As cidades como oportunidade: da habitação ao ambiente passando pela educação
Carlos Oliveira realçou a importância da educação
Rui Duarte Silva
Carlos Oliveira realçou a importância da educação
Rui Duarte Silva
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Melhor educação, fazer da ecologia economia e encarar os atuais problemas de habitação como um sinal positivo foram algumas das linhas de força da conferência dedicada às cidades, que esta sexta-feira decorreu na Universidade do Minho, em Braga no âmbito dos 50 anos do Expresso, com o apoio da Câmara Municipal de Braga
A educação e a necessidade urgente de se adaptar o modelo de ensino à realidade atual e futura marcaram a intervenção de Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves. “Temos um ensino que continua a utilizar metodologias do século XVIII, com professores do século XX para alunos que vão viver no século XXI”, referiu. Para o responsável, as cidades têm um papel importante nesta questão, porque conhecem de perto as necessidades das empresas. Instou também as universidades a chamar os adultos que já estão no mercado de trabalho, com o 12º ano ou cursos profissionais, através de cursos de curta duração.
Pedro Norton de Matos, fundador do Greenfest, colocou a tónica no ambiente e transmitiu a ideia de que cidade e sustentabilidade podem conviver. “Não se pode olhar para a cidade como anti ambiente”, disse. Existem várias soluções baseadas na natureza que permitem às cidades mitigar as alterações climáticas. “A economia circular não tem de ser uma utopia”, referiu, acreditando que esta nas mãos de cada um desperdiçar menos água, menos energia, menos comida. Deixou ainda um novo conceito: a economia devia ser a ecologia, a gestão da casa comum.
O debate prosseguiu no programa da SIC Notícias Expresso da Meia-Noite. Os novos desafios para as cidades na ótica de Fernando Alexandre, economista, Pedro Siza Vieira, advogado e ex-ministro, Ricardo Rio, autarca de Braga e António Brito Guterres, ativista e autor de “Cidade Invisível”. A habitação e a educação dominaram este painel. Uma das questões mais debatidas foi lançada por António Brito Guterres, de como as cidades, como Lisboa, se tornaram mais segregadas, sendo essa uma realidade muito presente nas escolas. A questão da falta de habitação foi encarada por Fernando Alexandre e Pedro Siza Vieira como uma oportunidade: as pessoas querem viver em cidades atrativas, que oferecem qualidade de vida. Foi apontada a necessidade de políticas públicas e de oferta dirigida a diferentes classes sociais.
Principais conclusões
A tecnologia pode ser uma aliada nas soluções amigas do ambiente. Por exemplo, transformando a água do saneamento básico toando-a apta para novas utilizações.
A educação é a chave para criar comunidades mais felizes, com acesso ao conhecimento e a melhores salários. Para que tal aconteça, o modelo de ensino precisa de ser reformulado, adaptando-se aos desafios atuais.
As cidades estão divididas, há mais clivagens, menos conhecimento do outro. Isso é notório na forma como as classes sociais se organizam no ensino, não só na opção pelo ensino privado, mais elitista, mas também dentro da escola pública.