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Futuro mais digital: Portugal tem de agir

Futuro mais digital: Portugal tem de agir
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O diagnóstico da digitalização em Portugal está feito. Importa encontrar soluções e “mobilizar para a ação”. É com esse objetivo que a consultora Axians junta responsáveis dos sectores público e privado nos próximos dias 7 e 8 de novembro, nas Critical Sessions, uma iniciativa a que o Expresso se associa como media partner

Sofia Coelho

Portugal pode ser um “País mais eficiente, por via do digital”. Rogério Carapuça confia que tal será uma realidade, desde que todos se mobilizem para concretizar ações que “melhorem as relações digitais entre as empresas, entre empresas e administração pública, entre o Estado e as pessoas e as relações interpessoais”.

O presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), cargo que ocupa desde 2013, e ex-presidente executivo e ‘chairman’ da tecnológica Novabase tem uma vida ligada ao mundo digital e da comunicação, com larga experiência no debate e na implementação de soluções – a APDC promove congressos e diversas ações de discussão, bem como projetos de incentivo à transformação digital. “Devemos sonhar com um País mais eficiente, por via do digital. O digital é uma ferramenta que podemos e devemos usar. Temos de pensar como seria – como será – se concretizarmos um conjunto de soluções ou ações que tornem Portugal melhor. Um País imaginário, mas atingível”, sublinha Rogério Carapuça.

"Devemos sonhar com um País mais eficiente, por via do digital. Temos de pensar como seria – como será – se concretizarmos um conjunto de soluções ou ações que tornem Portugal melhor. Um País imaginário, mas atingível", diz o presidente da APDC, Rogério Carapuça

A União Europeia (UE) considera que Portugal pode e deve acelerar o processo de transição digital e esta é uma das prioridades estratégicas, com 22% do valor total do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destinados à área. No relatório relativo a 2022, apontava-se a existência de desigualdade considerável no acesso à Internet e na literacia digital entre os residentes nas zonas rurais e nas cidades e entre os jovens e a população acima dos 65 anos. E, no total da população portuguesa, apenas 54% tinha competências digitais básicas. Numa altura em que se tenta combater a desinformação, além de ser preciso aprender a usar as tecnologias, é essencial um nível de qualificação que permita filtrar e interpretar o que se torna acessível através delas.

“Temos níveis de literacia digital menores do que gostaríamos. Qualquer projeto que vise aumentar estes níveis será uma boa medida: quer dirigido à população ativa, quer à não ativa, onde se incluem os mais velhos, já reformados, ou aqueles que estão impedidos de trabalhar por doença, e a geração mais jovem”, diz o presidente da APDC, acreditando que, por exemplo, o recuo em algumas medidas que integram a Escola Digital – uma das componentes da parte do financiamento do PRR destinado à transição digital – não é problemático. “É normal que façamos estudos e comparações com a experiência de outros países. Haverá uma altura em que teremos de tomar decisões”, sublinha, partilhando a sua opinião quanto aos manuais escolares: “Há vantagens tanto na utilização de manuais digitais e como de manuais em papel. Penso que, nesta fase, uns não substituem os outros”.

Ainda há margem de progressão nas diversas componentes digitais e só agindo Portugal poderá aumentar a competitividade a nível internacional. “Um dos desafios é o mercado de talento. Tendo como exemplo o trabalho remoto, o que se tem verificado é que é muito difícil reter talento, porque a nossa competitividade salarial não é tão elevada como a dos EUA ou da Alemanha. E é possível trabalhar para esses países a partir do Alentejo ou de Lisboa”, sublinha Carmo Palma, Managing Director da Axians. “Já falámos tanto dos problemas... O PRR está atrasado, há serviços que não funcionam - é verdade. Mas o diagnóstico está feito. Julgo que temos de nos centrar no que podemos fazer”.

€2,5 mil milhões

é o valor do Plano de Recuperação e Resiliência destinado à Transição Digital

É preciso agir: apresentar soluções, novas ideias e mobilizar o sector público e o privado. Com esse objetivo, a consultora Axians promove sessões de reflexão e debate, tendo o Expresso como media partner. “Se, no final, houver alguma ação nova, será uma mais-valia. O que estamos a fazer, o que pode funcionar, o que permite desbloquear situações face aos desafios que temos? Estamos num momento único, com dinheiro e capacidade de investimento. É necessário mobilizar para a ação”, aponta Carmo Palma, reconhecendo que a cibersegurança é outro dos temas que tem de estar em cima da mesa quando se conversa sobre a digitalização. “É uma área em que Portugal tem de estar preparado, a nível público e privado. Existe a questão da proteção de dados, os ataques que têm acontecido... É importantíssimo”.

O que é?

Critical Sessions é um evento anual exclusivo organizado pela Axians Portugal, a que o Expresso se associa como media partner, focado no futuro sustentável dos serviços e no seu impacto na sociedade. Todos os anos, um grupo de pessoas influentes é convidado a debater o impacto tecnológico, económico e social dos serviços, negócios e indústrias rumo a um futuro mais digital e eficiente. Nesta 3.ª edição, o tema é “Um País Mais Digital, Um País Mais Eficiente - Melhorar o Futuro com o Estado e as Empresas”.

Quando, onde e a que horas?

Nos dias 7 e 8 de novembro, respetivamente terça e quarta-feira da próxima semana, à porta fechada, no edifício Axians Creative Workplace, na Avenida da República, em Lisboa, às 12h30.

Porque é que este evento é importante?

O Plano de Recuperação de Resiliência tem de ser implementado até ao final de 2026, um prazo que muitos consideram difícil de cumprir em Portugal devido aos atrasos na sua execução. Neste momento, há uma urgência em avançar com os projetos e aproveitar os fundos disponibilizados da forma mais eficiente possível. O objetivo deste debate é encontrar as melhores soluções de investimento e desenvolvimento do País, neste caso, na área da digitalização. Desbloquear e acelerar o processo, criando a mobilização e ação dos líderes nas empresas estatais e privadas é o objetivo.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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