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"Estamos apenas no início para alcançarmos a nossa missão de sermos a melhor empresa de talento tecnológico na Europa"

"Estamos apenas no início para alcançarmos a nossa missão de sermos a melhor empresa de talento tecnológico na Europa"
D.R.

João Magalhães é o co-fundador da Code for All e um dos seis finalistas da 9ª edição em Portugal do EY Entrepreneur of the Year, a que o Expresso se associa. É a quinta das seis entrevistas que estamos a publicar ao longo do mês de junho com cada um dos escolhidos na antecâmara do decisão final que será conhecida a 29 de junho. Até lá saiba mais sobre os nomeados e o prémio

"Estamos apenas no início para alcançarmos a nossa missão de sermos a melhor empresa de talento tecnológico na Europa"

Tiago Oliveira

Jornalista

O que significa para si estar dentro deste lote de seis finalistas?

A nível pessoal é um orgulho enorme estar a receber esta nomeação. É um selo de confiança para toda a equipa da Code for All, que deve estar orgulhada e confiante de que estamos no caminho certo para o queremos ainda conquistar. Estamos ainda orgulhosos do nosso impacto, refletido através das vidas que ajudámos a mudar, na possibilidade que demos a crianças de terem um futuro melhor e a empresas de terem acesso a talento Tech qualificado. Além disso, esta nomeação vem reconhecer o nosso crescimento, e a nossa criação de valor e, claro, a nossa equipa, que ao longo destes anos têm trabalhado para a conquista dos nossos objetivos. Por tudo isto, esta é mais uma validação de que estamos a construir uma grande empresa e de futuro. É ainda a confirmação de que é possível criar uma organização ambiciosa e de escala, com muito impacto e criar valor ao mesmo tempo.

Ao longo dos anos, temos visto a nossa entidade a ser distinguida a nível internacional, por exemplo, como Best For The World na categoria “Customers” da organização B Corp, fomos refrerenciados no livro Adventure Finance de uma professora de Oxford que estuda negócios de impacto com sucesso; ganhámos o prémio do Financial Times: Top 100 Europe’s Road to Growth em 2019, fomos nomeados pela Comissão Europeia nos Digital Skills Awards em 2016. Estar entre os seis finalistas deste prémio é a nossa maior distinção até à data em Portugal.

O que o levou a escolher esta área?

Desde sempre que a criação e desenvolvimento de organizações foi uma grande paixão. No entanto, nos empregos que tive antes da Code For All, trabalhei com empresas, fundadores, investidores e mesmo governos. Estas experiências, apesar de enriquecedoras, passaram-me também a vontade de empreender e criar. Por tudo isto, quando senti que tinha a oportunidade certa para criar algo com impacto e de raiz, assim o fiz. Ao longo do meu percurso, entre as minhas várias influências, destaco Ronald Cohen - Pai do Investimento Social e do Empreendimento Social, ao ser o primeiro a falar de empresas que combinam lucro e impacto. Também acompanho empreendedores em Portugal e a nível internacional, mas as principais influências foram das pessoas com quem interagi, com quem estudei, trabalhei, família, e das que mais me impactaram. Muitas vezes são os próprios alunos que passaram pelo bootcamp de Academia de Código - alguns que mudaram completamente de vida com uma perseverança inacreditável – que me dão inspiração.

Quais foram as maiores dificuldades e desafios que teve que enfrentar ao longo do seu percurso?

Foram vários os desafios ao longo dos anos. Em primeiro lugar, foi desafiante sermos pioneiros neste formato de empresa em Portugal: focado no lucro e no impacto. Por outro lado, inicialmente enfrentámos o desafio de dar confiança às empresas para recrutarem alunos da Academia de Código, mostrando a nossa qualidade de ensino. Quando nascemos, o conceito que criámos de um curso intensivo e imersivo para ajudar pessoas a mudarem de vida e a trabalharem na indústria da tecnologia era ainda inexistente, o que tornou esta realidade ainda mais desafiante. Noutra vertente, destaco os primeiros passos da Ubbu, a nossa plataforma que introduz o ensino da programação às crianças. Tentar fazê-lo em escolas sem internet e computadores, bem como sem qualquer orçamento para esta temática, foi um processo que exigiu muito esforço e dedicação. Por fim, destaco o desafio de atrair o melhor talento para a organização e de estabelecer e encontrar uma cultura própria, que conseguisse equilibrar a nossa ambição e perspetivas de crescimento com o nosso propósito e impacto. Acredito que isso tem vindo a ser conseguido, algo que muito me orgulha.

Em Portugal dá-se o apoio necessário e o reconhecimento devido ao empreendedorismo?

Acredito que mais do que dar apoio, temos de dar as condições para quem empreende. O reconhecimento que é dado atualmente ao empreendedorismo está relacionado com a maturidade do nosso ecossistema. Em Portugal, o ecossistema empreendedor é recente: para termos uma ideia, passámos dos 4% de proprietários e empreendedores em 2004 para 15% em 2020 (pessoas entre os 18 e os 64). Nos últimos anos as rondas de financiamento ficaram mais comuns, deu-se o aparecimento dos primeiros unicórnios, temos de milhares de pessoas a trabalhar em startups, já temos grandes fundos internacionais a investir. Foram ainda muitos os empreendedores que começaram a trabalhar em tech start-ups e que mais tarde fundaram a sua própria empresa. Para dar um novo impulso em reconhecimento e na maturidade ao ecossistema faltam ainda fundadores de empresas de sucesso e com dimensão que vendam o seu negócio para depois reinvestirem noutras startups e se dedicarem a ajudar outros empreendedores quer com capital, quer com conhecimento e experiência.

Que planos tem para o futuro?

Estamos apenas no início para alcançarmos a nossa missão de sermos a melhor empresa de talento tecnológico na Europa e criarmos o melhor ecossistema de talento no continente. Temos mais de 1.700 alunos que mudaram as suas vidas connosco e que são hoje profissionais altamente qualificados e a trabalhar na área tecnológica. São já 250.000 crianças que aprenderam a programar com a Ubbu e estes são números que queremos continuar a ver evoluir. Queremos que este ecossistema de talento que construímos a partir de Portugal se possa alargar a outros países. Já temos alunos que vêm de fora para fazer os nossos cursos, alunos da nossa comunidade que vão para fora e trabalham para os melhores na indústria da tecnologia. Por outro lado, trabalhamos já com empresas nos EUA, Canada, Holanda, Suécia e Israel, mas queremos alargar e liderar na Europa.

A vida em três atos

Música favorita

Todos os anos escolho uma, pelo para este efeito selecionei aquela que me acompanha desde que me lembro e que irá continuar a acompanhar. O tema chama-se “Is This Love”, do Bob Marley.

Objeto de que não abdica no dia a dia

Trabalho em tecnologia e para a tecnologia, mas não posso abdicar de um bloco de notas e de uma caneta.

Citação favorita

“A forma como lidamos com quase tudo o que nos acontece na vida vai ditar se é sorte ou azar”. Esta é uma frase do meu pai, também João Magalhães, e que desde sempre me marcou.

O que precisa de saber sobre o EY Entrepreneur of the Year

  • Com arranque nos EUA em 1986, o EY Entrepreneur of the Year já se realizou em mais de 60 países,com um total aproximado de 10 mil candidaturas. Em Portugal,esta é a 9ª edição.
  • Guy Villax, António Rios de Amorim, Dionísio Pestana ou Belmiro de Azevedo são alguns dos vencedores portugueses.
  • Líderes como Jeff Bezos,da Amazon, Howard Schultz,da Starbucks, Michael Dell,da Dell Computer Corporation,ou Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, são alguns dos mais destacados vencedores internacionais.
  • A seleção foi resultado de um processo que combinou a recolha de informação com uma entrevista pessoal com o empreendedor, realizada por uma equipa sénior da EY. A informação foi então integrada num dossier sobre cada candidato e entregue ao júri, encabeçado por António Horta Osório, para definir os seis finalistas entre todos os candidatos.
  • Os principais critérios para avaliação do empreendedor são: propósito, crescimento, espírito empreendedor e impacto.
  • Após nova reunião do júri para chegar ao veredicto final, o grande vencedor será conhecido numa gala a realizar a 29 de junho.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

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