O turismo cresceu 44% na região e é uma das novas dinâmicas de um distrito com grande força industrial, o terceiro exportador a nível nacional. Um conjunto de temas que, a par do PRR e das novas dinâmicas que se anunciam com o alargamento da UE, alimentaram a conferência dos 50 anos do Expresso com o apoio da Câmara Municipal de Aveiro
Marina Almeida
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O debate tinha Aveiro e os seus desafios de crescimento no centro, mas numa era global e num distrito com grande força de exportação, as ideias saltaram fronteiras com um dos grandes desígnios a passar por reter talentos no país e outro por tornar a indústria apelativa. As boas notícias chegam do sector do turismo, que disparou na região. Estas são algumas das conclusões da mais recente conferência dos 50 anos do Expresso, que desta feita contou com o apoio da Câmara Municipal de Aveiro sob o tema"Crescimento, Inovação, Exportação” e que decorreu esta quinta-feira.
Raul Almeida, presidente do Turismo do Centro, sustentou os dados ao mostrar que entre 2017 e 2022 o turismo na região aumentou 44%, beneficiando da guerra na Europa – “as pessoas procuram um porto seguro”. A ria de Aveiro é o principal atrativo, sustentado por congressos, festivais e até a candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura (apesar de ter perdido para Évora, vai canalizar alguns desses recursos e será capital nacional da Cultura em 2024). Aveiro vai receber também o primeiro hotel de cinco estrelas e viu aumentar o alojamento local de 30 para 2500 camas em dez anos. Um salto saudado pelo presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Ribau Esteves: “estes investimentos foram um importante capital para o investimento que fizemos no turismo”.
Ana Paula Roque, da Revigrés, salientou a importância da indústria cerâmica na região e no país e trouxe ao debate a importância de reter os jovens licenciados no país, por um lado, e de os atrair para a indústria, tornando-a “sexy”. A ligação entre as empresas e a universidade foi outro ponto importante, com a empresária a reforçar a ligação com a Universidade de Aveiro, ao afirmar que há uma “taxa de retenção elevada” dos jovens que fazem estágios nas empresas. Disse ainda que é importante potenciar o ensino profissional e as bolsas de doutoramento em empresas.
Já o embaixador António Martins da Cruz juntou uma perspetiva global à análise local. Chamou a atenção para a importância da China no jogo económico mundial e defendeu que Portugal tem de olhar para este país beneficiando do facto de “ter uma plataforma que os outros países não têm, que é Macau”. Perspetivou o alargamento da União Europeia aos países de leste bem como a alteração dos fluxos de financiamento de Bruxelas e realçou a importância da diplomacia na negociação destas dinâmicas: “Os fundos estruturais foram essenciais para a coesão económica em Portugal”, acentuou.
Margarida Cardoso moderou debate sobre desafios para Aveiro, com a participação de Jorge Brandão, António Martins da Cruz, Raul Almeida e Ana Paula Roque
De fundos e investimentos falou Jorge Brandão, da CCDR Centro, com a garantira que “a região de Aveiro é um território que beneficia fortemente dos fundos europeus”. Tem um tecido empresarial forte que tem capacidade de absorver fundos “e realizar processos de transformação nas estruturas produtivas”. Um trabalho que importa prosseguir, com a articulação entre o município, as empresas, a universidade e os institutos, acentuou.
O Centro de Congressos de Aveiro recebeu depois o programa da SIC Expresso da Meia Noite, que se focou no balanço do PRR – a “bazuca”. O painel foi constituído pelo secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes; a presidente do Banco de Fomento, Celeste Hagatong; o diretor da Faculdade de Economia do Porto, Óscar Afonso; e o autarca de Aveiro. A presidente do Banco de Fomento referiu que mil milhões de euros de projetos já foram aprovados, dizendo que houve um trabalho prévio de informação pelo país: “As nossas empresas não estão habituadas a este tipo de fundos”. O programa passa esta sexta-feira na SIC Notícias a partir das 23h00.
Principais ideias da conferência:
Comércio externo enfrenta desafios – A China, como grande player mundial, e a abertura da União Europeia aos países de leste deve ser preparada sob pena de Portugal perder fundos europeus.
A Ria de Aveiro é um valor – o turismo assenta neste “produto”, um recurso natural da região que deverá ser promovido, mas também preservado.
Reter talentos é urgente – travar a emigração de jovens é um dos pontos essenciais de uma região e de um país que se querem competitivos. Em paralelo, tornar a indústria apetecível para atrair mais jovens, potenciar o ensino profissional e as bolsas de doutoramento em meio empresarial.
Crescer é inovar – Aveiro tem uma forte componente de inovação no tecido empresarial e é vital continuar a canalizar o investimento para criar patamares elevados de tecnologia nas empresas.