O que o levou a criar uma empresa Brasil após tirar o curso e não entrar logo à partida na empresa da sua família?
Na génese da Brasmar esteve uma exploração de camarão de aquicultura que a minha família tinha no Brasil. Ao sair da faculdade, decidi que pretendia trilhar o meu próprio percurso e, ao invés de entrar na empresa familiar, decidi criar uma empresa de importação e distribuição do camarão produzido nessa exploração. Como acontece a muitos empreendedores, o projeto falhou após um ano. Mais tarde, através da aquisição de uma pequena empresa do sector do pescado congelado, retomei o projeto, agora com uma visão mais clara para o desenvolvimento do negócio. A minha grande influência foi o meu pai, um modelo de self made man que, tendo origens humildes, ambicionou ter um projeto empresarial, assente em princípios sólidos de seriedade, humildade e muito trabalho.
Só assim é que é possível enfrentar as adversidades inerentes ao negócio?
Em 2010, quando assumi a liderança do grupo, o contexto macroeconómico não era o mais favorável. A Metalogalva estava exposta em mais de 93% ao mercado português, o qual começava a entrar em retração profunda, estando a banca com dificuldades em apoiar as empresas. Foi um momento crítico em que reformulámos a estratégia, apostando na internacionalização, na modernização e automatização de processos produtivos. Foram anos desafiantes e de grande exigência, mas, com uma grande equipa a meu lado, e tanto na Metalogalva como na Brasmar fomos capazes de superar as adversidades. Saímos mais fortes com os alicerces preparados para o forte crescimento que se verificou nos últimos anos.
É necessário mudar mentalidades em Portugal e desenvolver apoios mais consistentes ao empreendedorismo?
Mais do que apoio ou reconhecimento ao empreendedorismo, é necessário que o país funcione e não cause entraves a quem tem vontade de investir e desenvolver os seus negócios. É necessário que a justiça seja célere e efetiva, que os sistemas de saúde e de educação funcionem, que a carga fiscal sobre o rendimento do trabalho seja aliviada e que haja uma desburocratização da administração pública.
Mas estar entre estes seis finalistas é significativo para si?
É o reconhecimento de um trajeto empresarial, iniciado há mais de 20 anos, primeiro com a criação e desenvolvimento da Brasmar e, mais tarde, ao assumir a liderança do Grupo Vigent e subsequente reposicionamento estrategicamente a Metalogalva. Estendo este reconhecimento aos fundadores do grupo – o meu pai e o meu tio – que há 50 lançaram as bases deste projeto empresarial, bem como a todos os colaboradores que contribuíram ao longo dos anos para o desenvolvimento sustentado do grupo.
E os próximos passos?
Queremos continuar a criar valor nas várias áreas de negócios em que operamos, prosperando com os nossos colaboradores e parceiros de negócios. Os planos também passam por apoiar ativamente os empreendedores portugueses através da Point Capital Partners, uma sociedade de capital de risco em que o Grupo Vigent participa, apoiando-os em processos de transformação, crescimento e expansão internacional.
A vida em três atos
Música favorita
“Tudo o que eu te dou”, de Pedro Abrunhosa.
Objeto de que não abdica no dia a dia
“iPad”.
Citação favorita
O slogan do Vigent Group, “Prospering Together”, que em português significa “prosperando juntos”.
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