro considera que a “capilaridade” desta rede – que conta com quase três mil espaços, contra os cerca de 2300 do SNS – permite que atuem como “lugares da promoção da literacia em saúde”, mas também de apoio próximo aos doentes. “Isto mostra bem qual é o potencial gigantesco que as farmácias de oficina têm como espaço de promoção do acesso à saúde dos portugueses”, acrescentou o ainda responsável pela pasta da saúde no Governo.

Durante as primeiras seis semanas da campanha sazonal de vacinação contra a gripe e contra a covid-19, Pizarro confirma terem sido administradas mais de 2,4 milhões de doses. “As pessoas valorizam a proximidade e a qualidade do serviço que as farmácias oferecem. É uma grande experiência que temos de expandir para o futuro”, reforçou.

Maria do Carmo Neves, presidente do Conselho de Administração do GTM, enalteceu a importância do SNS em Portugal, mas reconheceu a necessidade de rever o seu funcionamento. "O papel emblemático criado há 44 anos precisa de ser reformado para responder às exigências atuais", apontou
João Girão

Este sábado, o Mosteiro de Alcobaça recebeu mais uma edição do evento anual da Tecnigen, reservado a farmacêuticos, desta feita dedicado ao debate sobre “A revolução silenciosa do SNS: que desafios para a farmácia comunitária?”. A sessão contou, além da presença do ministro da Saúde, com o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, dos professores universitários Afonso Miguel Cavaco e Margaret Watson, bem como da farmacêutica Catarina Dias e de Maria do Carmo Neves, presidente do Conselho de Administração do GTM.

Conheça abaixo as principais conclusões:

O debate contou com a presença de (da esq. para a dir.) Afonso Miguel Cavaco (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa), Margaret Watson (Scottish Enterprise), Catarina Dias (farmacêutica) e Helder Mota Filipe (Ordem dos Farmacêuticos)
João Girão

Farmácias como balão de oxigénio para o SNS

  • A experiência de vacinação nas farmácias durante as últimas semanas é, para os oradores presentes, uma prova de que estes espaços estão preparados para expandir o tipo de serviços que oferecem aos cidadãos. “Há uma oportunidade para que os farmacêuticos comunitários possam, na medida das suas competências, desenvolver serviços complementares”, sublinha Helder Mota Filipe, em referência a medidas como a renovação da medicação para doentes crónicos que arrancou no final de outubro;
  • Esse projeto está a dar os primeiros passos, mas faz parte de uma estratégia do Governo e da Direção Executiva do SNS para permitir que os farmacêuticos passem a poder responder a urgências simples de doença. O modelo está já implementado na Escócia, através do programa Pharmacy First, que permite, entre outras coisas, dispensar antibióticos aos doentes com infeções urinárias, mas também oferecer consultas básicas de saúde. “Já tivemos cerca de 5,5 milhões de consultas em farmácias desde a introdução do programa no final de 2020”, atesta Margaret Watson;
  • “Temos mais de 12 mil farmacêuticos espalhados nas farmácias de todo o país, que são, talvez, o único espaço em que não é preciso agendar uma visita e não há tempos de espera”, considera Catarina Dias. A proprietária de vários destes espaços acredita que será ainda possível agir como meio de triagem de doentes, encaminhando aqueles que necessitam de cuidados médicos para o SNS;
  • O professor universitário Afonso Miguel Cavaco concorda que estas são oportunidades que o país deve aproveitar, mas alerta que é preciso ter “evidência de que há um ganho em saúde” com estas medidas. Só assim, acredita, será possível estabelecer protocolos entre as farmácias e o SNS – mas também seguros de saúde e outros subsistemas – para remunerar estes serviços.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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