Sustentabilidade passa por uma melhor gestão das florestas
João Paulo Catarino prometeu várias medidas governativas para as florestas no arranque da conferência
José Fernandes
João Paulo Catarino prometeu várias medidas governativas para as florestas no arranque da conferência
José Fernandes
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No evento "Florestas plantadas: respostas ambientais, sociais e económicas”, promovido pela Navigator, tendo o Expresso como media partner, o papel das florestas na valorização de recursos e o que falta fazer para atingirem o seu potencial estiveram em destaque
Na data (25 de setembro) em que se celebra o primeiro Dia Nacional da Sustentabilidade, a hora é de reconhecimento do papel fulcral das florestas na proteção ambiental e o potencial na criação de recursos, mas também do muito trabalho que falta fazer para que este ativo não seja desperdiçado.
Entre mitos e políticas inconsistentes que prejudicam a incorporação de uma estratégia de longo prazo, os especialistas presentes na conferência "Florestas plantadas: respostas ambientais, sociais e económicas”, promovido pela Navigator, tendo o Expresso como media partner, apontaram vários problemas no tecido florestal português além de possíveis soluções e caminhos para dar novo ímpeto à valorização do território natural.
Os debates contaram com a participação de João Paulo Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas; Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Joana Faria, secretária executiva do FSC Portugal; Margarida Tomé, professora catedrática do Instituto Superior de Agronomia; Maria de Jesus Fernandes, bastonária da Ordem dos Biólogos; Luís Sarabando, presidente do PEFC - Programa para o Reconhecimento dos Esquemas de Certificação Florestal; António Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha; Luís Filipe Rodrigues, vice-presidente da Câmara Municipal de Mortágua; João Baeta Henriques, promotor AIGP da Alvares; Fernando Mascarenhas, partner advisory da KPMG; Carlos Elavai, managing director & partner da BCG; Conceição Santos Silva, secretária-geral da UNAC - União da Floresta Mediterrânica; Bruno Brandão, diretor financeiro da Unimadeiras; Luís Damas, presidente da Federação Nacional das Associações de Produtores Florestai; António Redondo, CEO da The Navigator Company; e Pedro Cilínio, secretário de Estado da Economia.
Conheça as principais conclusões do evento.
Valorização da sustentabilidade
"Falar de florestas é falar de sustentabilidade", aponta João Paulo Catarino.
Para isso é preciso criar condições para que os produtores e proprietários florestais possam investir e garantir que as florestas plantadas (que representam a quase totalidade do território florestal em Portugal) contribuem para a biodiversidade ambiental.
“Consumidor está mais consciente para o impacto que a gestão florestal pode ter no mundo”, garante Joana Faria.
Na opinião de Maria de Jesus Fernandes, “ecossistemas diferentes potenciam de forma diferente a biodiversidade”.
Impacto social
Temos que “pensar como aumentar a atratividade da floresta”, acredita Fernando Mascarenhas.
Só assim é possível que a floresta tenho um impacto positivo junto das populações, sobretudo em zonas rurais em que muitas vezes as oportunidades económicas escasseiam.
Falta atrair mais talento e fazer não só com que mais pessoas se interessem pela gestão florestal mas também que os proprietários percebam a vantagem de juntarem as suas propriedades.
“Nós temos um problema de dimensão de propriedade”, resume António Loureiro.
Para João Baeta Henriques “faltam efetivamente ações no terreno”.
Oportunidades económicas
Se entendemos a “floresta como património público e ambiental, tem que haver fundos públicos” para a defender, resume Carlos Elavai.
Segundo Luís Damas, “quem investe numa área plantada tem que se assegurar” que o crescimento é correto para evitar que o terreno fique ao abandono e represente ao mesmo tempo um risco acrescido de incêndio e um desperdício económico.
Por outro lado, os apoios que existem demoram muito tempo a chegar e os produtores admitem que a inação é a melhor forma de ação perante os custos e a lentidão da burocracia.
“O arranque do PRR foi difícil, mas diria que 2024 vai ser o ano da execução de projetos ligados às fileiras florestais”, acrescenta Conceição Santos Silva.
Sem esquecer que “descarbonizar é ser mais competitivo nos mercados internacionais”, defende Pedro Cilínio.