Potencial para produzir mais e chegar aos cidadãos
Privados apostam na tecnologia para oferecerem melhores serviços e estarem mais próximos dos clientes
João Girão
Líderes de várias empresas privadas conversaram sobre a partilha de dados e interação com o Estado, esta quarta-feira, no segundo e último dia das Critical Sessions, promovidas pela consultora Axians e que tiveram o Expresso como media partner
Sofia Coelho
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Como pode a interação entre sector privado e público contribuir para um país mais eficiente? Era este o mote para a conversa, centrada na transformação digital, e uma das palavras-chave foi produtividade. Os líderes de algumas empresas juntaram-se, em Lisboa, no segundo e último dia das Critical Sessions, abordaram a importância da partilha de dados e de o Estado repensar os processos antes de os digitalizar, tornando-se mais célere e flexível na relação com os privados.
“Temos de investir numa visão de interoperabilidade. Criar condições para que a informação possa fluir entre as várias empresas, de forma a reduzir os custos de contexto e melhorar a produtividade. Há um caminho a fazer do lado do Estado, mas também das empresas, porque continua a haver um potencial enorme na transformação digital", sublinha Rogério Henriques, CEO da Fidelidade. Para isso, é “preciso que o Estado repense os processos”, como aponta Pedro Norton, CEO da Finerge, produtora de energia renovável: “Um Estado mais digital é mais eficiente, célere e flexível e facilita a vida às empresas. Mas não vale a pena digitalizar processos maus. É preciso repensá-los primeiro”.
Parcerias de sucesso
Há bons exemplos de partilha de conhecimento e tecnologia entre público e privado: os alunos do ISEG têm projetos na área de inovação em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa e a SIBS oferece soluções utilizadas por entidades privadas e públicas.
“Os alunos estão a colaborar com a Câmara de Lisboa nos seus projetos de inovação e tratamento de dados, na criação de diferentes formas de mobilidade, no impacto ambiental e sustentabilidade. Temos ainda um conjunto de ações com empresas, onde os alunos são expostos a desafios concretos”, explica o professor catedrático do ISEG, João Duque, convidado a lançar o debate, enquanto Madalena Tomé, CEO da SIBS, reconhece a parceria de sucesso. “Temos desenvolvido soluções para apoiar a dinamização e digitalização no sector público. Por exemplo, as licenças de caça e pesca ou os pagamentos ao Estado, que foram desenvolvidos nesta lógica”, diz, sem esquecer que ainda muito há a fazer na literacia digital da população. “Temos de nos preocupar com a inclusão digital. Se os processos forem automatizados e utilizados pelo maior número de pessoas, os tecidos empresarial e económico serão cada vez mais produtivos”.
João Duque, professor Catedrático do ISEG (ao centro), considera a IA "um desafio excelente"
João Girão
IA e “apps”
A inteligência artificial (IA) e as aplicações ("apps") são inovações impossíveis de ignorar na transformação digital. Seguradoras como a Fidelidade ou empresas de prestação de cuidados de saúde como a CUF têm nas respetivas tecnologias uma forma de melhorar a interação com os clientes e a qualidade dos serviços prestados.
“A app MyCUF tem 1 milhão de utilizadores e vão sendo criadas novas funcionalidades, como as teleconsultas ou a monitorização remota, além de recorrermos à Inteligência Artificial na área de imagiologia”, enumera Rui Diniz, presidente executivo da CUF e representante de um sector em que a parceria, mais do que digital, é também presencial, graças à disponibilidade para colaborar com o Ministério da Saúde – recentemente, por exemplo, têm estado disponíveis para realizar partos, quando não há vaga nos hospitais públicos em Lisboa.
Ao nível do ensino, a IA trouxe novidades. “Como instituição de ensino, somos os primeiros a sofrer os impactos da IA no conhecimento e na forma como se aprende. Também somos agentes sofredores dessas ações. É um desafio, mas é excelente”, sublinha João Duque.
Outra preocupação é a cibersegurança, abordada já no final de uma conversa animada. Com uma certeza: os receios da proteção de dados e de ataques informáticos não podem impedir a evolução tecnológica.