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Superapp portuguesa de negócios sai do berço

Jon Fath é cofundador e CEO da Rauva, startup que venceu o Tech Innovator in Portugal
Jon Fath é cofundador e CEO da Rauva, startup que venceu o Tech Innovator in Portugal
Tiago Miranda

Tecnologia: chama-se Rauva e é uma startup recém-nascida que quer impactar em mais de 99,9% das PME que operam em território nacional. Promete menos burocracia e mais eficiência. O Expresso é media partner do Global Tech Innovator 2023

Superapp portuguesa de negócios sai do berço

Sara Fevereiro

Jornalista

Se em abril deste ano — mês em que a Rauva foi lançada no mercado — tivessem dito a Jon Fath, o seu CEO e cofundador, que somente três meses depois, em julho, estaria a vencer o Tech Innovator in Portugal e que este feito o levaria a representar o país no maior certame de tecnologia do mundo seguramente que Fath teria dificuldades em acreditar.

Mas como o tempo nem sempre é um fator determinante para o sucesso, o que é certo é que a oportunidade de cruzar fronteiras e mostrar em que consiste o seu negócio acabou por chegar cedo e, após vencer a competição nacional, a Rauva marcará presença no Global Tech Innovator (GTI), ini­ciativa que juntará mais de 20 startups de todo o mundo (ver texto ao lado) que disputarão o título de empresa mais inovadora no ramo tecnológico.

Ganhar a competição portuguesa foi “uma oportunidade para a Rauva se destacar e ser reconhecida pela sua solução inovadora e disruptiva no mercado nacional”, destaca Jon Fath, antes de transmitir a felicidade que lhe traz a sua startup. “Estamos orgulhosos e muitos entusiasmados.”

O Global Tech Innovator, como o próprio nome indica, é uma competição à escala global, que junta os vencedores dos concursos feitos em cada país. “Independentemente do resultado, a oportunidade de partilhar a nossa visão na Web Summit é uma vitória em si e esperamos contribuir para o ecossistema tecnológico em Portugal”, conta o CEO.

A Rauva criou a primeira superapp portuguesa para negócios, dirigida a pequenas e médias empresas (PME) e freelancers, que tem como objetivo tornar o empreendedorismo acessível a todos. A empresa integra vários serviços de gestão empresarial numa única plataforma (daí... superapp). Por exemplo: segundo os próprios, são a única solução integrada em Portugal que permite fazer pagamentos, emitir cartões de débito, enviar faturas em conformidade com a Autoridade Tributária, ter o negócio monitorizado por contabilistas para garantir o total cumprimento dos regulamentos e gerir despesas.

Com esta solução, a startup pretende impactar “mais de 99,9% dos negócios em Portugal” e ajudá-los a manter o seu foco no crescimento e não em questões administrativas e burocráticas. Importante frisar que 99,9% corresponde ao peso das... PME no tecido empresarial nacional.

Quando a Rauva põe os olhos no futuro, os objetivos são claros. “Estamos a trabalhar para que a app inclua também serviços de concessão de crédito, uma área em que se verifica uma acentuada carência no mercado, especialmente para as PME”, explica Jon Fath. Como não existem bancos digitais dedicados a este segmento, a Rauva está a trabalhar para “cons­truir” um para “colmatar esta lacuna e ter um verdadeiro impacto junto destes empreendedores e da economia”, acrescenta o CEO.

Atualmente, estão focados no mercado nacional, mas o desejo é o de expandirem a sua solução por essa Europa fora, em países como Espanha, França, Itália e Grécia.

Empreender não significa prosperar

Mesmo que o empreendedorismo esteja a crescer em Portugal, as pequenas e médias empresas têm sempre mais dificuldade em garantir investimentos do que as de maior dimensão e, mesmo que os investidores sejam cada vez mais, o país ainda está aquém das expectativas a este nível. Para Nasser Sattar, chairman da KPMG Portugal, o empreendedorismo “está no nosso ADN”, mas ainda escasseiam as condições e a promoção das empresas porque “há falta de capital”.

As grandes empresas tecnológicas têm de ter uma “grande capacidade de inovação, endereçando necessidades que ainda não estão preenchidas para camadas grandes da população mundial”, lembra Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisboa. No entanto, há uma questão que diferencia radicalmente as grandes organizações das pequenas e médias empresas: o suporte financeiro. “Todas as empresas tecnológicas globais são cotadas e usam o mercado de capitais para crescerem e para se financiarem”, esclarece Isabel Ucha. É precisamente aqui que reside a importância desta iniciativa, visto que as pequenas organizações “não têm acesso fácil a este reconhecimento”, refere António Dias Martins. “Estes prémios trazem as luzes da ribalta às startups, mostrando aquilo que elas estão a fazer”, acredita o diretor executivo da Startup Portugal.

Os outros 22 finalistas

África Meridional

Match Exchange Plataforma de comércio de mercadorias agrícolas para trabalhadores do sector.

Alemanha

Instagrid Constrói baterias portáteis para substituir geradores a gasolina e diesel.

Arábia Saudita

Netzero Ajuda empresas a reduzir emissões de carbono através de soluções baseadas na natureza.

Austrália

Sapia.ai Chat e plataforma de recrutamento.

Brasil

Pix Force Produtos de inteligência artificial que permitem aos computadores interpretar imagens.

China

Phabuilder Empresa de biotecnologia que cria novas moléculas e materiais químicos.

Colômbia

Bia Energy Plataforma para o sector energético centrada no cliente e orientada por dados.

Dinamarca

HealthyCrop Cria culturas resistentes a infeções fúngicas, utilizando mecanismo de defesa das plantas.

EUA

Reveald Solução que capacita empresas a adotar uma abordagem proativa de segurança cibernética.

Filipinas

Peddlr App de contabilidade digital com a missão de revolucionar os processos tradicionais.

Finlândia

SemiQon Processadores quânticos, poderosos e económicos, que fornecem escalabilidade.

Gana

Motito Solução que dá financiamento alternativo para bens essenciais e permite pagamentos parcelados.

Índia

Lynkit Combina inteligência artificial e outras tecnologias para otimizar cadeia de fornecimento.

Irlanda

Nory Copiloto inteligente de hotelaria, centraliza as operações de um restaurante num único sistema.

Israel

Nanocarry Desenvolve terapias para tratar cancros cerebrais e doenças neurodegenerativas.

Japão

Pale Blue Visa desenvolver um ecossistema espacial seguro para humanos e para o ambiente circundante.

México

Leadsales Acompanhamento automático para que empresas não percam vendas e conversas com clientes.

Países Baixos

inPhocal Tecnologia ótica que permite a marcação (a laser) mais rápida de embalagens.

Reino Unido

Inovus Medical Melhora as cirurgias através de treino e de práticas conectadas com equipamentos.

Suécia

PlasticFri Transformação de resíduos agrícolas em produtos ecológicos para substituir plásticos.

Taiwan

Lypid Faz alimentos alternativos com gordura sustentável, em vez de usar, por exemplo, óleo de palma.

Vietname

DigiMe Soluções assentes em dados de geolocalização que capacitam as empresas a tomar decisões.

Vencedora a 15 de novembro

A finalíssima do Global Tech Innovator (GTI) tem lugar em plena Web Summit — que se realiza mais uma vez em Lisboa —, de 13 a 16 de novembro. O penúltimo dia é o mais esperado por todos os protagonistas do GTI. É quando se saberá qual é a startup vencedora desta competição, que tem como fim encontrar o próximo titã da tecnologia mundial. São 23 finalistas, de vários sectores e de várias partes do globo, que mostrarão qual é o seu negócio através de um pitch que só dura alguns minutos. Na edição anterior, o galardão foi entregue à startup do Reino Unido com o projeto HiiROC, uma solução tecnológica de baixo custo, zero emissões e escalável para a produção de hidrogénio.

Global Tech Innovator 2023

O Expresso é media partner do Global Tech Innovator 2023, terceira edição da competição à escala global para encontrar o futuro líder da inovação tecnológica. Apresentamos nesta página a startup que ganhou a prova nacional e os outros finalistas internacionais da competição organizada pela KPMG e cujo vencedor mundial é conhecido este mês na Web Summit.

Textos originalmente publicados no Expresso de 10 de novembro de 2023

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