Projetos Expresso

Competências digitais reforçam oportunidades de emprego

Portugal pode dar um grande salto de qualificação se tirar partido do potencial do digital, e especialmente da Inteligência Artificial, acredita Paulo Nuno Vicente, do iNOVA Media Lab (à esquerda do moderador)
Portugal pode dar um grande salto de qualificação se tirar partido do potencial do digital, e especialmente da Inteligência Artificial, acredita Paulo Nuno Vicente, do iNOVA Media Lab (à esquerda do moderador)
Rui Oliveira

Estudo da Google estima aumento de 5% no PIB com massificação da Inteligência Artificial na sociedade e nas empresas. Literacia digital potencia qualificação da população e pode contribuir para colmatar a escassez de talento especializado e para tornar o país mais competitivo

Fátima Ferrão

Loading...

Portugal pode dar um grande salto de qualificação se tirar partido do potencial do digital, e especialmente da inteligência artificial (IA). O risco, alerta Paulo Nuno Vicente, “é o agravamento das desigualdades digitais”. O professor e coordenador do iNOVA Media Lab, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), um dos participantes no debate integrado no Fórum das Competências Digitais, que teve ontem lugar na Super Bock Arena, no Porto, defende que “é preciso intervir” para que tal não aconteça.

Organizado pela iniciativa Portugal INCoDe 2030, o Fórum que encerrou o Mês da Competências Digitais, e ao qual o Expresso se associou como media partner, serviu de palco ao lançamento do Mapa Nacional de Iniciativas de Capacitação Digital, um projeto que inclui mais de 1200 ações de capacitação digital em todo o país (que podem ser consultadas AQUI), a maioria disponível de forma gratuita, mas também de balanço a um conjunto de iniciativas nacionais, casos e resultados de boas práticas. Estes projetos, integrados na estratégia digital do Governo, têm como um dos pilares estratégicos a inclusão e a capacitação, duas faces da mesma moeda, cuja meta é “a valorização da competência global do país”, como referiu Mário Campolargo, secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, que encerrou a manhã de trabalho.

Este é, no entanto, um caminho que o país terá que percorrer ao longo dos próximos anos, disse Maria Manuel Leitão Marques. A diretora do Fórum para as Competências Digitais, que deixou uma mensagem gravada à plateia, reforçou a importância da literacia digital e das competências digitais básicas chegarem a toda a população. “Faz parte da estratégia de inclusão e é essencial para todos”. Em paralelo, disse ainda a eurodeputada, “o país precisa de reforçar a qualificação e requalificação de talentos de forma a estar preparado para enfrentar os desafios da digitalização, entre os quais a introdução da IA, prevenindo o desemprego”.

O aumento da qualificação permitirá igualmente reduzir o impacto da falta de recursos humanos especializados, um desafio que não é unicamente nacional, mas que, nas palavras de Arlindo Oliveira, “abre oportunidades a Portugal”. O coordenador geral das estratégias de dados, IA e web 3.0, keynote speakerneste fórum, destacou também o papel e o impacto que a IA poderá ter numa sociedade e numa economia mais qualificada. De acordo com um estudo do Google, que cita, estima-se que o PIB nacional possa crescer 5% com a introdução massificada da IA, contribuindo para um aumento de produtividade e de valor acrescentado.

Maria Manuel Leitão Marques lembra a importância das competências digitais para a inclusão
Rui Oliveira

Um mês a tratar o digital por tu

Pelo segundo ano consecutivo, celebrou-se, em outubro, o Mês das Competências Digitais, uma iniciativa do Governo, materializada por um conjunto de ações, junto de escolas e da sociedade civil, que visam promover a importância do digital na vida, na formação e no emprego. Sob o mote #tratarodigitalportu, o objetivo foi sensibilizar a população para os benefícios da capacitação digital, reforçando o conhecimento que permitirá “proteger-nos da desinformação que mina a democracia, mas também contra os vícios dos jogos online ou do bullying infantil”, disse Mário Campolargo. Por outro lado, acrescentou o secretário de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa, “a iniciativa dá lugar a novas formas de trabalho, novas profissões e produtos inovadores”.

Também Miguel Fontes, elencou, durante a sua intervenção no Fórum das Competências Digitais, algumas destas iniciativas, como Emprego +Digital, que visa promover a literacia básica alinhada com os desafios do futuro, “garantindo que ninguém fica para trás”. “Seja pouco ou nenhum o emprego do futuro deverá ser dividido de forma equitativa entre todos”, salientou o secretário de Estado do Trabalho. Entre outras iniciativas, o governante lembrou ainda programas como o Formador +Digital, que prevê o alargamento do número de formadores capacitados para trabalhar estas temáticas, ou o Líder +Digital, dirigido aos responsáveis de empresas que possam ser pivots na sociedade para dinamizar a transição digital nas organizações.

Luísa Ribeiro Lopes, coordenadora geral do INCoDe 2030, lembrou igualmente os programas como o Jovem +Digital, cuja meta era chegar a 15 mil jovens até 2025, mas que atingiu os 20 mil já este ano; o Eu Sou Digital, que coloca jovens a ensinar competências digitais a adultos e que conta já com 6 mil mentores e 13 mil pessoas formadas; ou o Engenheiras por Um Dia, que procura motivar jovens raparigas para a formação nas áreas da engenharia e que já impactou 19 mil pessoas. A par destes, a responsável do INCoDe 2030, recorda que o programa Upskill, que visa requalificar profissionais de diferentes formações para trabalhar em áreas tecnológicas, já está a iniciar a sua terceira edição, tendo formado 1200 pessoas, com o apoio de algumas universidades e politécnicos, e das mais de 30 empresas parceiras. “As competências digitais serão essenciais mesmo para profissões do futuro não digitais”, alertou.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate