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Reduzir burocracia é passo essencial para atrair mais investimento

Manuel Tovar (The Loop Company), Ricardo Cabral (Spotlite), Carla Duarte (Instituto Pedro Nunes), Heitor Benfeito (Critical Ventures) e Filipe Castanheira (ActiveSpace) debateram sobre o "potencial" do ecossistema tecnológico em Coimbra para atrair investimento
Manuel Tovar (The Loop Company), Ricardo Cabral (Spotlite), Carla Duarte (Instituto Pedro Nunes), Heitor Benfeito (Critical Ventures) e Filipe Castanheira (ActiveSpace) debateram sobre o "potencial" do ecossistema tecnológico em Coimbra para atrair investimento
Rui Oliveira

Garantir tempos de resposta mais rápidos aos pedidos de licenciamento é um exemplo de como as autarquias podem trabalhar para captar novas empresas para as suas regiões. No segundo dia do Coimbra Invest Summit, que decorre na cidade até sexta-feira com o Expresso como media partner, agilidade foi a palavra mais repetida

São três os ingredientes que as empresas tipicamente procuram numa região antes de decidir se querem ou não investir: acesso ao talento, rapidez nos processos administrativos com as autarquias e fortes ecossistemas de inovação. Esta é uma das principais conclusões do segundo dia do Coimbra Invest Summit, uma iniciativa da Câmara Municipal de Coimbra a que o Expresso se associa como media partner, e que decorre até esta sexta-feira no Convento São Francisco.

“Para as startups, tudo o que tiver a ver com redução da burocracia é importante”, assegura Heitor Benfeito, líder da Critical Ventures. Apostada em investir em novas ideias com potencial tem sido a estratégia da empresa portuguesa, que olha para Coimbra como a base para o seu crescimento, mas pede menos “fricção” entre empresários e instituições públicas.

O painel "Coimbra, the right place to be" juntou Miguel Fonseca (Câmara Municipal de Coimbra), Luís Saraiva Silva (Universidade de Coimbra), Ricardo Lopes (iParque), Sara Proença (Instituto Politécnico de Coimbra) e João Gabriel Silva (Instituto Pedro Nunes)
Rui Oliveira

A maior celeridade nos processos de autorização dependentes das autarquias revela-se particularmente importante quando, como destaca Manuel Tovar, cidades como a da mais antiga universidade portuguesa pretendem atrair investimento industrial. O sócio fundador da The Loop Company, focada na economia circular e na sustentabilidade no retalho, considera importante “retirar os obstáculos possíveis no licenciamento de obras”.

Captar projetos industriais é, aliás, um objetivo assumido esta quinta-feira pelo presidente do município, José Manuel Silva, que reconhece a dificuldade em dar resposta atempada aos pedidos dos empreendedores. O autarca garante, porém, que o executivo está a trabalhar para melhorar a relação com as empresas. “Queremos criar novas áreas industriais para os empresários estarem preparados para se instalarem ontem”, sublinha. Reforçar os clusters da tecnologia e da saúde é, também, uma prioridade.

Uma das formas para resolver os desafios burocráticos passa, assinala o vereador da câmara municipal de Coimbra, Miguel Fonseca, pela criação de “uma via rápida para o investimento com um tratamento agilizado nos seus procedimentos”, a par de uma aposta na “reconversão de edifícios” no centro histórico para albergar novas empresas e rever o sistema de incentivos municipais ao investimento. “Desde o ano passado que implementámos uma política fiscal amiga das empresas e das famílias”, diz, dando como exemplo a redução do valor da derrama municipal.

O Coimbra Invest Summit prossegue os trabalhos até sexta-feira, dia 29, com vários painéis de debate sobre financiamento, oportunidades e desafios de crescimento. Em paralelo, o evento inclui uma mostra de empresas para dar a conhecer o potencial de clusters como o da tecnologia e da saúde na região.

Conheça algumas das principais conclusões:

Academia e empresas devem dialogar mais

  • A transferência de conhecimento da academia para a economia real é um desafio comum a grande parte do sistema de ensino superior no país. Segundo Luís Saraiva, coordenador desta área na Universidade de Coimbra, a instituição tem procurado estar mais perto das organizações e apoiá-las nos seus processos de inovação, tendo já faturado €8 milhões em prestação de serviços para pequenas e médias empresas;
  • “Nestes tempos da economia do conhecimento, as universidades têm de estar ao dispor da comunidade”, acrescenta. Vale a pena assinalar que a histórica instituição participa em duas dezenas de agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência, para as quais contribui “com a sua inovação e tecnologia”;
  • A mesma abertura à colaboração tem Sara Proença, diretora do INOPOL – Academia de Empreendedorismo, que admite, no entanto, dificuldades nesta relação. “O tempo das instituições do ensino superior nem sempre se coaduna com o tempo das empresas. Esse é um aspeto que temos de trabalhar para nos aproximarmos das vossas [empresas] exigências em termos de tempos de resposta”, aponta.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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